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Crise

Com leitos vazios e demissões em massa, Veredas tem futuro incerto

Sob intervenção há quase dois meses, instituição vem funcionando sem atender às normas do Corpo de Bombeiros

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Mesmo sob intervenção judicial, a situação do Hospital Veredas, em Maceió, continua crítica. Sindicatos denunciam demissões em massa e esvaziamento da unidade, enquanto o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM-AL) aponta irregularidades no alvará de funcionamento. Tudo isso ocorre em meio a uma intervenção judicial prestes a completar dois meses e que busca reverter o caos instalado na unidade de saúde.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Alagoas (Sateal), Mario Jorge Filho, 204 trabalhadores foram demitidos neste mês de uma só vez e sem sequer passar por exames demissionais. Além das demissões, o sindicalista conta que não há mais pacientes internados no hospital, nem atendimento de urgência e emergência.

Mário Jorge conta que o quadro de funcionários do hospital era de cerca 900 trabalhadores e que as demissões ocorreram sob a alegação de “reestruturação da unidade”. Além das demissões, os funcionários ainda aguardam o pagamento dos salários de novembro e dezembro, a segunda parcela do décimo terceiro de 2024 e o complemento do piso nacional da enfermagem.

Segundo o sindicato, a direção do hospital alega que há um bloqueio judicial de recursos que inviabiliza a compra de insumos e o pagamento dos débitos.

Em audiência pública realizada no Ministério Público do Trabalho (MPT) na última sexta-feira (24), ficou acertado, segundo Mário Jorge, que os sindicatos terão dez dias para apontar os funcionários que foram demitidos perto de se aposentar ou estão doentes.

A Gazeta apurou ainda que o Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) relatou à Justiça Federal que o projeto de segurança contra incêndio e emergência do hospital foi aprovado em 27 de agosto de 2021, mas que “não há registro por parte do interessado de cumprimento do projeto e solicitação de vistoria junto ao CBMAL”.

O Corpo de Bombeiros diz ainda que uma vistoria de fiscalização realizada em 19 de novembro de 2024 resultou em um Termo de Notificação, pois o hospital encontra-se “irregular, quanto à segurança contra incêndio e emergências”.

A Justiça Federal determinou a intervenção judicial no Hospital Veredas com o objetivo de restabelecer a ordem e a qualidade dos serviços prestados à população.

O hospital, que possui cerca de 300 leitos, com 227 destinados ao SUS, aguarda agora a apresentação do plano de reestruturação.

A ação civil pública movida contra o Veredas aponta para uma queda acentuada no número de internações ao longo dos anos. Em 2019, foram registradas 10.058 internações, enquanto em 2023 esse número caiu para 3.821, representando uma redução de 62,37% no período. Essa queda corresponde a 6.237 internações a menos entre o primeiro e o último ano analisado.

A decisão judicial que estabeleceu a intervenção recomenda que o Ministério da Saúde realize uma auditoria no Hospital Veredas no prazo de 90 dias e que a intervenção judicial terá um prazo não inferior a 180 dias, prorrogáveis por igual período. O Juiz Federal da 13ª Vara determinou a apresentação de relatórios sobre a situação do hospital no prazo de 60 dias e um plano de reestruturação do hospital com um prazo de três meses para ser apresentado.

A Gazeta enviou à direção do Veredas questionamentos sobre o cumprimento das obrigações previstas na decisão judicial, que decretou a intervenção no hospital. A assessoria da instituição informou que iria enviar uma resposta, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.

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