Troca de elogios
Caldas e Calheiros dão sinais de aproximação e reforçam acordo eleitoral
Enquanto aliados de JHC negam pacto político, gestos públicos sugerem costura de alianças com foco nas eleições


Mesmo com a negativa enfática de aliados na Câmara Municipal de Maceió, os sinais de uma possível aproximação entre o prefeito JHC (PL), a família Calheiros e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parecem cada vez mais evidentes — e públicos.
Uma imagem amplamente compartilhada nas redes sociais mostra o presidente nacional do Democracia Cristã e pai do prefeito, João Caldas, sentado ao lado do senador Renan Calheiros (MDB) durante a sabatina da procuradora Marluce Caldas, tia de JHC, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O registro foi interpretado nos bastidores como mais do que mera coincidência ou cortesia institucional: para muitos, trata-se de um gesto calculado que sinaliza um entendimento político em formação.
A fala de Renan durante a sabatina reforçou essa percepção. O senador não economizou nos elogios ao prefeito de Maceió, com quem historicamente teve divergências. “Cumprimento o deputado João Caldas, e cumprimento seu filho, prefeito de Maceió, uma das melhores, uma das mais gratas revelações da política de Alagoas e do Brasil. Desejo felicitar a procuradora Marluce Caldas, que engrandece o nome de Alagoas, assim como outros juristas do Estado fizeram no passado”, disse o emedebista.
O aceno público do senador Renan Calheiros ampliou os rumores sobre um eventual acordo costurado em Brasília, envolvendo o governo federal e setores antes considerados adversários no cenário político alagoano. O objetivo? Fortalecer uma chapa ampla para as eleições de 2026, que pode ter JHC como protagonista em uma candidatura ao governo do Estado com o apoio de figuras antes inimagináveis.
NEGATIVAS NO PARLAMENTO MUNICIPAL
Apesar das especulações, o líder do governo JHC na Câmara Municipal de Maceió, vereador Kelmann Vieira, nega veementemente qualquer articulação com o Planalto ou com a família Calheiros. Segundo ele, o prefeito sempre se posicionou, em conversas reservadas e abertas com a base aliada, como pré-candidato ao governo de Alagoas em 2026.
“Ele sempre nos disse que era candidato ao governo. Não só a mim, mas também a vereadores como Samyr e Chico Filho. Nunca disse diferente”, afirmou Kelmann. O parlamentar explicou ainda que, nos últimos meses, o foco de JHC esteve integralmente voltado para garantir a nomeação de sua tia, Marluce Caldas, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), movimento que teria exigido intensa articulação em Brasília, mas sem conotação eleitoral ou alianças implícitas.
“Jamais ouvi isso da boca do prefeito ou do pai dele. Nunca participou comigo ou com qualquer vereador de uma conversa nesse sentido”, reforçou Kelmann, ao ser questionado sobre a possibilidade de um acordo com Lula e os Calheiros.
Ainda segundo o líder do governo, a expectativa é que, com a posse de Marluce no STJ, o prefeito volte a se dedicar integralmente às pautas locais e, em seguida, anuncie oficialmente seus planos para 2026. “Grande parte da classe política de Alagoas aguarda esse desfecho e espera que ele decida ser candidato ao governo. Mas JHC costuma tomar suas decisões no momento que considera oportuno”, concluiu.