Den�ncia faz Serra perder mais um candidato a vice
São Paulo O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) não será mais o vice do candidato do PSDB à Presidência, senador José Serra (SP). É o segundo vice que Serra perde, após a desistência do ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos (PMDB). A ca
Por | Edição do dia 18/05/2002 - Matéria atualizada em 18/05/2002 às 00h00
São Paulo O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) não será mais o vice do candidato do PSDB à Presidência, senador José Serra (SP). É o segundo vice que Serra perde, após a desistência do ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos (PMDB). A candidatura de Henrique Alves foi descartada, ontem, pelo presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), após a publicação de uma denúncia, pela revista IstoÉ, de que o provável vice de Serra teria US$ 15 milhões depositados em contas secretas no Exterior. Se for isso mesmo e se ele precisa se explicar é porque não tem mais condições nem de ser pré-candidato, reagiu Temer, ao saber da notícia. A não ser que ele apresente uma explicação cabal, vamos partir para outro nome. Segundo a revista, Alves movimentou contas milionárias nos paraísos fiscais de Nassau, Jersey e Genebra, além de uma conta no Lloyds Bank, em Miami, sem declarar nada à Receita Federal. Ainda conforme a IstoÉ, nas declarações de renda desde 1997, o deputado informou um rendimento médio de R$ 20 mil mensais. Essas informações, diz a revista, seriam incompatíveis com a movimentação financeira da conta remunerada nº 245.3333 HM do Union Bancaire Privée (UBP), que o deputado mantém em Jersey. Despesas Com esta conta, Alves quitava despesas com cartão de crédito. Apenas em 1996, a movimentação desta conta somou US$ 500 mil. Na revista também constam documentos e informações sobre ligações do deputado para bancos no Exterior, com pedidos de resgate, transferências e pagamentos. Ao Lloyds Bank de Miami, Alves teria pedido um resgate de US$ 42 mil e ao Nations Bank da Flórida, uma transferência de US$ 28 mil. Em 1996, por exemplo, os extratos do cartão de crédito do deputado, no paraíso fiscal das Ilhas Jersey, somavam US$ 260 mil. Mais do que isso, Henrique Alves teria usado laranjas para encobrir seu patrimônio, comprando imóveis em nome de terceiros. Denunciado antes da indicação Todas as informações foram obtidas a partir de um processo de separação litigiosa movido pela ex-mulher de Alves, Mônica Infante de Azambuja Alves, em outubro de 2000. Procurada pela Agência Estado, Mônica não foi localizada. De acordo com a revista, depois que começou ser cotado para ser vice de Serra o deputado havia procurado a ex-mulher e obtido um acordo. Mônica teria enviado uma carta ao presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), garantindo que seu ex-marido nada tinha a esconder. Pelos documentos obtidos pela revista, o acordo saiu tarde demais. As denúncias contra Alves surgiram poucas horas depois da definição do seu nome pelo PMDB, que seria anunciado na próxima semana. Na quinta-feira à noite, a escolha parecia certa, após semanas de longas conversas entre Temer, Aníbal e o próprio Serra, que nunca concordou com a indicação feita pelos aliados. Escolha Temer negou que a escolha tivesse sido definida, mas reconheceu o favoritismo de Henrique Alves. Sem dúvida era o nome mais forte, disse. Ele também admitiu que Alves enfrentava a resistência de Serra, mas não quis atribuir ao tucano as denúncias. De fato, Serra preferia outro nome, mas não sei se ele teria participação nessa denúncia. Com a saída de Alves do páreo, crescem as chances do presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), e da deputada Rita Camata (ES). Também estão cotados o senador Pedro Simon (RS) e o ex-prefeito de Joinville (SC), Luiz Henrique. Rita e Simon têm a preferência do candidato tucano. Após a denúncia contra Henrique Alves, a argumentação de Serra, de que precisa de um vice moralmente inatacável, ficou mais forte. Outro efeito da saída de Alves é que agora também será muito difícil para o PMDB achar um vice que seja do Nordeste. A esta altura, a questão moral deve prevalecer sobre a questão regional, concorda Temer. Tentamos o Jarbas, que se recusou, e o Henrique. Agora, a tendência é que o nome seja de outra região.