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Nº 5759
Política

Presidente do TJ fica sob mira de armas

EDNELSON FEITOSA Repórter Quatro homens renderam e desarmaram dois policiais militares que faziam a segurança e assaltaram, na madrugada de ontem, a casa de praia do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), desembargador Estácio Luiz Gama

Por | Edição do dia 26/01/2006 - Matéria atualizada em 26/01/2006 às 00h00

EDNELSON FEITOSA Repórter Quatro homens renderam e desarmaram dois policiais militares que faziam a segurança e assaltaram, na madrugada de ontem, a casa de praia do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), desembargador Estácio Luiz Gama de Lima, em Paripueira, no litoral norte de Alagoas, a 25km de Maceió. No momento do assalto, o desembargador, a esposa e os netos estavam na casa. Estácio Gama e um neto dele ficaram sob a mira das armas dos invasores. Os assaltantes levaram dinheiro, celulares, equipamentos eletrônicos e dois revólveres. Como foi O neto do desembargador – que também se chama Estácio e tem 16 anos – contou que estava na porta da casa conversando com dois amigos, quando um veículo Golf, azul escuro e vidros fumê, se aproximou em marcha lenta. Um homem desceu como se fosse pedir uma informação, aproximou-se deles e sacou uma arma, apontando-a para a cabeça do neto do desembargador. O homem anunciou o assalto e perguntou quem morava na casa. PMs iam reagir Ainda segundo o relato do rapaz, os outros três assaltantes saíram do carro. Os dois policiais militares – um sargento e um soldado – que faziam a segurança do desembargador e chegavam de uma ronda pelas redondezas, viram a cena e esboçaram reação, mas o neto de Estácio Gama, mesmo muito nervoso, pediu-lhes que não o fizessem e ficassem calmos. Depois, o jovem disse aos assaltantes que iria levá-los ao quarto onde o avô dormia. Três dos assaltantes subiram ao primeiro andar, onde renderam o presidente do TJ e exigiram que entregasse todo o dinheiro que havia na casa. Preservar o neto Um dos PMs da segurança do desembargador declarou, na manhã de ontem, que antes de ser desarmado teve chance de iniciar uma reação e atirar nos assaltantes. No entanto, a arma apontada para a cabeça do neto do desembargador o convenceu de que seria arriscado demais para a vida do rapaz. Ele confirmou que o jovem pediu que não reagissem. Arma na cabeça “Durante todo tempo em que os quatro homens ficaram na casa, eles mantiveram uma arma apontada para o menino”, relatou um dos militares, referindo-se ao neto do desembargador. “Quando tentaram roubar o Corola do desembargador, o alarme disparou”, contou o policial militar. Os assaltantes – ainda segundo o relato das vítimas – colocaram o Golf em que haviam chegado dentro da garagem da casa e recolheram três dos quatro aparelhos de televisão que estavam nos quartos da casa (não pegaram a TV do quarto do presidente do TJ). Eles levaram, também, cinco celulares, dois revólveres, duas bolsas femininas, um videogame, dois relógios e um colar de prata. ### Quarto da esposa tinha a porta trancada O desembargador Estácio Gama contou ontem à Gazeta que, por volta da meia-noite e meia, desceu do quarto e, ao ver o neto conversando com os colegas na porta da casa, chegou a pensar em mandá-lo entrar, mas voltou para o quarto e foi dormir. Pouco tempo depois, seu neto entrava no quarto, empurrado por três homens armados. “Minha preocupação inicial foi com minha esposa, que estava dormindo com meu outro neto no quarto ao lado”, declarou o desembargador. Ele disse que ficou menos preocupado quando viu que a porta do quarto da esposa estava fechada. “CONSTRUTOR” Os assaltantes, quando ouviram a palavra “desembargador”, se confundiram e perguntaram se Estácio era “construtor”. Ele repetiu que é desembargador e presidente do Tribunal de Justiça do Estado. “Quando eles souberam quem eu era, passaram a me tratar melhor”, disse o magistrado. Os assaltantes devolveram seus documentos, mas ficaram com o dinheiro e cartões de crédito. “CONVERSAMOS” Estácio Gama disse que não houve violência contra sua família e que teve tranqüilidade para conversar com os bandidos, porque sentiu que nada de mais grave iria acontecer. “É uma grande sensação de insegurança, e pior ainda quando vi meu neto entrando no quarto com homens apontando armas para ele e para mim. Mas nós chegamos a conversar. Eles disseram que estavam no crime por causa da falta de estudo e emprego”, contou o desembargador. O presidente do TJ alertou que a questão da segurança no Estado está preocupando os desembargadores e que já havia contatos de membros do Tribunal de Justiça para ter uma reunião com a cúpula da Secretaria de Defesa Social. O assalto à casa de praia onde se hospedavam um juiz goiano e sua família, no último dia 13, na Barra de São Miguel, mostrava a urgência do encontro, segundo Estácio Gama. “PREFERIA O GOVERNADOR” Um dos assaltantes – lembrou o desembargador – chegou a afirmar que “preferia assaltar a casa do governador Ronaldo Lessa”, o que demonstra, segundo o desembargador, que eles devem ser alagoanos. Eles também sabiam que os policiais militares faziam ronda na rua da praia e que passavam pela frente de sua casa, pois perguntaram o horário em que os militares iriam passar. |EF ### PM anuncia reforços de policiamento O desembargador Estácio Gama disse não crer que tenha havido um direcionamento na ação dos assaltantes, ou seja, uma espécie de “recado” de bandidos ao Judiciário. “Todos sabem que nós julgamos com consciência. Não queremos prejudicar quem quer que seja”. Por isso, ele não podia ter certeza de que o assalto teria ligação com fatos jurídicos. “Entendo que não, mas pode se fazer ilação. Tenho certeza de que a polícia vai apurar e não quero me precipitar”, disse. O coronel Marcos Brito, do Comando de Policiamento da Capital (CPC), determinou que a Rádio Patrulha reforçasse o policiamento em Paripueira. Ele informou que já havia programado uma operação do Batalhão de Policiamento de Trânsito (Bptran) na AL-101 Norte, que cruza a cidade balneária. Apesar disso, o comandante do CPC admitiu que “não existe reforço de policiamento que evite um crime deste tipo”. “Povo elogia” No fim da tarde de ontem, a Agência Alagoas, da Secretaria Estadual de Comunicação Social (Secom), divulgou em seu site na internet a informação de que uma operação policial “de rotina” havia sido feita na orla marítima e na periferia de Maceió, ontem de manhã. Segundo a informação, cerca de 60 PMs da Rádio Patrulha (RP) fizeram operações em vários bairros da orla marítima e em favelas do Jacintinho, Ouro Preto e Cruz das Almas, “com o objetivo de coibir a criminalidade”. A matéria da Agência Alagoas cita uma declaração do major Luna, de que a população “tem elogiado” a atuação da PM. Também, ontem, a Secom anunciou o reforço “em caráter definitivo” do policiamento ciclístico na orla de Maceió, do início da Pajuçara até Cruz das Almas, e um box de apoio na Pajuçara. Segundo a Secom, serão 40 PMs em 18 bicicletas, em três turnos e com rádio-emergência. O serviço de policiamento ciclístico pode ser acionado pelo número 9318-1739. |EF

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