Política
Depoimentos de acusados � CPI foram contradit�rios

São Paulo A CPI da Câmara Municipal de Santo André ouviu ontem depoimentos de pessoas acusadas pelo Ministério Público Estadual de fazer parte de uma quadrilha que recolhia propina de empresários de ônibus durante a gestão do prefeito Celso Daniel (PT), seqüestrado e morto em janeiro. Os depoimentos foram considerados contraditórios pelos vereadores. Três acusados negaram fazer parte do esquema. Um deles se defendeu acusando: Humberto Tarcísio de Castro contou que a família Gabrili, responsável pelas denúncias que geraram a investigação, oferecia dinheiro para as empresas não participarem de concorrências. Em uma dessas reuniões ele falou para mim: Olha Humberto, eu tenho empresa grande e precisa tirar esse cara da concorrência. Eu perguntei como ele fazia, ele respondeu o dinheiro faz tudo. Irineu Nicolini que, segundo o Ministério Público, seria o responsável em buscar a propina nas empresas, também depôs. Ele confirmou que recolhia o dinheiro muitas vezes em espécie, mas negou que fosse para pagar propina. Era para assumir compromisso bancário, compromisso de folha de pagamento e outros compromissos correlatos à operação da empresa. O terceiro acusado a depor, Luís Marcondes, gerente da Associação dos Empresários de Santo André, contou que também coletava dinheiro vivo nas empresas e explicou por que fazia isso. Ou era com finalidade de troco para a associação ou era solicitado pelo próprio empresário, porque ele queria trocar dinheiro. Os três saíram escoltados pelos advogados, sem dar entrevistas. Desentendimento Os vereadores da CPI se desentenderam logo no primeiro depoimento, prestado por Humberto Tarcisio de Castro. O relator da comissão, Donizeti Pereira (PV), questionava sobre as alterações societárias da Projeção Engenharia, que já pertenceu ao empresário Ronan Maria Pinto, quando foi interrompido pelo vereador, Carlos Ferreira (PV), que alegava que o colega estava fugindo do objeto da CPI.