Emergência
Prejuízos com temporais em AL podem ultrapassar R$ 10 mi
Mais de 30 municípios relataram danos após as chuvas; Defesa Civil aguarda relatórios para acionar apoio federal


Os temporais que atingiram Alagoas nos últimos dias já provocaram prejuízos estimados em mais de R$ 10 milhões e deixaram pelo menos seis municípios em situação de emergência (nível 2), segundo estimativas preliminares da Defesa Civil Estadual.
O volume acumulado de 560 milímetros de chuva em diversas regiões metropolitanas e do interior expôs, mais uma vez, a vulnerabilidade da infraestrutura urbana e rural no Estado.
Com danos em casas, ruas, sistemas de abastecimento, redes de esgoto, equipamentos públicos e áreas ambientais, os municípios de Coqueiro Seco, Maceió, Passo do Camaragibe, Rio Largo, São Luís do Quitunde e Satuba estão entre os mais afetados até o momento. Ao todo, mais de 30 municípios já relataram algum nível de impacto e iniciaram a elaboração de relatórios para obter apoio emergencial dos governos federal e estadual.
A situação de emergência de nível 2 é decretada quando o município não tem condições financeiras de arcar com os prejuízos causados por eventos extremos e precisa de recursos externos para recuperação. O nível 3, mais grave, é reservado a casos de calamidade pública, como o que atingiu o Rio Grande do Sul em 2023.
De acordo com o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Moisés Melo, as prefeituras têm até 10 dias para enviar seus relatórios técnicos ao Ministério da Integração e à Defesa Civil Nacional. O envio é pré-requisito para reconhecimento oficial da situação e posterior liberação de verbas emergenciais.
O município de São Luís do Quitunde apresenta um dos quadros mais graves: 80% da área urbana sofreu danos severos, e o acesso à zona rural ainda está bloqueado por alagamentos e deslizamentos. A rodovia AL-407, na altura da Avenida Arthur Ramos 1, também foi interditada por risco de deslizamento de encostas. Técnicos alertam para a necessidade de vistorias urgentes ao longo do traçado.
Até essa segunda-feira (27), o número de desalojados e desabrigados passava de 2.685 pessoas, segundo a Defesa Civil. Em Rio Largo e Passo do Camaragibe, os relatos são de dezenas de famílias sem abrigo. A Secretaria Estadual de Assistência Social deverá se reunir com os municípios para organizar a ajuda humanitária, mas a resposta ainda é considerada lenta diante da demanda.
Apesar da gravidade, os técnicos acreditam que o número de desabrigados deve cair nos próximos dias com a diminuição das chuvas. No entanto, a quadra chuvosa se estende até agosto, o que exige atenção redobrada e planejamento mais robusto. Hoje, a resposta ainda é majoritariamente reativa, com foco no socorro imediato, sem alterar a realidade estrutural dos municípios vulneráveis.
A falta de estrutura técnica nos municípios menores dificulta a elaboração de relatórios detalhados. Técnicos estaduais têm auxiliado na coleta de dados, mas alertam que a ausência de equipes capacitadas compromete o acesso aos recursos e atrasa medidas de reconstrução.
Em Maceió, apesar dos estragos em áreas de grotas e encostas, a Defesa Civil local — sob o comando de Abelardo Nobre — mantém capacidade de resposta mais estruturada. Ainda assim, os impactos sociais são significativos.
O ponto positivo, segundo os técnicos, foi a atuação dos sistemas de alerta da Semarh e da Defesa Civil em alguns municípios, que evitaram vítimas fatais. Até o momento, os danos são apenas materiais — mas o alerta continua.