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Nº 5759
Política

Ju�zes investigam conex�o entre AL e PE

| GILVAN FERREIRA Repórter Os juízes do Núcleo de Combate ao Crime Organizado (NCCO) participaram ontem, no Tribunal de Justiça de Alagoas, de uma reunião com a delegada de Homicídios de Pernambuco, Silvana Lélis, para “trocar” informações sobre as aç

Por | Edição do dia 16/02/2006 - Matéria atualizada em 16/02/2006 às 00h00

| GILVAN FERREIRA Repórter Os juízes do Núcleo de Combate ao Crime Organizado (NCCO) participaram ontem, no Tribunal de Justiça de Alagoas, de uma reunião com a delegada de Homicídios de Pernambuco, Silvana Lélis, para “trocar” informações sobre as ações dos integrantes do crime organizado dos estados de Alagoas e Pernambuco. Surpresa Durante a reunião, a delegada Silvana Lélis repassou aos juízes informações sobre as investigações da suposta participação e envolvimento do sargento da Polícia Militar de Alagoas, Raimundo Edson Medeiros, e o assessor parlamentar Luiz Henrique de Oliveira no assassinato do promotor de Justiça do município de Cupira, Pernambuco, Rossinne Alves Couto, executado em maio do ano passado com três tiros de revólver em um restaurante vizinho ao Fórum da cidade. O sargento Medeiros e Luiz Henrique estão foragidos desde a sexta-feira passada, depois do vazamento de informações sobre as suas prisões por parte da cúpula da segurança pública de Alagoas. Segundo um dos juízes que participou do encontro, a delegada Silvana Lélis ficou surpresa com as ligações entre políticos e os acusados de envolvimento em crimes cometidos em Alagoas. O juiz informou que as informações sobre a reunião seriam preservadas para evitar prejuízos às investigações. Antes do encontro com os juízes, a delegada Silvana Lélis foi à superintendência da Polícia Federal, no Jaraguá, para ouvir os depoimentos de quatro testemunhas do assassinato do promotor Rossine Alves, entre elas, uma das amantes do sargento Medeiros, Hélen Alves. No final do encontro, aparentando muito nervosismo, a delegada Silvana Lélis evitou falar à imprensa. No rápido contato, Silvana afirmou que não queria falar, pois estaria correndo risco de morte. Ontem, os jornais de Pernambuco repercutiram a informação do suposto envolvimento de um PM e um assessor parlamentar alagoanos no assassinato do promotor pernambucano. Na última terça-feira, a delegada Silvana Lélis disse à Gazeta que a elucidação e a prisão dos envolvidos no assassinato do promotor era uma “questão de honra” para o governo e a Polícia de Pernambuco. A delegada afirmou que o crime tinha sido denunciado ao Conselho da ONU. ### Suspeitos vão pedir habeas-corpus no TJ A advogada do sargento Raimundo Medeiros e do assessor parlamentar Luiz Henrique de Oliveira, Mary Any Vieira Alves, disse que vai entrar hoje com um habeas-corpus preventivo no Tribunal de Justiça para tentar revogar as suas prisões, decretadas pelos seis juízes do Núcleo de Combate ao Crime Organizado, mesmo que estejam foragidos. Segundo Mary Any Vieira, o sargento Medeiros não estaria mais em Alagoas e só deve se apresentar depois de passar por uma cirurgia em um dos hospitais de Recife. “O sargento Medeiros está de atestado médico, ele vem se recuperando de um acidente de moto que sofreu no último dia 16 de janeiro aqui em Maceió. Ele foi para Recife, onde vai passar por uma cirurgia que não é feita aqui em Alagoas. Ele não está bem de saúde e desde de janeiro vem fazendo uma série de exames, pois, no acidente, ele quebrou a clavícula e os braços”, disse a advogada. Ela afirmou que também vai apresentar Henrique, que, segundo ela, está perplexo e chocado com a decretação da prisão dele. “Ele disse que recebeu a informação de que era suspeito de matar o promotor de Cupira e já tinha se colocado à disposição da polícia e do Ministério Público de Pernambuco, mas falou que nunca tinha sido chamado para depor sobre esse crime”, disse Mary Any Vieira. A advogada Mary Any Vieira disse que também está negociando com os juízes do NCCO a mudança do local onde o sargento Medeiros deve cumprir a pena de prisão temporária. “Ele (sargento Medeiros) é militar e deve ficar preso no quartel da PM, mas só que no decreto de prisão os juízes determinam que ele seja levado para o Baldomero Cavalcanti, mas já entrei em contato com três juízes para mudar o local da sua prisão”, revelou. Sobre a denúncia que o sargento Medeiros e Henrique foram beneficiados com o vazamento de informações sobre as prisões, Mary Vieira disse que a informação tinha sido repassada por uma “fonte” da Polícia Civil de Alagoas. “Usei de minhas fontes e consegui ter acesso à informação sobre as prisões”, acrescentou. |GF ### Oficial exonerado nega envolvimento O ex-subcomandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Kleberon Melo, negou ontem o seu envolvimento no vazamento de informações sobre as prisões do sargento Medeiros e do assessor parlamentar Luiz Henrique Oliveira, acusados de integrarem uma das mais violentas e atuantes células do crime organizado de Alagoas. O coronel Kleberon Melo disse que foi comunicado da decretação da prisão do sargento Medeiros pelo diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino, e do subdiretor, delegado Roberto Lisboa, supostamente já depois da fuga do sargento e do assessor. Ordem de prisão “Eu recebi a informação sobre a decretação da prisão do sargento na última quinta-feira, pelo diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino, e pelo delegado Roberto Lisboa, e imediatamente determinei ao do capitão Aluizio, que comandava o sargento Medeiros no quartel geral da PM que efetuasse a prisão. O oficial foi nas quatro residências do sargento, mas ele não foi encontado em nenhuma delas. A família dele dizia que ele estava em São Braz, mais iria ser comunicado que deveria se apresentar ao comando da Polícia Militar. Tivemos até o cuidado de não falar para os parentes dele que ele estava com a prisão decretada pela Justiça, mas ele não compareceu ao comando”, revelou o ex-subcomandante da PM. Detalhe estranho Apesar de evitar acusar a cúpula da Polícia Civil do vazamento de informações, o coronel Kleberon Melo chamou atenção para um detalhe, que ele classificou de “estranho”. “A advogada do sargento Medeiros me apresentou um dia depois de ter sido informado pelos delegados Davino e Roberto Lisboa a cópia do mandado de prisão do sargento Medeiros. Aí eu me pergunto como a advogada do sargento Medeiros recebeu esse documento, que era reservado e sigiloso”, questionou o ex-subcomandante Kleberon Melo. Desertor O comando da PM informou ontem que Medeiros teria até a zero hora de ontem para se apresentar ao comando geral. Se isso não acontecesse, a partir de hoje ele seria considerado desertor e seria expulso da corporação. A advogada do sargento Medeiros, Mary Any Moraes, disse que o militar não podia ser considerado desertor por estar amparado pelo Código Militar. “O artigo 187 do Código da Polícia Militar diz que o militar só pode ser considerado desertor depois de 8 dias de ausência não justificada, mas, no caso do sargento Medeiros, ele está de atestado médico. Se o comando da PM expulsar o sargento Medeiros, eu vou entrar com uma ação na Justiça Militar para ele ser reintegrado”, ameaçou.

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