Congresso
Motta consegue abrir sessão da Câmara após dois dias de obstrução da oposição
Presidente da Casa afirma que ‘projetos individuais’ não podem estar à frente do País

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu abrir a sessão da Casa na noite de ontem após dois dias de paralisação promovida pela oposição.
A sessão, que durou menos de 20 minutos, foi convocada às 20h30 e só aberta pouco antes das 22h30. Deputados da oposição chegaram a resistir, e Motta ficou em pé ao lado da cadeira da presidência por cerca de dez minutos até conseguir ocupar o assento.
“Não vai ser na agressão que vamos resolver. Eu peço para que todos deixem o espaço da Mesa, de forma educada”, disse Motta ao assumir o microfone. “Durante todo o dia, dialogamos com todos os líderes dessa Casa e quero começar dizendo que a nossa presença hoje é para garantir a respeitabilidade inegociável desta mesa e para que esta Casa se fortaleça. Até para atravessar limites há limites. O que aconteceu aqui não foi bom. O que aconteceu, a obstrução, não fez bem a esta Casa. A oposição tem todo o direito de se manifestar, mas dentro do nosso regimento”.
Sem citar diretamente a prisão de Bolsonaro, Motta afirmou que fatos recentes provocaram “ebulição”: “Precisamos reafirmar nosso compromisso, mas uma série de acontecimentos recentes nos deu esse sentimento de ebulição. Não vivemos tempos normais, não podemos negociar nossa democracia. Não podemos deixar que projetos individuais possam estar à frente daquilo que une todos nós, que é o nosso povo e população. O compromisso que assumi com as lideranças era seguir com as pautas sem preconceito. Esta mesa não negocia a presidência. Não me distanciarem da serenidade, do equilíbrio, nem da firmeza necessária. Desta presidência, não terão omissão”.
Antes de abrir a sessão, Motta recebeu representantes do PP, União Brasil, PSD, MDB, Republicanos, PT, PSB, PDT e ficou decidido que haveria sessão nessa terça-feira às 20h30 e quem insistisse na obstrução teria o mandato suspenso por seis meses e seria removido pela polícia legislativa.
Mesmo assim, oposicionistas insistiram em ocupar o plenário, o que exigiu uma nova roda de reuniões. O líder do PL, Sostenes Cavalcante, o vice-presidente da Casa, Altineu Cortês (PL-RJ), foram ao gabinete de de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara, que tentou convencer a oposição a desistir da obstrução. Também participaram do encontro os líderes partidários Antônio Brito (PSD-BA) e Doutor Luizinho (PP-RJ).
Após o encontro com Lira, os deputados do PL e dos partidos de centro se dirigiram ao gabinete de Motta. Depois do encontro, os líderes e o próprio Motta foram ao Plenário para comunicar a saída dos deputados da Mesa.
Parlamentares da oposição afirmaram que negociaram com a Presidência da Câmara um acordo para que dois temas sejam pautados: a anistia aos réus dos atos de 8 de janeiro e o fim do foro privilegiado para autoridades.