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Mobilização

Governo de Alagoas triplica vagas para acolhimento de pessoas em situação de rua

Estado inicia ação integrada nas áreas de assistência social, saúde, habitação e segurança pública

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Em operação integrada, 28 famílias que ocupavam a praça Sinimbu foram encaminhadas para acolhimento institucional
Em operação integrada, 28 famílias que ocupavam a praça Sinimbu foram encaminhadas para acolhimento institucional | Foto: Ascom SSP-AL

O avanço da população em situação de rua em Maceió, especialmente nas áreas turísticas, comerciais e gastronômicas, acendeu um alerta social e econômico. Com o agravamento do problema, o governo de Alagoas deu início à maior ação integrada de acolhimento já realizada no Estado, com a meta de triplicar o número de vagas nos abrigos estaduais, saltando de 160 para 480, o que eleva a capacidade total para 600 vagas, quando somadas as 120 ofertadas pela prefeitura.

A medida busca enfrentar um problema que vai além das calçadas: reflete o avanço da desigualdade, o déficit habitacional e os desafios relacionados à saúde mental e à dependência química.

O impacto, no entanto, não se restringe ao campo social — empresários, especialmente do setor de bares, restaurantes e turismo, denunciam que o aumento de pessoas nas ruas tem afastado clientes e comprometido o ambiente econômico.

“Estamos vendo cada vez mais pessoas em situação de rua nas imediações dos estabelecimentos, o que gera insegurança para os clientes. Isso afeta diretamente o movimento dos negócios”, afirma Marcus Batalha, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Alagoas (Abrasel-AL). “Esperamos ações que envolvam acolhimento, saúde mental e também segurança pública”, reforça.

No bairro do Farol, o empresário Renato Farias descreve o agravamento do problema: “A gente entende que ninguém está na rua porque quer, mas tem gente usando drogas na frente dos bares, dormindo na calçada, abordando os clientes com insistência. Isso gera desconforto, afeta os negócios e, pior, impacta a imagem da cidade”.

A cliente Daniela Lima, fisioterapeuta, relata a experiência. “Já fui abordada dentro de um restaurante. É uma situação muito delicada, mas o poder público precisa agir com mais firmeza e também humanidade”.

SAÚDE E HABITAÇÃO

Diante do cenário, o Governador Paulo Dantas mobilizou uma operação que articula ações nas áreas de assistência social, saúde, habitação e segurança pública. Além do aumento expressivo das vagas nos abrigos, o governo estadual vai universalizar o aluguel social, no valor de R$ 800, para todas as pessoas cadastradas pelas equipes técnicas. Paralelamente, haverá ampliação dos programas de habitação com entrega de moradias definitivas.

“Acolher não é só oferecer abrigo. É cuidar da saúde mental, garantir alimentação, apoio psicossocial e dar condições reais para reconstrução de vida”, explica a secretária de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, Kátia Born.

PRIORIDADES

O principal foco inicial da ação foi a Praça Sinimbu, no Centro de Maceió, onde 28 famílias foram encaminhadas para acolhimento institucional. Obras de isolamento e revitalização da praça foram iniciadas e o policiamento será reforçado.

A operação também fortaleceu o programa Ronda no Bairro e os serviços da Rede Acolhe da Casa de Direitos, que atua em toda a capital. A proposta é replicar esse modelo em regiões críticas.

Entre os dias 9 e 18 de junho, a ação integrada resultou em 102 abordagens policiais, 13 atendimentos psicossociais e 19 prisões — 9 em flagrante e 10 por mandado judicial. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o trabalho vai continuar.

A Prefeitura de Maceió mantém equipes da abordagem social circulando pela cidade. São oferecidas vagas em abrigos da parte alta e baixa e atendimento nos três Centros Pop — Jaraguá, Prado e Benedito Bentes. No entanto, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), muitos recusam acolhimento, especialmente quando há dependência química envolvida.
O setor produtivo avalia positivamente a ação, mas alerta que ela precisa ser contínua. “Essa ação é essencial não só para a dignidade dessas pessoas, mas também para a economia da cidade”, ressalta Marcus Batalha, da Abrasel.

Ele acrescenta que empresários estão dispostos a colaborar. “O setor está de portas abertas para discutir a qualificação dessas pessoas e sua possível inserção no mercado de trabalho, mas é preciso que haja uma política pública consistente e permanente”.

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