loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
domingo, 23/03/2025 | Ano | Nº 5929
Maceió, AL
27° Tempo
Home > Política

NOVIDADE

Novo mapa de dano da Braskem pode mudar rumo da tragédia em Maceió

Avaliação é da Defensoria Pública, que divulgou nota técnica incluindo Flexais entre as áreas afetadas

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Novo mapa de dano da Braskem pode mudar rumo da tragédia em Maceió
Novo mapa de dano da Braskem pode mudar rumo da tragédia em Maceió | Foto: Divulgação

Além de causar surpresa aos moradores dos Flexais, Marquês de Abrantes e Levada, a divulgação recente de uma nota técnica, elaborada em 2022, pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), pode alterar a compreensão oficial sobre a extensão dos danos e as áreas afetadas pela exploração de sal-gema pela Braskem, em Maceió. A novidade pode mudar a compreensão oficial da tragédia.

O documento veio à tona pela Defensoria Pública do Estado de Alagoas e tem potencial de alterar o rumo da história, incluindo áreas que, até então, não haviam sido adequadamente monitoradas, como avalia o defensor público Ricardo Melro. Ele ressaltou que o relatório original já apontava a possibilidade de que a região atingida estivesse subdimensionada, com indícios de subsidência – ou afundamento do solo – além da zona oficialmente reconhecida.

“Esse é o ponto mais crítico e precisa ser urgentemente atualizado”, afirmou Melro. Segundo ele, a situação nas bordas da área reconhecida, especialmente nos Flexais, é severa, o que reforça o alerta feito pela CPRM de que a tragédia pode ser ainda maior do que o inicialmente considerado.

A preocupação do defensor também se estende à metodologia de monitoramento utilizada. Ele criticou a falta de ferramentas mais precisas, como o Laser Scanner e a topografia detalhada, para detectar e medir os deslocamentos do solo. “A verdade precisa ser esclarecida. O povo de Maceió não pode continuar sofrendo enquanto o problema é tratado como menor do que realmente é”, concluiu.

Novo mapa de dano da Braskem pode mudar rumo da tragédia em Maceió
Novo mapa de dano da Braskem pode mudar rumo da tragédia em Maceió | Foto: Divulgação

Enquanto isso, a Associação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), que representa os moradores das áreas afetadas, divulgou uma carta aberta denunciando a exclusão dos Flexais, Marquês de Abrantes e Quebradas do plano de compensação financeira da mineradora. Na carta, a entidade lamenta a não divulgação da Nota Técnica 04/2022, do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), e critica a falta de reconhecimento dos danos sofridos por essas comunidades.

Os moradores apontam que, embora enfrentem as mesmas patologias estruturais que motivaram a remoção de famílias de outros bairros, como Pinheiro e Mutange, os moradores dos Flexais foram injustamente deixados de fora do plano de compensação.

Para eles, o relatório técnico, agora divulgado pela Defensoria Pública, confirma que há subsidência, embora em taxas pequenas, nas áreas dos Flexais, e que o monitoramento atual, utilizando interferometria, não é suficientemente preciso para delimitar com segurança a abrangência do fenômeno.

A carta aberta também destaca a crítica feita pelo geólogo Thales Sampaio, da CPRM, durante a CPI da Braskem, questionando a situação dos Flexais. Sampaio desafiou publicamente qualquer um a provar o contrário, ou seja, que o afundamento do solo não afeta as áreas de Flexais e que a responsabilidade da Braskem não é clara. Esse desafio, segundo os moradores, nunca foi aceito por aqueles que insistem em negar os direitos das vítimas.

Tanto a Defensoria Pública quanto a associação que representa os moradores dos Flexais pedem uma revisão urgente do plano de compensação, com base nas novas informações que surgem, e a implementação de métodos mais eficazes para monitorar os danos.

O que está em jogo, segundo essas entidades, não é apenas uma questão de compensação financeira, mas também de justiça social e ambiental, considerando que as populações mais vulneráveis de Maceió seguem sendo as mais afetadas pela tragédia.

“Hoje, três anos depois, nossas vistorias de campo confirmam danos severos exatamente nessas bordas. O que pedimos à CPRM, que tem credibilidade e respeito, é a atualização desse estudo com os equipamentos corretos, sem interferência de outros órgãos públicos e da Braskem, para garantir que todas as áreas afetadas sejam reconhecidas e que medidas urgentes sejam tomadas. A verdade precisa ser esclarecida. O povo de Maceió não pode continuar sofrendo enquanto o problema é tratado como menor do que realmente é”, reforçou Ricardo Melro.

Relacionadas