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Comércio exterior

Lula diz que Trump não quer discutir tarifaço: 'Ele acredita em bruxa?'

Petista diz que está disposto a negociar, mas que não irá ceder às ameaças da Casa Branca

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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Entregas do Governo Federal ao Vale do Jequitinhonha. Parque de Eventos de Minas Novas, Minas Novas - MG
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Entregas do Governo Federal ao Vale do Jequitinhonha. Parque de Eventos de Minas Novas, Minas Novas - MG | Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (24) que as razões apontadas por Donald Trump para impor tarifas de 50% ao Brasil são baseadas em mentiras, mas que o país está disposto a negociar caso o americano assim deseje. A fala do presidente aconteceu durante a cerimônia de anúncios do governo federal na área de educação e igualdade racial em Minas Novas (MG), no Vale do Jequitinhonha.

"Ele nos deu até o dia 1º [de agosto]. Se nós não dermos a resposta, ele vai taxar o nosso comércio em 50%. Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco. E se ele tiver trucando, ele vai tomar um seis", disse o petista, em evento no Vale do Jequitinhonha (MG).

Ao se referir ao jogo de cartas, Lula afirmou que não irá ceder às ameaças de Trump e irá retrucar ao pedir seis –que no jogo significa dobrar a aposta.

O presidente afirmou que o Brasil "tem os melhores negociadores do mundo", mas que, em tentativas anteriores de diálogo com os Estados Unidos, não foi respondido.

"Ele [Trump] não quer conversar. Se quisesse conversar, pegava o telefone e me ligava. Se os Estados Unidos quiserem negociar, o Lulinha estará pronto para negociar. Mas desaforo só da Dona Lindu [mãe do presidente]. E ela não fazia desaforo porque era o caçulinha dela", afirmou.

A Folha mostrou que, a dez dias do prazo para as novas tarifas entrarem em vigor, os canais de negociação formais entre o governo brasileiro e o americano seguem fechados.

Americanos sinalizaram que as tratativas só devem caminhar a partir de uma autorização do presidente Donald Trump para a abertura de canal oficial de diálogo. Integrantes do Palácio do Planalto dizem ter a informação de que o caso está na Casa Branca e sem previsão de uma resposta às iniciativas do governo brasileiro.

No evento desta quinta, Lula repetiu a crítica de que Trump não pode ser um "imperador do mundo" e rebateu as justificativas apontadas pelo americano para a nova taxação.

"Ele [Trump] disse que o Brasil precisava parar com a perseguição a Bolsonaro, porque isso é caça às bruxas. Primeiro ele acredita em bruxas. Alguém aqui acredita em bruxas pra ter caça às bruxas? Eu não acredito. Ele desrespeitou a justiça brasileira".

O petista também rebateu a retórica já desmentida do americano de que os EUA teriam déficit comercial com o Brasil e disse que a tentativa de regulamentação das redes sociais no país representa a restrição da "liberdade de agressão", não da liberdade de expressão.

Educação

Nessa quinta-feira, Lula defendeu as políticas públicas educacionais para as populações tradicionais, como quilombolas e indígenas, para a inclusão socioeconômica desses povos.

“Hoje eu venho aqui reconhecer os saberes do povo dessa região, reconhecer o valor dos indígenas, reconhecer o valor dos quilombolas, reconhecer os valores das mulheres, reconhecer os valores daquelas pessoas que trabalham de sol a sol para construir a sua própria vida, a cidade e a região”, disse.

O presidente citou uma jovem quilombola presente no evento, estudante de doutorado em Brasília. “Muitos de vocês ficam se perguntando por que que ela conseguiu vencer na vida. Ela ainda vai vencer mais, ela é muito nova. E ela só venceu na vida porque tinha política pública que permitia que uma pessoa pobre possa estudar nesse país, que uma quilombola possa ser doutora, possa fazer mestrado, possa fazer pós-graduação e possa ser o que quiser”, afirmou.

Um dos destaques apresentados hoje é o investimento de R$ 1,17 bilhão na construção de 249 escolas voltadas a comunidades indígenas e quilombolas, no âmbito do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As obras estão sendo entregues desde 2024 e continuam até o ano que vem. O governo também trabalha em 22 obras emergenciais nos territórios Yanomami e Ye'Kwana, incluindo escolas e um centro de formação de professores.

O presidente ainda assinou portaria de implementação da Política Nacional de Educação Escolar Indígena e visa concretizar a organização da educação escolar indígena em Territórios Etnoeducacionais que respeitem as necessidades e especificidades sociais, históricas, culturais, ambientais e linguísticas de cada povo.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, lembrou que a taxa de analfabetismo entre a população indígena é o dobro da taxa nacional. Enquanto o analfabetismo alcança 7% da população brasileira, entre os indígenas o percentual é de 15%.

Guajajara falou ainda sobre os problemas estruturais das escolas indígenas: 26% não têm esgotamento sanitário, 27% não têm água potável, 55 não têm internet, 90% não têm biblioteca, 94% não têm quadra de esportes. Além disso, 78% dos professores são temporários.

“O caminho ainda é um tanto longo para nós chegarmos ao modelo equitativo, que oferece igualdade de oportunidade para as pessoas indígenas e, mais ainda, para chegarmos ao modelo culturalmente adequado. A pessoa indígena tem o direito de ser alfabetizada e ser competitiva no mercado de trabalho. Mas acima de tudo, tem o direito de se tornar um cidadão dentro de sua terra indígena, com os aprendizados próprios que fazem sentido para o seu povo e na sua cosmovisão em harmonia com a terra”, defendeu a ministra.

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