Política
Petistas acusados de receber propinas para financiar campanhas eleitorais

Os empresários Sérgio Gomes da Silva e Ronan Maria Pinto e o ex-secretário de Transportes de Santo André, Klinger Luiz de Oliveira Souza, foram acusados do crime de formação de quadrilha, com o propósito de extorquir dinheiro de empresários para financiar campanhas eleitorais do PT. O Ministério Público de Santo André pediu a prisão preventiva dos seis denunciados e o PT declarou que as denúncias não são verdadeiras. A denúncia, publicada ontem no jornal O Estado de São Paulo, foi feita pelo médico João Francisco Daniel, a uma comissão de promotores de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo. O Ministério Público de Santo André pediu a prisão preventiva dos seis denunciados no suposto esquema de cobrança de propina. Em depoimento prestado ao MP, João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito Celso Daniel, assassinado em janeiro, afirmou ter conhecimento de que os recursos eram entregues ao presidente do PT, José Dirceu (SP). O Ministério Público estadual ofereceu denúncia ao juiz da 1ª Vara Criminal de Santo André, Iassin Issa Amhed, em que também são acusados do mesmo crime Humberto Tarcísio de Castro, Irineu Nicolino Marin Bianco e Luiz Marcondes de Freitas Júnior. A denúncia narra que, em 1997, um dos sócios da Viação São José, Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho, participou de reunião com Klinger, então secretário de Transportes, e Sérgio Gomes, quando lhe foi exigido o pagamento mensal de cerca de R$ 40 mil, sob pena de severas restrições administrativas. Vantagem Em outra ocasião, entre fevereiro e março de 2001, ainda segundo a denúncia, Klinger teria exigido, para si e para outrem, em razão de sua função de secretário de Serviços Municipais, vantagem patrimonial indevida de Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho, Rosângela Gabrilli e Sebastião Passarelli, em prejuízo da empresa. O Ministério Público calcula que, entre o final de 1997 e o final de 2001, os denunciados exigiram e receberam do sócio da Viação São José cerca de R$ 2 milhões. Ainda segundo a denúncia, o ex-prefeito Celso Daniel tinha ciência de que parte dos recursos arrecadados pelo grupo era destinada a campanhas eleitorais. Campanha No depoimento à Promotoria de Justiça, o médico João Francisco Daniel, irmão do prefeito Celso Daniel, afirmou ter tomado conhecimento de que empresas contratadas pela prefeitura desviavam recursos para o PT. Francisco Daniel afirmou ter sabido pela ex-mulher do prefeito, Míriam Belchior, que os recursos eram levados, em espécie, para José Dirceu, e seriam destinados à campanha eleitoral de São Paulo e para a futura campanha nacional do partido. Segundo o depoimento, o esquema era liderado por Sérgio Gomes, Ronan e Klinger. Sérgio Gomes era amigo de Celso Daniel e dirigia a Pajero por ocasião do seqüestro do prefeito. A denúncia, assinada por nove promotores de Justiça, encabeçada pelo promotor Roberto Wider Filho, foi protocolada ontem à tarde. O procedimento administrativo que apurou os fatos tramitou em segredo de Justiça. Desde a morte de Celso Daniel, Gilberto atua na coordenação da campanha do candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. João Francisco teria dito que Gilberto teria contado a ele que entregou R$ 1,2 milhão arrecadados na prefeitura a Dirceu, dinheiro que seria utilizado na campanha municipal de São Paulo e na campanha nacional do PT. Esquema De acordo com o jornal, João Francisco teria procurado a promotoria de Santo André voluntariamente. Seu depoimento teria sido ouvido por quatro promotores que investigam denúncias de corrupção no governo Celso Daniel, no último dia 24 de maio. O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), divulgou ontem uma nota negando qualquer envolvimento no suposto esquema de cobrança de propina na Prefeitura de Santo André. No texto, Dirceu diz que cabe à Justiça apurar a denúncia e ao autor da acusação, João Francisco Daniel, a prova dos fatos.