Confirmado plano de fuga de Beira-Mar

| LUIZA BARREIROS Repórter O juiz federal Odilon de Oliveira, da 3ª Vara Federal em Mato Grosso do Sul, confirmou ter tomado conhecimento da existência de um plano para resgatar o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, quando ele estava preso na Polícia Federal de Florianópolis (SC). Em entrevista concedida ontem à TV Gazeta, o juiz contou ter tomado conhecimento extra-oficial da descoberta do plano e disse acreditar que a transferência de Beira-Mar para Maceió, ocorrida no último sábado, tenha ocorrido como forma de desarticular o plano de resgate descoberto pela polícia. “Não tomei conhecimento do plano em suas minúcias porque o assunto está na esfera policial, mas soube, por fontes que conheço há muito tempo, e nas quais confio, que o plano estava sendo articulado na fronteira com o Paraguai, para ser executado por integrantes do PCC [Primeiro Comando da Capital], Comando Vermelho e comparsas do próprio Beira-Mar”, contou o juiz que atua há 19 anos na fronteira, com casos de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. A PF de Mato Grosso do Sul descobriu que parceiros de Beira-Mar pretendiam resgatá-lo da capital catarinense até a terceira semana de novembro. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) também teriam interesse no resgate do preso. RESGATE Para o juiz, a potencialidade de que um novo plano seja montado para tentar resgatar Beira-Mar em Maceió é grande. “Em qualquer lugar, eles poderão tentar resgatar o Beira-Mar. Ele é uma pessoa importante no mundo do tráfico e ainda tem muita respeitabilidade, não só no Brasil, como no Paraguai e na Colômbia”, disse. “Em qualquer Estado que receber o Beira-Mar, os traficantes poderão tentar resgatá-lo”, complementou. O juiz federal disse ainda que o presídio federal de segurança máxima que está sendo construído no Mato Grosso do Sul deverá ficar pronto em janeiro e que Beira-Mar “será muito bem-vindo”. Roteiro Fernandinho Beira-Mar ficou preso na Polícia Federal de Florianópolis de 7 de outubro a 26 de novembro, quando foi transferido para Maceió. A remoção constante seria uma estratégia contra a concretização de planos de resgate, que levariam três meses para ser montados, segundo cálculos da PF. Desde quando foi preso na Colômbia, em 2001, o megatraficante passou por Brasília, Rio de Janeiro, Presidente Bernardes (SP), Maceió, voltou para Presidente Bernardes, foi para Brasília, de lá para Florianópolis, até retornar para Maceió. ### Delegado de SC diz que sede da PF-AL é segura A TV Gazeta também ouviu ontem o delegado Ildo Rosa, da Polícia Federal de Florianópolis. Ele confirmou que, através de uma interceptação telefônica, foi descoberto um suposto plano para seqüestrar o filho de um dos delegados federais de Santa Catarina, mas negou que esse tenha sido o principal motivo que causou a nova transferência do traficante Fernandinho Beira-Mar para Alagoas. “Logo depois que ele chegou aqui, uma equipe que monitorava o movimento dos morros em Santa Catarina interceptou uma conversa em que os interlocutores falavam em dar ‘uma mão pro mano Beira-Mar’ e que ‘seria jogo’ seqüestrar o filho de um delegado federal para negociar a saída dele”, contou o delegado. Segundo Ildo Rosa, a informação – tratada sempre por ele como sendo “mera especulação” – só veio à tona agora porque a Secretaria de Segurança Pública quis os méritos pela transferência, afirmando que foi ela que comunicou à PF sobre a conversa interceptada. Ildo Rosa disse ainda não acreditar que exista condição de haver fuga de superintendências da PF como a de Florianópolis e de Maceió, que são consideradas padrão de segurança. “Beira-Mar é um ícone, o nome dele ainda pesa, ele tem contato com advogados, mas tanto aqui em Florianópolis quanto em Maceió ele está tendo segurança do COT e não tem as facilidades que teria, por exemplo, se estivesse no Rio”, explicou. Para o delegado, Florianópolis e agora Alagoas estão pagando o preço pela qualidade física de suas sedes das superintendências da PF. “Alagoas é uma das regionais mais qualificadas do Nordeste”, disse. | LB