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Nº 5759
Política

Verticaliza��o re�ne cobra com lagarto

| ODILON RIOS Repórter A manutenção ou não da verticalização para estas eleições vem tirando o sono de membros de todos os partidos no Brasil. Em Alagoas, os problemas causados pelo dispositivo constitucional que atrela coligações nos estados a partir d

Por | Edição do dia 19/03/2006 - Matéria atualizada em 19/03/2006 às 00h00

| ODILON RIOS Repórter A manutenção ou não da verticalização para estas eleições vem tirando o sono de membros de todos os partidos no Brasil. Em Alagoas, os problemas causados pelo dispositivo constitucional que atrela coligações nos estados a partir das decisões partidárias nacionais pode unir cobras e lagartos ou velhos rivais na esfera estadual, obrigados a seguir a cartilha dos acordos eleitorais. É o caso do PFL e PSDB. Nacionalmente, conversam entre si e poderão sair com os tucanos na cabeça de chapa e os pefelistas indicando um vice. Em Alagoas, o PSDB está do lado do governador Ronaldo Lessa (PDT) e o PFL, comandado pelo vice-presidente da Câmara dos Deputados, José Thomaz Nonô, ao lado do pré-candidato ao governo, o deputado federal João Lyra (PTB). Lyra, Lessa e Nonô não sentam na mesma mesa de negociações. Caciques Sobra para o candidato ao governo, o senador Teotônio Vilela Filho (PSDB), que poderá ou não conversar com Nonô sobre os acordos nacionais de seus partidos. Os tucanos alagoanos evitam traçar um quadro sobre o assunto, mas não negam que podem acontecer conversas entre os dois caciques. “O PSDB é aberto, está disposto a conversar. Política se faz com conversa. E o PSDB está nesta linha”, disse o secretário regional do PSDB, Claudionor Araújo. Ao que parece, o deputado Nonô não entendeu o recado desta forma e já disse na semana passada que onde Lessa estiver não há acordo: “São como dois corpos que não podem ocupar o mesmo espaço”, afirmou o deputado federal. Mais complicado ainda para o PSDB é o PT. Membro do “frentão”, conjunto de partidos que gravitam na força política do governador, o Partido dos Trabalhadores corre o risco de deixar o “frentão” e lançar candidato próprio ao governo. Téo tenta evitar a debandada, mas, no PSDB, ninguém está disposto a mudar o discurso em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual a sigla faz oposição. “Téo sempre fez oposição ao governo Lula. Não vai deixar de fazer durante a campanha”, contou Araújo. Para o vereador petista Judson Cabral, o caso está resolvido: PT e PSDB não irão se coligar no Estado. “Se o Téo for candidato, marchamos com outros partidos. Temos o Ricardo Valença e outros nomes no partido para o governo”, adiantou. Valença foi diretor-presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). No PT, a palavra “aliança branca”, que permite apoio de partidos rivais na esfera nacional, sem aparecer no palanque ou no horário eleitoral gratuito, está condenada dentro da sigla no Estado. “A aliança branca é uma decisão de negócios. Quando se tem compromisso, se adere a um compromisso democrático”. Se de um lado manter PSDB e PT juntos é difícil, os obstáculos aumentam quando se convida para sentar, na mesma mesa, os aliados nacionais PT e PTB, ferrenhos inimigos em Alagoas. O PTB de João Lyra é renegado pelos petistas. “Os dois não têm afinidade”, resumiu Cabral. Nacionalmente, o PTB não irá lançar candidato a presidente, bom para o partido que poderá ficar solto nos estados, ruim para o PT, ao lado de inimigo. “Se for mantida a verticalização, não seremos obrigados a ficar no palanque do João Lyra. Não subimos nesse palanque”, diz Judson. ### Cláusula de barreira atrapalha pequenos Para as coligações nacionais, o PT discute aliança com o PMDB (de onde poderá ser retirado o vice), o PL, o PSB (outro que pode ceder um vice a Lula) e PC do B, além do PTB. “A verticalização limita as candidaturas, as alianças. Os partidos menores têm flexibilidade maior. Os maiores vão enfrentar problemas nos estados. Mas a verticalização deve ser consolidada como princípio, sou a favor”, observou o vereador Judson Cabral. Os partidos menores, como PTN, PT do B, PV, PSC, PAN, PHS ou PRP, sem representação na Câmara Federal, enfrentam o “bicho papão” maior que a verticalização: a cláusula de barreira, também conhecida como cláusula de exclusão ou cláusula de desempenho, que diz: a partir das eleições de 2006, só poderão ter funcionalidade parlamentar – eleger líderes, participar da composição das mesas, indicar membros para as comissões etc. – os partidos que obtenham o apoio de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os brancos e os nulos. O presidente estadual do PTN, Elias Barros, diz que já existe uma estratégia armada para evitar a exclusão “Os partidos menores estão unidos para traçar uma meta para as eleições de 2006. É uma decisão das executivas nacionais de que os partidos menores façam coligação entre si por conta da cláusula de barreira, os 5% que se não for atingido, o partido será extirpado do País”, diz Barros, falando até em frentão dos partidos menores, um dia chamados de “nanicos” ou “laranjas” ou ainda “legendas de aluguel”. No Palácio Floriano Peixoto, a verticalização promete sacudir a imaginação dos políticos. Isso porque o PDT perderia, caso decida lançar candidato próprio à Presidência da República. “O problema da verticalização é um problema sério para todos nós, principalmente porque a política regional e local perde um pouco o controle, fica sempre na dependência de uma solução nacional. Aqui é fácil fazer determinadas coligações compatíveis que poderão se tornar difíceis por uma determinação legal, trazida pela verticalização”, acredita o vice-governador Luis Abílio (PDT). O PDT conversa com os partidos de oposição ao governo do presidente Lula: P-Sol, PV e PPS. “Sabemos que essa composição nos estados é meio complicada. Por exemplo, há uma dificuldade do PDT local conversar com o PPS. Não existe afinidade política. No P-Sol, a senadora Heloísa Helena já comunicou que vai apresentar candidaturas próprias no P-Sol. Nos resta fazer com o PV ou PDT saindo com chapas próprias nas proporcionais”, disse o gestor de Articulação Colegiada, Pedro Alves. O PPS, de acordo com o deputado federal Rogério Teófilo, depende das decisões nacionais e da verticalização. O partido tem candidato próprio, o presidente nacional da legenda, o deputado federal Roberto Freire (PE). “Houve a algum tempo atrás um diálogo com o PDT, que vai lançar candidato próprio à Presidência”, apontou. No que depender do P-Sol, as coligações possíveis, com ou sem a verticalização, são com o PSTU e o PCB. O Partido Comunista do Brasil possui uma relação com o governo Lessa. “Deveremos ter uma reunião para conversar sobre essa situação”, afirmou Mário Agra, um dos coordenadores do P-Sol. No Estado, como candidatos ao governo, se a senadora Heloísa Helena for mesmo concorrer à Presidência da República, existem quatro pré-candidatos: os professores universitários Otávio Cabral e Afonso Espíndola; o ex-dirigente do PSTU e agora integrante do partido, Ricardo Barbosa; e o engenheiro civil aposentado Abel Cavalcante. Para Agra, prejudicados com a verticalização o PT, o PSB, o PDT e o PMDB. E explica: “Ninguém pode pedir voto para Lessa. O PMDB, se lançar candidato próprio e permanecendo a verticalização, não pode coligar Téo e Renan em Alagoas. PT não pode pedir votos para Lessa porque são rivais no campo nacional”, opinou. OR

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