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TRE adota Inteligência Artificial para combater desinformação nas eleições de 2026

Observatório da Desinformação de Alagoas divulga informações sobre democracia, eleições e urna eletrônica para públicos diversos

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Brasil possui o maior sistema eleitoral informatizado do mundo
Brasil possui o maior sistema eleitoral informatizado do mundo | Foto: Divulgação

A Justiça Eleitoral de Alagoas dá um passo importante no combate à desinformação com a adoção de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) voltadas para as eleições gerais de 2026. A iniciativa, inédita no estado, foi anunciada nessa quinta-feira (17) pela coordenadora de comunicação do TRE/AL, jornalista Flávia Gomes de Barros, durante o encontro “Desinformação e Imprensa: debates sobre a manutenção da integridade da informação nas eleições”, realizado na sede do tribunal, no bairro do Farol, em Maceió.

A nova ferramenta baseada em IA será utilizada para checar, com agilidade, a veracidade de vídeos, fotografias e conteúdos suspeitos que circulam em sites, redes sociais e outras plataformas digitais. A tecnologia será ativada diretamente na sede do TRE/AL, onde receberá denúncias da população por meio de canais oficiais. As análises serão respondidas automaticamente com os resultados e, quando necessário, encaminhadas ao Observatório da Desinformação, criado em março deste ano.

Inicialmente, a reportagem informou que o TSE tinha participação na ferramenta, mas a informação não estava correta.

O canal de denúncias permitirá que os mais de 2,1 milhões de eleitores de Alagoas encaminhem conteúdos suspeitos — sejam vídeos, textos ou imagens — para análise imediata por IA, que atuará em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o governo do estado, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério Público. A proposta é dar agilidade e precisão à resposta institucional diante da crescente onda de fake news que impactam o processo democrático.

O evento contou com a presença de nomes relevantes, como Giselly Siqueira, secretária do Conselho Nacional de Justiça; Fábia Galvão, coordenadora de Multimeios do Supremo Tribunal Federal (STF); o doutorando em Inteligência Artificial e Desinformação, Vitor Monteiro; além de representantes da Secretaria de Comunicação de Alagoas, do Sindicato dos Jornalistas e de profissionais da imprensa local.

A iniciativa integra o Plano Nacional de Enfrentamento à Desinformação ao identificar a origem da desinformação, a Justiça Eleitoral poderá determinar a retirada do conteúdo em até duas horas — procedimento já validado em eleições anteriores por meio de convênios com big techs e portais de comunicação, que colaboram com a remoção rápida de conteúdos falsos.

Além das ações reativas, a Justiça Eleitoral aposta em uma estratégia proativa de comunicação. A partir de setembro, todas as coordenações de comunicação dos TREs lançarão o Plano de Comunicação Midiática, com ações educativas em escolas, universidades, comunidades indígenas e quilombolas, além de espaços públicos. Entre as atividades, destaca-se a exibição e demonstração prática do funcionamento da urna eletrônica, com o objetivo de esclarecer dúvidas da população.

Um exemplo recente foi a visita da equipe do TRE/AL a uma comunidade quilombola no município de Igreja Nova, onde moradores puderam interagir com a urna eletrônica e sanar dúvidas. A ação busca não apenas combater fake news, mas construir uma relação de confiança com o processo eleitoral.

A coordenadora Fábia Galvão destacou o papel fundamental da imprensa nesse enfrentamento. Segundo ela, o uso responsável da IA é uma das chaves para conter a radicalização dos algoritmos, que criam bolhas informacionais e reforçam discursos de ódio e descrédito às instituições democráticas. Galvão lembrou que, em 2022, o esforço de comunicação resultou em um aumento de 50% no eleitorado jovem, com mais de 2 milhões de novos eleitores entre 16 e 17 anos.

Ela ressaltou ainda o papel estratégico da imprensa nacional e internacional durante o pleito presidencial de 2022, que contou com uma mobilização sem precedentes nos 90 anos de história democrática do país. Foram mais de mil matérias publicadas e presença constante da Justiça Eleitoral nos telejornais durante 10 semanas consecutivas. Para Galvão, esse trabalho será ainda mais necessário em 2026, diante dos novos desafios impostos pela desinformação digital.

Vitor Monteiro, doutorando e servidor do TRE/AL, trouxe reflexões sobre as mudanças no comportamento eleitoral provocadas pela tecnologia. Segundo ele, vivemos a era do “robô para todos”, em que parte significativa das redes sociais já não é ocupada por pessoas, mas por sistemas automatizados de comunicação persuasiva — e não mais informativa. Ele definiu esse cenário como uma “guerra cognitiva”, na qual a desinformação se espalha rapidamente.

Monteiro lembrou que o Brasil possui o maior sistema eleitoral informatizado do mundo, com mais de 150 milhões de eleitores, mais de 500 mil locais de votação e 571 mil urnas eletrônicas. Reforçou ainda que nunca houve fraude comprovada no sistema eletrônico de votação, mas alertou para o desafio da “infortoxicação” — o excesso de informação sem qualidade, que adoece o debate público e confunde o eleitor.

Para o pesquisador, o grande problema é que, enquanto a Justiça Eleitoral atua com transparência e responsabilidade, os desinformadores operam sem regras, com o objetivo de causar o caos.

“A irresponsabilidade do desinformador é um método. Por isso, é muito mais difícil informar com responsabilidade do que desinformar”, afirmou Monteiro.

Como solução, ele defendeu a criação de um marco normativo para a desinformação, o fortalecimento da educação midiática e o investimento contínuo em inovação tecnológica e comunicação institucional.

“Não existe bala de prata. Existe esforço institucional. Informação de qualidade liberta”, concluiu.

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