Sem aulas
Greve de professores amplia crise na rede municipal de Educação de Maceió
Vereadores divergem sobre impasse entre prefeitura e categoria, e mais de 50 mil alunos seguem sem aulas


A paralisação dos professores da rede pública de Maceió chegou à terceira semana sem avanço nas negociações e mantém mais de 50 mil crianças e adolescentes fora das salas de aula. O impasse foi tema central da sessão de ontem na Câmara de Vereadores, onde parlamentares apresentaram posicionamentos divergentes sobre a condução do caso pela Prefeitura.
A pauta da categoria inclui reajuste salarial, melhorias estruturais e valorização profissional. Os professores reivindicam um aumento de 13,06%, a ser pago integralmente, enquanto a proposta apresentada pelo Executivo municipal prevê reajuste de 6,27% parcelado.
A vereadora Teca Nelma (PT) relembrou que, após reunião com o Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), parlamentares haviam se comprometido a intermediar o diálogo com a gestão municipal. “Entramos na terceira semana sem negociação, e o elo mais fraco da questão são as nossas crianças”, afirmou.
O presidente da Comissão de Educação da Câmara, vereador Leonardo Dias (PL), concentrou suas críticas no governo federal, sem mencionar a paralisação local. Já o vice-presidente da Comissão, vereador Jônatas Omena (PL), cobrou uma resposta direta da Prefeitura. “O prejuízo é enorme para as nossas crianças”, disse.
Durante a sessão, pais presentes ou representados por mensagens pediram aos vereadores da base governista, que somam 22 dos 27 parlamentares da Casa, que incentivem a reabertura do diálogo entre a gestão e os professores.
Além da questão salarial, a categoria também aponta problemas estruturais, como a precariedade no transporte escolar, que já afetava a frequência dos alunos antes da greve. Segundo Teca Nelma, em algumas salas com 30 estudantes, apenas metade conseguia comparecer às aulas por falta de condução. Climatização das salas, contratação de profissionais especializados e melhores condições de trabalho também estão entre as demandas.
A vice-presidente do Sinteal, Maria do Socorro, reforçou a disposição da categoria em retomar as conversas. “Os professores estão abertos ao diálogo, mas não aceitam mais complementações salariais que desrespeitem o piso nacional da categoria.”
Até o momento, não houve novo encontro oficial entre representantes do Executivo e da categoria. A ausência de mediação por parte da Comissão de Educação também foi apontada como um dos fatores que contribuem para o prolongamento da greve.