Bastidores
Aceno do PSB a JHC incomoda PL e esquenta clima político na Câmara
Deputado Arthur Lira diz que parceria com o prefeito de Maceió segue firme, apesar de “ruídos”


A declaração do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, elogiando publicamente o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), e sinalizando que a legenda está de portas abertas para sua filiação, provocou um forte impacto político na Câmara de Vereadores.
A maior bancada da Casa, o próprio PL, que conta com 11 parlamentares, foi diretamente atingida pela repercussão da notícia, revelando fissuras entre lealdade política, identidade ideológica e estratégias eleitorais.
A reação foi imediata. O presidente da Casa, Galba Netto (PL), preferiu adotar cautela e declarou apenas: “Estou no PL, não há o que discutir”. Nos corredores, no entanto, a frase foi interpretada como um indicativo de observação cuidadosa dos próximos movimentos do prefeito, especialmente com as eleições de 2026 no horizonte.
O desconforto entre vereadores mais ligados a pautas conservadoras foi evidente. “Mais de 60% dos 14.712 votos que recebi nas eleições municipais são de evangélicos e conservadores. Eu também sou conservador”, afirmou o vereador Luciano Marinho (PL), destacando sua base de apoio, mas sem romper com o prefeito.
Na mesma linha, Eduardo Canuto (PL) reforçou: “Não tem sentido eu me filiar ao PSB. É distante da minha convicção política. Mas se mantido o projeto do prefeito disputar eleição majoritária, estarei com ele”.
Já Leonardo Dias (PL) evitou polêmicas e afirmou: “Sou conservador e não tenho motivo nem pretendo sair do PL”.
Nos bastidores, há quem admita — sob anonimato — que uma “debandada geral” não está descartada, caso JHC efetive a mudança de legenda. O apoio ao prefeito, nesses casos, parece mais estratégico do que programático. Por outro lado, Talles Diniz e Milton Ronalsa, únicos representantes do PSB na Casa, evitaram adiantar articulações e limitaram-se a dizer: “Todos são bem-vindos”.
MDB e outras siglas também acompanham com atenção o movimento. Entre os emedebistas — José Márcio Filho, Kelmann Vieira, Fátima Santiago e Allan Pierre —, o silêncio sobre mudanças partidárias é interpretado como sinal de cálculo político.
Apesar das especulações, JHC segue em silêncio público sobre seu futuro partidário. Mas o gesto do PSB foi interpretado como uma movimentação estratégica com vistas a 2026, alimentando a tese de que a fidelidade ideológica dá lugar, cada vez mais, à lógica eleitoral.
Neste domingo (1º), o PSB realiza seu XVI Congresso Nacional e deve eleger como presidente nacional do partido o prefeito do Recife, João Campos, com o qual JHC mantém uma boa relação.
LIRA REFORÇA APOIO A JHC E FALA EM GOVERNO DE ALAGOAS
O deputado federal Arthur Lira (PP) resolveu colocar fim aos rumores sobre um possível distanciamento entre ele e o prefeito. Em entrevista concedida na sexta-feira (30) à GazetaNews, durante evento da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), Lira reafirmou a parceria e defendeu abertamente JHC como candidato ao governo do Estado.
“Não mudou nada com o prefeito JHC. Eu sempre fui parceiro e continuo sendo parceiro. Espero vê-lo governador do Estado. Alagoas precisa e necessita de um revigoramento”, disse o parlamentar, em tom enfático.
A fala de Lira ganha ainda mais força no momento em que se especula sobre exonerações de nomes ligados a ele na Secretaria Municipal de Educação. O deputado, no entanto, minimizou o episódio e reforçou que “complicações políticas são normais do dia a dia”, mas que a parceria permanece firme. “Ele [JHC] tem juventude, tem força e, se aceitar o desafio, todas as pesquisas apontam favoritismo largo”, afirmou.
Além das questões políticas, Lira também comentou sobre o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, do qual é relator. Questionado sobre se a crise fiscal enfrentada pelo governo federal poderia comprometer a proposta, foi categórico: “A questão fiscal que o governo passa agora com o IOF não pode comprometer a isenção do IR. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A isenção é pacífica. Estamos discutindo apenas a compensação”, disse, defendendo a proposta como ato de “justiça tributária”.