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Nº 5759
Política

Renan reage a fala de conselheiro da Braskem: ‘Deboche’

Senador diz que João Paulo Nogueira Batista zomba das vítimas da petroquímica ao tentar minimizar tragédia em Maceió

Por Maylson Honorato | Edição do dia 30/01/2024 - Matéria atualizada em 30/01/2024 às 04h00

Para o senador Renan Calheiros, as declarações do conselheiro da Braskem zombam da cidade e das mais de 57 mil pessoas que tiveram de deixar seus imóveis por causa da mineração

O senador Renan Calheiros (MDB) reagiu à declaração do conselheiro da Braskem João Paulo Nogueira Batista, que disse em uma rede social que “a dita tragédia de Maceió não existiu”, referindo-se ao desastre causado pela mineração da petroquímica na capital alagoana. Por meio de nota, Calheiros afirma que o administrador zomba da cidade e das mais de 57 mil pessoas que tiveram de deixar suas casas, fazendo com que cinco bairros se tornassem áreas fantasmas.

A polêmica começou após João Paulo Nogueira Batista escrever em sua página no Linkedin que “A ação coordenada de todos e a liderança da Braskem evitaram a tragédia. Não perdemos uma vida!”. Nogueira Batista é CEO da Lojas Marisa e integrante do conselho de administração da petroquímica.

Para o senador Renan Calheiros, a afirmação beira o escarnecimento. “148 mil pessoas afetadas, 6 mil pequenas empresas fecharam, milhares ficaram adoecidas e pelo menos 17 (que temos notícia) cometeram suicídio ao serem arrancadas de suas casas”, listou o senador, em resposta ao administrador da Braskem. “Nogueira Batista, que mal pode falar pela empresa em que é CEO (a rede de varejo Marisa está mergulhada em uma severa crise) tenta engabelar milhões com a toada de uma Braskem ‘heroína’”, continua Calheiros.

O senador por Alagoas também diz que a afirmação se trata de um “deboche inaceitável” e que a postagem acaba escancarando que a petroquímica liderou acordos. “Uma óbvia admissão de que a empresa que causou o desastre, longe de ser responsabilizada, só foi coroada”.

Procurado, Nogueira disse à coluna Painel S.A., do jornal Folha de S. Paulo, que não teve a intenção de menosprezar os estragos causados pela empresa e que editaria a sua postagem no Linkedin.

ARTISTAS

Artistas de Maceió se reuniram, no domingo (28), para uma intervenção artística na Ladeira do Calmon, no Bebedouro, um dos bairros afetados pela extração de sal-gema realizada pela Braskem. No local, a frase “Maceió afunda em lágrimas!” foi pintada em letras gigantes, uma forma de chamar atenção para a tragédia ambiental que continua afetando a vida de milhares de maceioenses.

De acordo com o arquiteto Rafael Santos, a mobilização é resultado da tristeza e indignação com a desocupação de mais de 14 mil imóveis nos bairros Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto, Mutange e parte do Farol, fato que afetou cerca de 60 mil pessoas e transformou áreas habitadas em bairros fantasmas.

“Pintamos a frase ‘Maceió afunda em lágrimas!’ na ladeira de Bebedouro, lugar onde vivi por uma parte de minha vida, e o sentimento é de tristeza, de ver toda essa destruição e esse cenário de guerra em nossa cidade”, disse, pontuando que o local era movimentado e cheio de vida antes de o solo começar a afundar.

“Hoje demos um grito das pessoas que foram expulsas dos seus lares por causa da mineração de mais de 40 anos no solo da nossa cidade.”

No local da intervenção também foi gravado um clipe musical da música “Só não pode perder a fé”, composta por ManuDí, Roberto Lopes, Alamir Quintal e Tayde.

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