Diretório estadual
PT: Executiva Nacional restitui 3.386 filiações ao partido em Alagoas
Decisão de caráter terminativo reforça pluralidade interna e aquece disputa pelo comando do partido no estado


A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) reconheceu como legítimas 3.386 filiações que haviam sido indeferidas pelo diretório estadual em Alagoas. A medida, comunicada oficialmente por meio do Ofício SORG 15/25, foi divulgada ontem pelo deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT), um dos principais articuladores do recurso que resultou na reversão.
A decisão, unânime e com caráter terminativo, partiu da Câmara de Recursos do Diretório Nacional do PT, que acolheu o apelo de lideranças e filiados que denunciaram o indeferimento em massa como uma manobra excludente.
A medida encerra qualquer possibilidade de contestação e restabelece os direitos dos mais de três mil petistas no processo interno da sigla.
Segundo o documento assinado pela secretária nacional de organização, Sonia Braga, os filiados restituídos devem agora atualizar seus dados cadastrais — incluindo telefone e e-mail — podendo regularizar a situação até mesmo no dia da eleição interna, prevista para julho.
A decisão da Executiva Nacional intensifica a já acirrada disputa pelo controle do PT em Alagoas.
Lideranças locais interpretaram os indeferimentos como uma tentativa de minar a participação de setores críticos à atual gestão estadual, liderada pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB).
O deputado Ronaldo Medeiros, da tendência oposicionista Resistência Socialista, comemorou nas redes sociais. “Dia especial, domingo da verdade, da justiça e da democracia!”, escreveu.
OPOSIÇÃO
A restituição dos filiados altera o cenário da eleição interna do partido, que pela primeira vez desde sua fundação em Alagoas, em 1982, pode culminar com a vitória de um grupo de oposição.
A disputa promete ser acirrada entre as principais correntes internas, com destaque para a pré-candidatura de Dafne Orion, da CNB, e o fortalecimento de nomes da Resistência Socialista e de outras forças que buscam renovar a direção estadual.
Com quase 19 mil novos pedidos de filiação até o final de fevereiro, o PT alagoano vive um momento de forte mobilização e também de tensão. A oposição denuncia estagnação do partido nos municípios e pede investigação sobre o uso de recursos eleitorais.
A possibilidade de uma candidatura única à presidência estadual parece distante. “Consenso é difícil”, afirmou Medeiros, refletindo o clima de embate que marca o processo de escolha do novo comando petista em Alagoas.
A Executiva Estadual do PT não se pronunciou, embora tenha sido procurada pela Gazeta.