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Nº 5759
Política

Pesquisas v�o influenciar resultado das elei��es / Parte I

JOSÉ ELIAS Se a política é uma ciência, como dizem os cientistas - embora muitos resultados não representem a vontade das urnas - as pesquisas de opinião pública são o retrato das ruas. Poucas vezes, no país inteiro, elas erraram e onde os números apar

Por | Edição do dia 19/05/2002 - Matéria atualizada em 19/05/2002 às 00h00

JOSÉ ELIAS Se a política é uma ciência, como dizem os cientistas - embora muitos resultados não representem a vontade das urnas - as pesquisas de opinião pública são o retrato das ruas. Poucas vezes, no país inteiro, elas erraram e onde os números aparecem de cabeça para baixo, a sociedade nota logo onde está localizada a falha. As duas últimas eleições para o governo do Estado não registraram surpresas porque, por antecipação, todos os institutos apontaram para a mesma direção. Em 94, disputando o terceiro mandato, Divaldo Suruagy não se esforçou para derrotar Pedro Vieira, candidato lançado pelo então governador Geraldo Bulhões. As pesquisas acertaram na mosca e, quatro anos depois, igualmente, repetiram a dose com a vitória de Ronaldo Lessa contra Manoel Gomes de Barros. Zebra na prefeitura de Maceió, Lessa se beneficiou pela indecisão de Mano que, governador com a renúncia de Suruagy, se perdeu no caminho de volta. Dois anos com a caneta na mão, Mano não consolidou a candidatura à reeleição e, vítima de quatro desistências, entregou os pontos antes de a luta começar. Lessa, isolado, em cima de um ônibus velho, acompanhado apenas por Marco Toledo e Fátima Borges, soube aproveitar o vácuo e emplacou mais um resultado inesperado. Números oscilam de acordo com eleição Os números, sem manipulação, oscilam durante a campanha, como a história está careca de escrever. O então deputado Renan Calheiros disparou e, pela vantagem expressiva, já despachava como futuro governador, cheio de amigos e assessores. Lá embaixo, como numa corrida automobilística, Geraldo Bulhões foi encostando, diminuindo a distância e, no segundo turno, fez a ultrapassagem. Significou a disputa mais polêmica das últimas décadas porque, placar adverso, Bulhões ressurgiu das cinzas e chegou primeiro. Nos restaurantes onde parava para comer, a mesa de Pedro Vieira, que já havia sido prefeito nomeado, ficava repleta de bilhetinhos: - Pelo que já fez, o senhor será o maior prefeito de Maceió! Ele colecionou muitos elogios que, no decorrer do embate, foram desaparecendo com a mudança dos números das pesquisas. Através deles, já podia se considerar eleito mas, por erro de estratégia política, foi perdendo espaço e, na reta final, o fôlego também o desprezou. Abandonou a assessoria, pensou que o prestígio era pessoal, tentou fechar uma aliança, sem intermediário, com o povo e, na metade da estrada, escorregou no fundo do poço. A bola ficou nos pés de Kátia Born e Heloísa Helena que, no confronto direto, dividiram também os segmentos de esquerda em duas bandas. Institutos mostram prestígio de Collor Mais de dois anos, os institutos de pesquisa, contratados por diferentes segmentos ideológicos, avaliaram durante meses, o comportamento do eleitorado de Alagoas. E todos eles, sem exceção, mostraram o prestígio do ex-presidente Fernando Collor, líder para o Senado e Governo. Palácio, esquerda, centro, consultas particulares mostraram Collor, no confronto direto com Ronaldo Lessa, Heloísa Helena, Renan Calheiros e Teotônio Vilela, em primeiro lugar. É por isso que os analistas revelam que, por esses números, para onde pender, o ex-presidente chega lá, sem fazer muita força. Quem acompanha, com atenção, o desenrolar da política de Alagoas sabe que Collor, fora da mídia, há muito tempo não aparece no noticiário. A última vez, ano passado, foi na chegada a Maceió para comemorar o resgate dos direitos políticos, depois de oito anos sem poder concorrer a nada. Os amigos fizeram a festa na chácara do deputado Antônio Holanda e, de lá pra cá, ele mergulhou entre Brasília e São Paulo. Cenário não exibe retrato definitivo Diferentes dos últimos confrontos, as eleições vão ser disputadas, sem apresentar grandes diferenças, em todos os níveis e, com a nova regra do jogo, instituída pela Justiça Eleitoral, o cenário está difícil de ser montado. Até hoje, 22 dias para as convenções que homologarão as candidaturas majoritárias e proporcionais, não se tem sequer uma fotografia do quadro definitivo. Como em todos embates, surpresas e reviravoltas não representam novidades no período que antecede o início da campanha. Muitas alianças já foram ensaiadas e, antes dos primeiros passos, como as nuvens, se desmancharam rapidamente. Renan Calheiros, por exemplo, saiu na frente como adversário de Lessa e Heloísa Helena mas, ao ultrapassar a curva, desistiu, voltou à condição de candidato à reeleição e, agora, examina um encontro com o governador. Saiu o senador, entrou no maior pique o empresário João Tenório, empurrado por um grupo de prefeitos que, insatisfeitos com o governo, imaginou ser a melhor opção de outubro. Andou, conversou, suou a camisa, ficou empolgado mas, como todo principiante, esqueceu de fazer o dever de casa. Esbarrou na porta do apartamento pelo simples fato de ter deflagrado a campanha sem ouvir, em primeiro lugar, a opinião do partido. Aí, o senador Teotônio Vilela, já fechado com a reeleição de Lessa, numa aliança branca, pisou no freio e o PSDB, legenda de Tenório, deixou ele falando sozinho no ponto do ônibus. Por causa desse desencontro, o registro de conseqüências até de ordem familiar - Tenório é cunhado de Vilela – deixou marcas que só o futuro vai avaliar. Prefeitos e empresários que o acompanhavam manifestaram insatisfação e, enquanto Tenório, mesmo sem alegar descontentamento, viajava à Europa, os atritos em Alagoas aconteciam a portas fechadas, em gabinetes tucanos e restaurantes luxuosos.

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