Política
Candidatos do PT amea�am renunciar em AL

Os dirigentes do PT em Alagoas não vão acatar a determinação do Diretório Nacional que manda o partido coligar-se com o PL. A decisão, tirada ontem, foi anunciada pelo líder do PT na Assembléia Legislativa do Estado, deputado Paulo Nunes, que também é membro da Executiva Regional. Segundo ele, se a direção nacional do PT intervir no diretório de Alagoas para fazer valer a aliança com o PL, haverá uma renúncia coletiva dos candidatos petistas no Estado, incluindo a senadora Heloísa Helena, que é candidata ao governo. Não acredito que a direção nacional intervenha. O PT tem uma prática democrática de não intervir nos Estados. Mas se houver a intervenção, todos nós tiraremos as candidaturas, disse Nunes. A executiva estadual vai registrar hoje, às 14 horas, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a ata da convenção do partido realizada no último dia 23, onde constavam na coligação apenas o PT , PCdoB e o PGT. Contudo, esse último partido desistiu de fazer parte da aliança com os petistas para se coligar ao PDT, apoiando o vice-governador Geraldo Sampaio, candidato ao governo do Estado. O PT oficializa a não-aceitação do PL e a direção nacional deverá se posicionar. Divergências O PT de Alagoas resiste à aliança com o PL devido as fortes divergências políticas e ideológicas que existem entre os dois partidos em Alagoas. O deputado federal e presidente regional do PL, João Caldas, é quem mais encontra resistência dentro do PT, além dos quatro deputados do partido na Assembléia Legislativa (Celso Luiz, Júnior Leão, Gilvan Barros e Isnaldinho Bulhões). O PL de Alagoas é patrocinado por setores que não são bem vistos pelos petistas. Não teria sentido o PT se aliar com candidatos que tanto batem no Estado, justifica Paulo Nunes. Diferença A mesma posição foi manifestada pela senadora Heloísa Helena, durante a reunião do Diretório Nacional do PT, na última sexta-feira. Ao perder a votação contra a aliança, por uma diferença de quatro votos, ela antecipou à imprensa que poderia rever sua candidatura. Reunião A reportagem da GAZETA DE ALAGOAS tentou ouvir a senadora ontem, mas sua assessoria disse que ela não podia atender, porque estava em reunião. Além de Heloísa, outros dirigentes e parlamentares petistas passaram o dia de ontem discutindo a situação da legenda no Estado. Pela decisão tomada sexta-feira no Diretório Nacional, o PT de Alagoas deveria realizar uma nova convenção ontem para incluir o PL na sua coligação. Princípios Mas a convenção não aconteceu. Foi mantida a ata da convenção anterior, onde a aliança eleitoral se resume ao PT, PCdoB e PGN. A atitude de excluir o PL no Estado pode ter reflexos na coligação nacional dos dois partidos, mas, segundo Paulo Nunes, os petistas locais não têm a intenção de inviabilizar esta aliança, que tem Lula candidato a presidente da República e o senador José Alencar (PL-MG) como vice. Palanque O Lula precisa de um palanque legítimo em Alagoas. Os candidatos do PL aqui não vão fazer campanha para ele, destaca o líder do PT na Assembléia. Segundo o deputado, o PL trata a coligação no Estado como uma questão matemática (levando em conta os votos que são necessários para eleger seus deputados), enquanto o PT trabalha a questão preocupado com a coerência e os princípios programáticos. O PT e o PL em Alagoas não têm nenhuma identidade, reforçou. Paulo Nunes aconselha o deputado João Caldas e os demais parlamentares do PL a buscarem aliança com outros partidos. Ele citou como exemplos o PFL, do deputado federal Thomaz Nonô, e o PPB, do deputado federal Augusto Farias. As duas legendas, por não terem candidato a presidente da República, podem se coligar com qualquer outra. Os dirigentes do PT no Estado voltam a se reunir na quarta-feira para avaliar os desdobramentos da decisão que tomaram. Se não houver intervenção do Diretório Nacional e a conseqüente renúncia das candidaturas locais, a próxima preocupação das lideranças, entre elas a senadora Heloísa Helena, será com a campanha eleitoral. A campanha está toda pronta. Só precisa resolver essa questão interna, finalizou Paulo Nunes. Caldas O deputado João Caldas (PL) garantiu que a coligação com o PT será mantida em Alagoas. Essa aliança é certa. Lamento que alguns petistas estejam ameaçando desistir de suas candidaturas. O PT não pertence a essas pessoas e sim à sociedade. Pode ser que alguns desistam de concorrer a eleição, mas não todos. O compromisso do PL com o PT está mantido, atendendo a determinação da executiva nacional. Com certeza o Lula não vai querer perder a eleição por causa de Alagoas, frisou João Caldas.