Briga pelo poder reabre crise na seguran�a p�blica
| REGINA CARVALHO Repórter O estopim está aceso entre um grupo de delegados e a cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS). De um lado está o delegado do 4º Distrito Policial Jobson Cabral e do outro os também delegados Robervaldo Davino e Roberto Lisb
Por | Edição do dia 22/02/2006 - Matéria atualizada em 22/02/2006 às 00h00
| REGINA CARVALHO Repórter O estopim está aceso entre um grupo de delegados e a cúpula da Secretaria de Defesa Social (SDS). De um lado está o delegado do 4º Distrito Policial Jobson Cabral e do outro os também delegados Robervaldo Davino e Roberto Lisboa, respectivamente diretor-geral e diretor-adjunto da SDS. Jobson denunciou ontem à Gazeta que estaria sendo vítima de perseguição política pelos dois (Davino e Lisboa), e sugeriu a saída da dupla do governo Ronaldo Lessa. Quando assumir efetivamente o governo no fim do próximo mês, espero que o doutor Abílio (Luis Abílio, governador em exercício) mude essa cúpula, porque do jeito que está não dá!, declarou Cabral. A situação que já parecia insustentável ganhou impulso com um novo episódio. Um suposto envolvimento de Jobson Cabral no atropelamento e morte de idosas no trânsito, no início deste mês, no bairro do Poço, provocou a revolta do delegado que disse que seu nome foi citado porque é perseguido pela cúpula da Polícia Civil. Cabral contratou um advogado e anunciou que vai processar Davino e Lisboa. Vou processar os dois. Aliás, para mim, eles são um só, reforçou o delegado. Ele disse ainda que nunca foi chamado na SDS para falar sobre o atropelamento. A única coisa que eu fiz foi orientar uma pessoa da Limpel, que ligou para mim, às 21 horas, para pedir orientação sobre o caso. Aconselhei que o motorista se apresentasse, completa. Dissidentes Segundo afirma Jobson Cabral, pelo menos 80% dos delegados que atuam em Alagoas não concordam com a forma de trabalho da atual cúpula. São vários. Mas posso citar os nomes dos delegados Tarcísio Vitorino, Flávio Saraiva e Denisson Albuquerque. Davino e Lisboa estão muito desgastados e se segurando no cargo, acrescenta. O diretor-adjunto Roberto Lisboa disse que prefere não polemizar e que não existe perseguição ao delegado. O que vejo é que Jobson quer ser diretor ou secretário. É um cara assustado e frustrado. Nunca pedi cargo a ninguém. Em nenhum momento a gente perseguiu, disse. Lisboa afirmou ainda que disse aos meios de comunicação que o veículo causador do atropelamento - e apreendido numa oficina - foi conduzido por Jobson Cabral. Essa informação que tive foi dada pelo dono da oficina. O caso está sendo investigado pelo delegado de acidentes. Não me preocupa o fato dele entrar na Justiça, declarou. Sobre a afirmação do delegado de que deve haver mudanças no comando da polícia, Lisboa informou que não está preocupado. O doutor Abílio bota quem ele quiser, rebateu. Desentendimentos De acordo com declarações do titular do 4º DP, os desentendimentos com a atual cúpula da SDS começaram há aproximadamente três anos. Um dos motivos, segundo informou Cabral, foi uma suposta perseguição de diretores a um agente policial que trabalhava com ele. Fiquei do lado desse policial que hoje está em Arapiraca e isso gerou problema, informou o delegado. Um convite do ex-secretário de Defesa Social, advogado Paschoal Savastano, a Jobson Cabral para que ele assumisse a Secretaria de Ressocialização, com o afastamento de Valter Gama, também, segundo o delegado, teria acirrado os ânimos com a cúpula. Essa informação vazou e eles (Davino e Lisboa) souberam. Não aceitei o cargo porque não é meu perfil. Gosto de trabalhar com a Polícia Civil, completou. O delegado conta que o governador Ronaldo Lessa sabe da sua péssima relação com a cúpula e que prometeu tomar uma iniciativa para resolver o problema. O governador sabe desse meu descontentamento. Tenho fé que mude essa cúpula. Vou assistir de camarote a mudança, explicou. Cabral, que já presidiu o inquérito sobre a morte do pistoleiro Cícero de Sales Belém, em novembro do ano passado, informou o motivo pelo qual pediu afastamento do caso. Hoje o caso está na Justiça, mas pedi afastamento do caso e que colocassem outro delegado para investigar por causa da falta de confiança na cúpula, denunciou Jobson Cabral.