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De cara nova, PT amplia presença no governo do Estado e isola Paulão
Eleito para a presidência do diretório estadual do partido, Ronaldo Medeiros indica novos secretários


A decisão do Governador Paulo Dantas (MDB) de trocar secretários do PT indicados pelo deputado Paulão evidencia o isolamento do parlamentar na sigla. Desde a eleição do deputado Ronaldo Medeiros para a presidência do diretório estadual do partido, a aproximação com o chefe do Executivo abriu espaço para ampliar a presença petista no governo. Ambos têm origem na Assembleia Legislativa, onde Medeiros atua em defesa das matérias de interesse do Palácio.
Foi dele a indicação de Judson Cabral para substituir Gino César na Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Outro aliado de sua candidatura, Marcelo Nascimento, assumirá a pasta antes ocupada por Maria José, que unificava Mulher e Direitos Humanos. A secretaria foi desmembrada.
Com isso, a Secretaria da Mulher passará a ser comandada por Marília Albuquerque, ex-secretária municipal de Cultura de Arapiraca. Filha do desembargador Tutmés Ayran, Marília pertence a uma família com forte atuação política: é prima do deputado estadual Breno Albuquerque e de Dudu Albuquerque, ex-deputado estadual. Seu nome surgiu de um entendimento entre Medeiros e Paulão.
SILÊNCIO
Medeiros foi procurado para comentar as mudanças, mas, em respeito ao acordo com Dantas, prefere que o Governador faça o anúncio oficial, previsto para terça-feira (26).
Paulão, que lidera a tendência Construindo um Novo Brasil, perdeu o comando dos diretórios estadual e municipal do PT. Esse enfraquecimento pode comprometer sua pretensão de disputar uma vaga ao Senado.
DESCONFORTO
O desgaste do PT com o governo começou na chamada rebelião do “puxadinho”, quando parte do partido insistiu em candidatura própria à Prefeitura de Maceió. À época, condicionaram apoio a Medeiros desde que ele não disputasse o comando do partido. Ele recusou e desistiu da disputa.
O grupo dirigente indicou o ex-vereador Ricardo Barbosa, mas sua candidatura foi barrada pelo Diretório Nacional após o deputado federal Isnaldo Bulhões informar à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que o MDB teria candidato próprio e queria os petistas na aliança. Paulão aceitou, mas manteve distância do processo.
Resta saber se os desgastes acumulados até aqui impedirão Paulão e seu grupo de comparecer à posse dos novos secretários, rompendo com seis anos de aliança política que garantiram espaço ao PT justamente no período de maior fragilidade do partido em representatividade.