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Vereadores cobram inclusão social na futura roda-gigante panorâmica da orla

Parlamentares propõem medidas para garantir acessibilidade a moradores e permanência de ambulantes

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Receio é de que roda-gigante vire diversão exclusiva para turistas
Receio é de que roda-gigante vire diversão exclusiva para turistas | Foto: @Ailton Cruz

Sem data oficial de inauguração, mas com mais de 65% das obras concluídas, a futura Roda-gigante Panorâmica de Maceió, com 45 metros de altura, já movimenta tanto o turismo quanto a política. Apontada como a mais moderna do Nordeste e a primeira com essa dimensão instalada em uma capital da região, a estrutura é fruto de uma Parceria Público-Privada (PPP) que prevê um investimento inicial de R$ 25 milhões — “inteiramente da iniciativa privada”, garante o prefeito JHC (PL), que também mira o capital político da obra.

Apesar de reconhecerem o potencial turístico e econômico do novo atrativo, vereadores de Maceió demonstraram, em plenário, uma preocupação central: como garantir que a roda-gigante não se transforme em um privilégio restrito a turistas e à população de maior renda? Em uma cidade com cerca de 1 milhão de habitantes e profundas desigualdades sociais, a exclusão simbólica e econômica tornou-se ponto sensível do debate.

A crítica mais recorrente gira em torno da ausência de garantias de acessibilidade para a população local. Até o momento, a prefeitura e a empresa responsável não divulgaram o valor oficial dos ingressos. Ainda assim, os parlamentares temem que os preços fiquem fora do alcance das famílias de baixa renda.

Nesse contexto, o vereador Luciano Marinho (PL) apresentou a primeira medida concreta: uma Indicação Legislativa propondo desconto no ingresso para moradores em situação de vulnerabilidade. A proposta foi aprovada pela maioria dos 27 vereadores, embora não tenha definido um percentual. A justificativa citou o uso do espaço público e a necessidade de retorno social do empreendimento.

Marinho defendeu que, por se tratar de uma atração instalada em área pública, é dever da gestão municipal buscar alternativas administrativas e jurídicas que garantam a inclusão social. “A PPP é privada, mas o solo é do povo. O retorno não pode ser apenas econômico”, destacou.

A proposta, porém, foi recebida com ceticismo por alguns parlamentares. Durante a apresentação da indicação, houve risos no plenário e comentários irônicos sobre a ausência de informações oficiais sobre preços e inauguração. Ainda assim, o debate revelou um ponto de tensão: quem será, de fato, o beneficiário da nova atração?

Outra frente de preocupação foi levantada pela vice-presidente da Câmara, vereadora Silvânia Barbosa (Solidariedade), que protocolou requerimento pedindo garantias para que ambulantes possam trabalhar nas imediações da roda-gigante. O temor, segundo ela, é que apenas a empresa responsável tenha direito à exploração comercial da área.

“Há uma preocupação legítima de que os ambulantes sejam excluídos, como se fossem um incômodo ao novo visual turístico da cidade”, declarou a vereadora. Para ela, impedir a presença dos trabalhadores informais seria um retrocesso social, afetando centenas de famílias que sobrevivem da venda de alimentos e lembranças na orla.

Apesar das críticas, os dois vereadores reconhecem os potenciais benefícios do projeto. A estimativa da prefeitura é que a roda-gigante receba cerca de 1.300 visitantes por dia, movimentando
R$ 24 milhões por ano na economia local — com impactos positivos esperados em setores como hotelaria, gastronomia, artesanato e serviços turísticos.

Nas redes sociais, o prefeito JHC reafirmou que o investimento é 100% privado e que a construção tem gerado empregos diretos. O receio, porém, é que o equipamento vire uma vitrine exclusiva para turistas, como já ocorreu em outras capitais.

Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro adotaram soluções para evitar esse tipo de exclusão, como gratuidade em dias específicos ou preços populares para moradores cadastrados. Luciano Marinho sugeriu que Maceió siga exemplos similares. As demandas foram encaminhadas ao prefeito, que ainda não se pronunciou sobre os pedidos relacionados à inclusão ou aos ambulantes.

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