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Ações judiciais

Processos contra o INSS crescem 92% em AL e somam 371 mil em 5 anos

Especialistas atribuem aumento à morosidade nas análises, indeferimentos e reforma previdenciária

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Julheth Silva diz que há casos de solicitações que ficam paradas no INSS por mais de seis meses
Julheth Silva diz que há casos de solicitações que ficam paradas no INSS por mais de seis meses | Foto: ARQUIVO PESSOAL

Nos últimos cinco anos, os novos processos contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Alagoas somaram 371.963 mil. Dados do Conselho Nacional de Justiça mostram que em 2022 foram 48.099 novos casos; Já em 2024, esse número saltou para 92.661, um aumento em 92,6%. Apesar de estar acima do percentual nacional, o Estado tem o menor crescimento entre os demais do Nordeste.

Advogados especialistas em Direito Previdenciário apontam diferentes causas para o avanço das ações judiciais. Entre os principais fatores estão a lentidão nas análises administrativas, o indeferimento de pedidos com documentação regular e os efeitos da reforma da Previdência, que dificultaram o acesso a determinados benefícios.

Para o advogado João Onuki, a mudança nas regras previdenciárias é um dos principais catalisadores da atual onda de judicialização. “A reforma introduziu o critério etário, o que impede que muitos trabalhadores se aposentem mesmo tendo cumprido o tempo de contribuição. Como continuam ativos sob sobrecarga, acabam adoecendo e precisam de benefícios por incapacidade”, explica.

Onuki destaca também o atraso nas respostas por parte do INSS. “O prazo legal varia entre 45 e 120 dias, mas, muitas vezes, a análise sequer é iniciada nesse período. O segurado, então, é forçado a buscar o Judiciário para garantir o mínimo de avaliação do pedido”, afirma. Ele ainda menciona que a automatização do sistema também contribui para o problema. “Sem uma solicitação bem estruturada, o sistema não concede o benefício, e isso leva o cidadão a recorrer à Justiça”.

A morosidade nas análises também é citada pela advogada Julheth Silva como um dos principais entraves enfrentados por seus clientes. “Temos pedidos que ficam parados por mais de seis meses. Em muitos casos, mesmo com laudos e exames suficientes, o INSS nega benefícios, especialmente por incapacidade, o que considero um desrespeito à realidade de saúde dessas pessoas”, aponta.

Outro agravante, segundo Julheth, é o impacto da suspensão indevida de benefícios já concedidos: “Vemos casos em que o segurado tem o auxílio cortado sem justificativa plausível, o que agrava ainda mais a situação financeira de quem já está em situação vulnerável. Infelizmente, o INSS falha repetidamente em análise de processos, o que nos obriga a recorrer à Justiça com frequência”.

QUANDO ACIONAR A JUSTIÇA

Os especialistas são unânimes ao afirmar que o caminho judicial deve ser buscado apenas após esgotadas as tentativas na via administrativa. “É uma exigência legal. Primeiro, o segurado deve fazer o pedido no INSS e aguardar a resposta. Só com o indeferimento ou ausência de análise é que ele pode recorrer ao Judiciário”, orienta a advogada Michelle Alcântara, que atende casos na área da saúde.

Julheth complementa: “Se a resposta não vier no prazo ou não atender às necessidades do cidadão, a judicialização é a única alternativa viável para garantir o acesso ao direito”.

Mesmo com o grande número de processos em Alagoas, o aumento das ações entre 2020 e 2024 é menor do que nos demais estados nordestinos. Os três especialistas avaliam que, apesar dos entraves, a Justiça tem respondido com relativa rapidez em Alagoas.

Julheth diz que mais da metade dos processos de 2024 já foram concluídos com êxito. Michelle Alcântara reforça que o tempo médio gira entre um ano e um ano e meio, e João também reconhece a celeridade local: “É uma Justiça eficiente, e isso precisa ser mantido”.

Alagoas possui uma taxa bruta de congestionamento de 34,56%, revelam os números atualizados até 31 de março de 2025 do painel do CNJ. Embora o percentual possa parecer alto, os especialistas afirmam que ele está abaixo da média nacional. “A Justiça Federal em Alagoas é ágil e bem estruturada. É essencial garantir que continue assim, com equipe e recursos adequados, para que o cidadão tenha um respaldo eficaz”, avalia Onuki.

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