loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
sábado, 07/06/2025 | Ano | Nº 5983
Maceió, AL
24° Tempo
Home > Política

Crise

Após queda em ranking, deputados condenam cortes e abandono da Ufal

Parlamentares apontam má gestão de recursos e criticam prioridades do governo federal na Educação

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Universidade Federal de Alagoas caiu 82 posições em ranking internacional deste ano

Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Instalada no Campus A.C. Simões, em Maceió, Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz
Universidade Federal de Alagoas caiu 82 posições em ranking internacional deste ano Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Instalada no Campus A.C. Simões, em Maceió, Alagoas - Brasil. Foto:@Ailton Cruz | Foto: @Ailton Cruz

A queda da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) no ranking do Centro para Rankings Universitários Mundiais (CWUR) provocou críticas contundentes de parlamentares alagoanos à política orçamentária do governo Lula. Para os deputados federais Fábio Costa (PP) e Alfredo Gaspar, do União Brasil, e o vereador por Maceió Leonardo Dias (PL), a crise enfrentada pela universidade é reflexo direto do desmonte promovido pelo Executivo federal.

“Quando uma universidade como a Ufal despenca num ranking internacional por falta de investimento, a gente não está falando só de nota de estudantes. Está falando de falta de respeito com quem estuda, trabalha e acredita na educação pública de verdade. O governo Lula virou as costas pra essas instituições, que estão perdendo estrutura, qualidade e até risco de fechar serviços essenciais. Eu não sou defensor de universidade que vive de ideologia, mas sou defensor da educação que transforma, que prepara e que dá oportunidade. A Ufal precisa de apoio do governo, não de abandono orçamentário”, afirmou Fábio Costa.

ORÇAMENTO DEFASADO

A avaliação do CWUR foi divulgada na última segunda-feira (2) e mostra que a Ufal caiu 82 posições em relação a 2024: de 1.864º para 1.946º lugar entre as melhores instituições de ensino superior do mundo. O reitor Josealdo Tonholo atribuiu a queda à falta de recursos para ações de internacionalização, pesquisa e manutenção básica. Segundo ele, a universidade está em 2025 com orçamento de 2009.

“O Ministério da Fazenda parece que pensa com a cabeça de alguém de Marte. As contas do serviço público são pagas mês a mês. Os terceirizados recebem todo mês. E aí o governo federal inventa uma história de desembolsar em 18 vezes, mas por mês. Ou seja, vai bloqueando e, no lugar de desembolsar o que a gente gasta no mês, está liberando 66%. Só que isso vai virando uma bola de neve e chega um ponto que a gente já não tem mais como pagar os contratos”, criticou Tonholo.

Os compromissos financeiros citados pelo reitor incluem despesas básicas como energia, água, internet, serviços de segurança, limpeza e manutenção. Há uma dívida de R$ 3 milhões com a Equatorial Energia que pode afetar o funcionamento do campus A.C. Simões, em Maceió, e do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU).

GESTÃO FISCAL

Para o deputado Alfredo Gaspar, o problema vai além da universidade. Ele aponta para o que considera uma gestão fiscal ineficiente. “Contudo, isso não tem sido suficiente para sustentar sua gastança crescente e irresponsável. A máquina pública brasileira corre o risco de parar. A Ufal, como várias outras universidades, tem sentido o peso do caos administrativo federal. O governo Lula tem se especializado na falta de planejamento na aplicação de recursos, gastos excessivos em áreas não essenciais e no aumento exagerado da irresponsabilidade fiscal. O resultado dessa fórmula caótica é a falta de recursos para a manutenção de serviços essenciais”, argumentou.

O reitor da Ufal reforçou que, mesmo diante do cenário de escassez, a instituição segue buscando alternativas para manter os serviços essenciais funcionando.

“Temos que respeitar o ranking, e cada ranking tem a sua característica, mas não podemos nos pautar por eles. Até porque a Ufal tem que impactar aqui no estado de Alagoas. É ótimo que a gente tenha alguma cooperação internacional, produção relevante para o lado de fora, mas o nosso foco é desenvolver Alagoas e por isso que nos nossos oito campus a gente está fazendo diferença aonde a universidade está, mesmo nessa situação de extrema dificuldade de funcionamento”, afirmou.

Para o deputado estadual Cabo Bebeto (PL), essa queda não surpreende. “Falta dinheiro, faltam recursos. A educação é um serviço, e, quando não há recursos para mantê-lo, é natural que a qualidade caia. Produto é uma coisa, serviço é outra. Por isso, repito: não é surpresa para mim. Apenas lamento pelos professores, funcionários, terceirizados e alunos que não fizeram o L. Já os que fizeram, estão colhendo o que plantaram”, afirmou.

Para Bebeto, o governo federal hoje funciona como um cofre que só libera dinheiro, sem responsabilidade e sem cumprir ou estudar seus compromissos. “O que estamos vendo na Ufal — e também em outras universidades — é reflexo de uma economia onde só se gasta e não se arrecada. Uma hora isso faz falta. Reitero meu lamento aos professores, funcionários, terceirizados e estudantes que não apoiaram esse governo. Aos que apoiaram, está aí o resultado”.

CORTES

Entre as ações de contenção adotadas pela reitoria estão a redução de contratos de energia, segurança e limpeza, e até mesmo a diminuição da quantidade de papel higiênico nos banheiros.

“O governo nos impõe uma situação que é no mínimo esdrúxula, apesar de ter uma lei orçamentária aprovada, em que a gente teria direito de usar o orçamento e planejar para o ano todo, a gente fica refém das medidas de plantão do governo federal. Isso é muito ruim, não só para as universidades federais, para o Instituto Federal, mas para todo executivo, porque todo executivo perde a capacidade de planejamento. E, no nosso caso particular da Ufal, os recursos estão sendo usados preferencialmente para custeio, porque todos os recursos de investimento de capital foram esvaziados”, complementou Tonholo.

Além da Ufal, outras 46 universidades brasileiras também perderam posições no ranking, acendendo um sinal de alerta para o futuro da educação superior no País.

Relacionadas