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Nº 5904
Política

Estado tem 900 policiais “emprestados”

Parece mentira, mas, infelizmente, não é. No Estado onde só existem, nas ruas, 6.049 policiais, para garantir a segurança de mais de três milhões de habitantes, a Polícia Militar “empresta”, nada mais, nada menos, do que 900 PMs para primar pela segurança

Por | Edição do dia 11/01/2009 - Matéria atualizada em 11/01/2009 às 00h00

Parece mentira, mas, infelizmente, não é. No Estado onde só existem, nas ruas, 6.049 policiais, para garantir a segurança de mais de três milhões de habitantes, a Polícia Militar “empresta”, nada mais, nada menos, do que 900 PMs para primar pela segurança de autoridades públicas; zelar os prédios oficiais e ainda para preencher as assessorias militares dos gabinetes do governador, vice-governador, Tribunal de Justiça, Assembléia Legislativa, procuradorias gerais do Estado e da Justiça, Defensoria Pública, Tribunal de Contas e, enfim, da Prefeitura Municipal de Maceió. Os números estão detalhados no ofício nº 624/08, assinado pelo próprio comandante geral da Polícia Militar, coronel Dalmo Sena Sampaio, e elaborado a pedido do Conselho Estadual de Segurança Pública, o órgão que forneceu a cópia do documento à Gazeta. “Salientamos que as Assessorias Militares, criadas por Lei, absorvem uma grande parcela de militares, num total de 439”, reconheceu Sena, no ofício, de 23 de outubro de 2008. ### Conselho quer mandar PMs para as ruas Há um ano e meio presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública, o juiz Manoel Cavalcante faz questão de ser comedido. Na última quinta-feira, no início da noite, ele recebeu a Gazeta na sede do órgão, no Centro da cidade, e afirmou que no próximo dia 26 de janeiro, na primeira sessão do ano do Conselho, vai colocar em pauta o excesso de policiais lotados nas assessorias militares dos poderes constituídos. “Com certeza, há excessos”, afirmou. Ao falar do pouco tempo na coordenação do Conselho, ele explicou que três frentes de trabalho foram de imediato priorizadas: a segurança de autoridades e pessoas ameaçadas; a quantidade de PMs fora da atividade fim – o Conselho recomendou a revogação da Lei 6.063, de 18 de novembro de 1999, que dispõe da prestação de segurança oficial para ex-governadores, ex-secretários de Defesa Social e ex-comandantes da PM –, além das assessorias militares. ### Associação critica tratamento diferenciado Presidente da Associação dos Cabos e Soldados, Wagner Simas revela que praticamente todos os policiais almejam uma vaga nas Assessorias Militares. “O serviço é bem mais leve do que o da rua, além do mais, quem trabalha nas assessorias ganha gratificações. Quem está lotado no Gabinete do Governador, ganha hora extra. Já quem trabalha no policiamento ostensivo não tem nenhuma destas regalias”, explicou ele, que até o dia 15 pretende mobilizar a categoria para cobrar ainda percentuais do 13° salário dos anos de 2007 e 2008, e debater reajuste salarial. Wagner Simas defende a contratação de segurança privada pelos orgãos beneficiados com o trabalho exclusivo da Polícia Militar. ### Sena admite distorções, mas diz que segue a lei Manter 900 policiais militares a serviço de autoridades públicas parece surreal no Estado que deveria ter 16.200 PMs promovendo a segurança nas ruas – como manda a Lei n° 6.400/2003 –, mas que só possui 6.049. Na capital, segundo levantamento do próprio Comando da PM, 6.964 policiais militares teriam que estar trabalhando, mas só há 3.277 – menos da metade. No interior, o quadro desolador é praticamente o mesmo. Ao invés de 6.625 profissionais, existem apenas 2.772. Os números revelados, por si só, já são preocupantes. Se somadas as quantidades de policiais militares – sem falar na falta de condições de trabalho –, que estão na ativa e nas ruas, tanto no interior como na capital, a dura realidade fica ainda mais clara: Alagoas oferece 6.049 PMs para proteger os mais de três milhões de alagoanos. É o mesmo que dizer que um policial, sozinho, tem que garantir a segurança de pelo menos 500 pessoas. ///

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