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sábado, 28/06/2025 | Ano | Nº 5999
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Plano de fuga motivou vinda para AL

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| LUIZA BARREIROS Repórter A descoberta de um plano para seqüestrar o filho de um dos delegados federais de Santa Catarina foi um dos principais motivos que causaram a transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para Alagoas, no último sábado. A informação da existência do plano de seqüestro foi divulgada pela Polícia Federal em Florianópolis na última terça-feira. De acordo com reportagem publicada na edição de ontem do jornal Diário Catarinense, parceiros de Beira-Mar montaram um plano para seqüestrar o filho de um dos delegados para trocá-lo pela liberdade do traficante. Os nomes do delegado e de seu filho foram mantidos em sigilo. Segundo a PF de Santa Catarina, o plano de seqüestro foi descoberto pelo núcleo de inteligência da PF que monitorava membros da quadrilha do traficante. A descoberta ocorreu por escutas telefônicas. O delegado que teria o filho seqüestrado disse ao Diário Catarinense que o risco [de seqüestro de um familiar] é inerente à sua atividade. ?Mas essa não foi uma experiência agradável. Procurei me manter tranqüilo porque, do contrário, não conseguiria mais trabalhar?, contou ele. O policial escondeu do filho o plano de seqüestro. Também não contou nada à esposa sobre o assunto. Preferiu guardar segredo para evitar que ficassem preocupados. ?A transferência do Beira-Mar foi um alívio muito grande para todos aqui [na PF de Florianópolis]. Para mim, especialmente, foi um alívio muito grande?, afirmou o delegado que seria alvo do seqüestro. RESGATE Fernandinho Beira-Mar ficou preso na Superintendência da PF de Florianópolis de 7 de outubro a 26 de novembro, quando veio para Maceió. No início de novembro, a PF de Mato Grosso do Sul descobriu que parceiros de Beira-Mar pretendiam resgatá-lo da capital catarinense, até a terceira semana de novembro. O plano de resgate seria montado pelas organizações criminosas Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Como os planos demorariam cerca de três meses para ser montados, a estratégia tem sido a remoção constante do preso. Desde quando foi preso, na Colômbia, em 2001, o megatraficante passou por Brasília, Rio de Janeiro, Presidente Bernardes (SP), Maceió, voltou para Presidente Bernardes ? considerado o presídio mais rigoroso do país ?, de onde saiu com destino a Brasília. De lá foi para Florianópolis. E agora, Maceió. ### Governo de SC pediu remoção ao STF A insatisfação da população de Florianópolis com a presença de Fernandinho Beira-Mar no Estado levou o governo de Santa Catarina a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar tirá-lo do Estado. Numa Ação Civil Pública ajuizada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE-SC) foi pedida a imediata transferência do traficante para um estabelecimento penal de segurança máxima nos moldes da Penitenciária de Presidente Bernardes, em São Paulo. A remoção, entretanto, não seria resultado dessa iniciativa. A remoção, entretanto, não foi resultado dessa iniciativa. A ação foi ajuizada no dia 21 e não chegou a ser analisada pelo STF, já que, coincidência ou não, cinco dias depois, Beira-Mar deixou Florianópolis. Como perdeu o objeto, será arquivada e não criará precedente sobre a legalidade das transferências constantes a que Beira-Mar é submetido. Fundamentos O principal fundamento da ação ajuizada pelo governo de Santa Catarina foi o de que, de acordo com a Lei das Execuções Penais, Beira-Mar deveria estar cumprindo sua pena em penitenciária de segurança máxima, no regime disciplinar diferenciado, e não na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal. Segundo o procurador de Estado Leandro Zanini, que preparou a ação, a permanência de Beira-Mar na superintendência da PF era ilegal por não ser o local apropriado para guarda de um preso com condenação transitada em julgado. ?A carceragem da PF é um local para presos provisórios?, explicou. Na ação, o governo de SC ainda alegou que haveria grave risco de segurança para a população de Florianópolis. ?É notório que se trata do preso mais perigoso do País, e a sede da PF, além de não ser de segurança máxima, está localizada na Avenida Beira-Mar, que é a mais movimentada da nossa cidade?, contou Zanini, na tarde de ontem, em entrevista por telefone à Gazeta. Outro argumento utilizado pelo governo na ação é o de que o prédio da Polícia Federal fica exatamente ao lado da residência oficial do governador Luiz Henrique (PMDB). ?É vizinho de muro colado?, reforçou. Para o procurador, a ação civil pública foi apropriada, por haver violação do direito constitucional de seus habitantes à segurança pública, previsto no artigo 144 da Constituição Federal. A descoberta do plano de resgate montado pelas organizações criminosas Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) também foi utilizado como argumento para justificar o pedido de transferência do preso. A chegada de Beira-Mar a Florianópolis provocou onda de protestos do governo do Estado, Assembléia Legislativa e Câmara de Vereadores, prefeitura, além da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC). Na época, o governador Luiz Henrique se pronunciou contrariamente à medida, mas a transferência foi feita mesmo assim, e sem que o chefe do Executivo fosse sequer avisado. O mesmo aconteceu no último sábado em Alagoas, mas o governador Ronaldo Lessa (PDT) acabou contemporizando e disse que, embora reconheça que a presença de Beira-Mar no Estado não seja desejável, é uma forma de colaboração com o governo do presidente Lula. Beira-Mar deve ficar em Alagoas até a conclusão do Presídio Federal do Mato Grosso do Sul, prevista para janeiro. Além do Estado, podem propor Ação Civil Pública semelhante à de Santa Catarina o Ministério Público, o município e associações. VISITA Ontem, Beira-Mar recebeu a visita da mulher dele, identificada como Elizabete. A visita durou duas horas ? das 11 às 13 horas ? e aconteceu em dia diferenciado dos demais presos, para evitar tumultos. Segundo a PF, não há previsão de quando haverá nova visitação.|LB

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