Prevenção
AL pode ser 1º estado do NE a adotar o sistema federal de alerta da Defesa Civil
Ferramenta será integrada aos sistemas locais e promete mais agilidade, alcance e menor burocracia


Em um momento de intensificação dos eventos climáticos extremos, Alagoas poderá ser o primeiro estado do Nordeste a adotar o sistema federal “Defesa Civil Alerta”, ferramenta já utilizada com sucesso em regiões do Sul e Sudeste do país para notificar a população sobre riscos de desastres naturais.
O sistema envia alertas sonoros e mensagens diretamente aos celulares, sem necessidade de cadastro, e poderá reforçar as estratégias de prevenção no estado, que registrou quase 300 mm de chuva em apenas 48 horas.
A proposta ganhou força ontem, após o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Moisés Melo, apresentar um relatório detalhado sobre os impactos das chuvas na região metropolitana.
Em reunião com o governador em exercício Ronaldo Lessa (PDT), o oficial defendeu a implantação urgente do novo modelo. Lessa deu sinal verde para a adesão ao sistema federal, cuja implementação depende agora de autorização do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
De fácil acesso e gratuito, o “Defesa Civil Alerta” funciona em aparelhos celulares lançados a partir de 2020, com cobertura em áreas com sinal 4G ou 5G. O alerta interrompe qualquer aplicativo em uso para emitir notificações em tempo real, com orientações diretas de autoproteção. Estados como Rio Grande do Sul e São Paulo já demonstraram redução significativa de vítimas em tragédias naturais com o uso da tecnologia.
Atualmente, Alagoas conta com sistemas próprios de monitoramento, como o da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), que envia boletins meteorológicos às prefeituras. Em Maceió, a Defesa Civil municipal também opera um sistema de alerta via SMS, mas que depende de cadastramento prévio do usuário. A limitação, segundo autoridades, compromete o alcance da comunicação em áreas mais vulneráveis.
Nos últimos dois dias, Maceió registrou 291 mm de chuva acumulada — mais do que o previsto para todo o mês.
A preocupação é ainda maior nas áreas de risco associadas ao afundamento do solo causado pela mineração da Braskem, como Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Bebedouro e parte do Farol. Segundo a Defesa Civil estadual, não há movimentações anormais registradas até o momento, mas o nível de alerta foi elevado, e equipes seguem em campo monitorando deslizamentos e alagamentos.
O coronel Moisés destacou que o novo sistema federal complementa os esforços estaduais e municipais. “A grande vantagem é que o alerta não depende da iniciativa do cidadão. Ele recebe automaticamente o aviso, mesmo que não esteja cadastrado”, frisou.
O secretário municipal de Defesa Civil, Abelardo Nobre, também reforçou a importância da comunicação direta. “Qualquer cidadão pode acionar a Defesa Civil pelo 199 ou 156, e se cadastrar para receber os alertas da prefeitura enviando o CEP por SMS para o número 40199”, lembrou.
Em um estado marcado por vulnerabilidades estruturais e climáticas, a adesão ao “Defesa Civil Alerta” é tratada como prioridade. “Mais do que uma tecnologia, é uma política pública pela vida”, resume Moisés. Com o aval do governo estadual e o apoio de prefeitos, resta ao governo federal viabilizar a implantação o quanto antes. A realidade climática de Alagoas exige respostas rápidas, integradas e eficazes.
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