Afundamento
Defensoria quer novo estudo sobre impactos da mineração em Maceió
Documento a que o órgão teve acesso aponta movimentações no solo em pontos fora da área crítica


De posse de uma nota técnica emitida pelo Serviço Geológico do Brasil em abril de 2022 e divulgada somente neste mês, a Defensoria Pública de Alagoas decidiu cobrar novos estudos da Defesa Civil de Maceió sobre os impactos das atividades de mineração na capital. O caso repercutiu na Câmara Municipal de Maceió e, na sessão de ontem (13), vereadores cobraram transparência do órgão municipal sobre as informações relacionadas ao afundamento do solo.
O documento a que a Defensoria Pública de Alagoas teve acesso aponta movimentações no solo em pontos da capital que estavam fora do Mapa de Risco do afundamento provocado pela Braskem, como o bairro Levada, a área dos Flexais de Bebedouro e na região próxima à Avenida Fernandes Lima, no Farol.
“Tem um mapa produzido pela CPRM (Serviço Geológico) que abarca uma área muito maior que o mapa oficial. O bairro da Levada é um exemplo que nunca foi citado e nunca apareceu em qualquer outro estudo e ele aparece numa velocidade crítica de afundamento”, afirma o defensor público Ricardo Melro.
A nota técnica do Serviço Geológico do Brasil aponta a região próxima ao principal corredor de transportes de Maceió, a Avenida Fernandes Lima, como área que pode sofrer danos em decorrência da mineração. Não há riscos à população, mas de prejuízos financeiros aos que moram no Farol e podem sofrer com a desvalorização dos imóveis, que podem apresentar problemas na estrutura. O assunto foi tratado pela Gazeta no mês passado.
Segundo o pesquisador, engenheiro civil e professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Abel Galindo, o raio da área afetada pela mineração da Braskem – que comprometeu mais duramente cinco bairros da capital – deve chegar à Avenida Fernandes Lima, no Farol, num processo de acomodação do solo.
Durante inspeção em fevereiro deste ano na região que envolve a Rua Barão de José Miguel, no Farol, Abel Galindo declarou que os imóveis na região próxima à Avenida Fernandes Lima devem se desvalorizar, causando prejuízos financeiros aos proprietários, mas sem risco à vida dos moradores da área.
“Sem essa transparência adequada, sem essa publicidade adequada, a população que está sendo vitimada continua em risco porque não sabe o problema que está acontecendo sob o solo que elas pisam. Se em 2022 já apontava vários problemas nos imóveis do entorno e uma falha imensa nesse monitoramento, como está essa situação após dois anos e meio?”, questiona o defensor Ricardo Melro.
O estudo mostra deficiências no monitoramento realizado pelos órgãos responsáveis e alerta sobre a possibilidade de subsidências menores estarem passando despercebidas, além de sugerir avaliação mais detalhada e precisa da situação, com novos equipamentos e levantamentos topográficos detalhados.