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Nº 5759
Política

Savastano e coronel Edmilson demitidos

| LUIZA BARREIROS Repórter O governador em exercício Luis Abílio de Sousa Neto (PDT) anunciou, no fim da tarde de ontem, duas mudanças na cúpula da segurança pública do Estado. Paschoal Savastano – que havia assumido a Secretaria de Defesa Social em out

Por | Edição do dia 26/01/2006 - Matéria atualizada em 26/01/2006 às 00h00

| LUIZA BARREIROS Repórter O governador em exercício Luis Abílio de Sousa Neto (PDT) anunciou, no fim da tarde de ontem, duas mudanças na cúpula da segurança pública do Estado. Paschoal Savastano – que havia assumido a Secretaria de Defesa Social em outubro, sob críticas de diversos setores, inclusive do próprio aparato de segurança pública – foi substituído no cargo pelo coronel Ronaldo dos Santos. No comando da Polícia Militar, o coronel Edmilson Cavalcante foi substituído pelo também coronel José Acírio do Nascimento. Cavalcante assumirá a chefia do Gabinete Militar, no lugar do coronel Cícero Padilha. Até a noite de ontem, o governo não deu informação sobre outro cargo para Savastano no governo. O diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino, foi mantido. As posses acontecem amanhã, às 10 horas. As mudanças foram anunciadas no mesmo dia do assalto à casa de praia do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Estácio Gama, em Paripueira. Segundo o governo, “não houve qualquer vinculação entre os fatos”. “A mudança já vinha sendo gestada. Desde a semana passada recebi carta branca do governador Ronaldo Lessa para promover essas alterações, já que assumirei o governo em 30 de março, quando ele deixará o governo para disputar a eleição para o Senado”, alegou o governador em exercício. Abílio disse que o convite ao coronel Ronaldo dos Santos foi feito na terça-feira, mas a comunicação da mudança a Paschoal Savastano só foi feita ontem à tarde, depois que ele convocou uma entrevista coletiva para avaliar o assalto à casa do desembargador. “Lamento profundamente o que aconteceu com o desembargador, mas serviu para ratificar a idéia de que mudanças eram necessárias”, disse Luis Abílio. “Precisamos responder ao desafio de agilizar o aparato policial no combate à criminalidade e, ao mesmo tempo, integrar cada vez mais as ações na área da Defesa Social, especialmente neste ano eleitoral”, explicou Abílio. O governador em exercício se disse “muito preocupado” com a questão da violência, principalmente a praticada contra pessoas que não têm condição de manter segurança particular. Sobre as declarações que teriam sido feitas por um dos assaltantes, de que “preferia estar assaltando a casa do governador”, Luis Abílio disse que não lhe causam temor. “Apesar do atrevimento, não tenho medo. É constrangedor e faz pensar que é uma coisa armada para desestabilizar o governo”, disse. Abílio disse que decidiu manter Robervaldo Davino na direção geral da Polícia Civil por ele ter “capacidade de liderança” entre os agentes e já ter operado com o coronel Ronaldo dos Santos”. Quanto ao coronel Edmilson Cavalcante no Gabinete Militar, Luis Abílio se disse convencido de que ele realizará a missão estratégica de contribuir com a interlocução do Palácio com todo o sistema da Defesa Social. “É um profissional sério e possui a visão de conjunto. Ele virá trabalhar comigo”. “O Acírio, o Ronaldo dos Santos e o Davino são os titulares de um time que desejo ver jogando no ataque”. O governador interino analisa a criminalidade urbana como um drama nacional, sendo ainda Alagoas um dos estados mais tranqüilos da Federação. “Possuímos cerca de vinte municípios onde não ocorre um homicídio há mais de um ano. A concentração de delitos está na Grande Maceió, com o grande fluxo de visitantes, atraindo delinqüentes de outras regiões”, disse. ### Em entrevista, justificativas antes da queda No início da tarde de ontem, horas antes de sua exoneração ser anunciada pelo governador em exercício Luis Abílio, o ainda secretário de Defesa Social, Paschoal Savastano, convocou uma entrevista coletiva na qual disse que não entregaria o cargo, como havia sido sugerido publicamente, pela manhã, pelo procurador-geral de Justiça, Coaracy Fonseca. “Quem entrega o cargo é aquele cidadão que se aperreia diante dos fatos emocionais”, disse Savastano. Ao lado do comandante da Polícia Militar, coronel Edmilson Cavalcante (também exonerado horas depois), e o diretor de Polícia Civil, Robervaldo Davino (que foi mantido), Savastano abriu a coletiva com um longo discurso teórico sobre o crescimento da violência no Estado e no País e suas causas. Demonstrando irritação, Savastano disse que a área da casa de praia do presidente do TJ era alvo de observação das polícias Civil e Militar na madrugada do assalto. “São coisas que acontecem, lamentavelmente”, disse. Ele negou que a presença da polícia tenha tornado a ação dos bandidos ainda mais desmoralizante para a segurança pública. “A delinqüência e a marginalidade moderna se caracterizam pela audácia. A desmoralização, dentro desse conceito, seria uma omissão, uma ausência, e isso não houve. Se a marginalidade é audaciosa, é sofisticada, tem que ser enfrentada com reflexões de sofisticação, de prevenção, de destemor”. Depois, discursou que “os fatos são dinâmicos, o crescimento da violência é assustador e a gente tem que enfrentar esses acontecimentos delituosos com as receitas tradicionais de segurança pública, mas com crítica, com reavaliação das nossas ações”. Em resposta às declarações do procurador de Justiça Coaracy Fonseca, Savastano cobrou “equilíbrio e sensatez” e ensinou que “a autoridade nunca deve perder o senso, a lhaneza no trato, o equilíbrio das atitudes”. imprensa, A “CULPADA” Savastano tentou atribuir à imprensa a culpa pelo crescimento da violência, por, segundo ele, dar repercussão a “fatos isolados” de grande repercussão. Ele citou, como exemplos, os assaltos à família de um juiz de Goiás que passava férias na Barra de São Miguel e a um grupo de turistas no mirante do Gunga. Os casos seriam insignificantes diante de um fluxo “fabuloso” de 120 mil turistas, segundo seus números. “Só foram dois casos que tiveram grande repercussão”, alegou. “O medo destrói as estatísticas”, filosofou. Apuração O coronel Edmilson Cavalcante admitiu ter havido falha na segurança do presidente do TJ, feita por dois policiais militares. “Não há explicação para o crime. Havia dois policiais fazendo a segurança. Vamos apurar se houve negligência. O importante é que a polícia estava presente quando ocorreu o fato”, alegou. Política O diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino – que foi mantido no cargo – disse que pelas informações obtidas pela polícia, não se tratou de uma ação que tinha como alvo a casa do presidente do Tribunal de Justiça, já que os assaltantes imaginavam se tratar da residência de um “construtor”. “A polícia estava presente na área, mas infelizmente não conseguiu evitar. Temos que investigar o caso, prender os responsáveis e encaminhá-los para a Justiça”, disse. Davino disse ainda acreditar que os assaltantes fossem da região. “Caso contrário, eles não estariam encapuzados”. Davino negou que o fato de seu nome ser citado como pré-candidato a deputado esteja atrapalhando seu desempenho na Defesa Social. “Minha candidatura não está definida. Apenas faço parte de um partido que no momento ideal vai dizer se sou candidato ou não”. |LB

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