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Embate

Câmara vai analisar contas do último ano de gestão de Rui Palmeira

Envio da documentação à Casa por JHC ocorre após críticas do ex-prefeito à atual administração

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Para Rui Palmeira, envio das contas de sua gestão como prefeito seria tentativa de retaliação
Para Rui Palmeira, envio das contas de sua gestão como prefeito seria tentativa de retaliação | Foto: Dicom CMM

A relação já tensa entre o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), e o vereador Rui Palmeira (PSD), líder da oposição na Câmara Municipal, ganhou um novo capítulo na terça-feira (28).

Após uma série de críticas do ex-prefeito à atual gestão, JHC encaminhou à Câmara o processo de controle econômico nº 10290001/25, que trata da análise das contas de 2020 — último ano do mandato de Rui à frente do Executivo da capital.

O documento chegou ao Legislativo na tarde de ontem e foi imediatamente lido em plenário pelo presidente da Casa, vereador Chico Filho (PL). A medida foi interpretada por Rui como retaliação política. “Nada disso vai adiantar, vou continuar com as críticas”, afirmou o ex-prefeito, em tom de enfrentamento. Para ele, o envio das contas seria uma tentativa de intimidação, em meio ao clima de tensão intensificado pelas críticas recentes à atual gestão, sobretudo em relação a gastos públicos e políticas municipais.

Em resposta, Chico Filho encaminhou o processo à Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira, presidida pelo vereador Samyr Malta (Podemos), que deverá iniciar a análise técnica do documento já nesta quinta-feira (30).

Embora o trâmite para análise das contas de ex-gestores seja um procedimento regular, o contexto político deu novo significado à iniciativa. Rui ironizou o gesto, sugerindo que o prefeito também enviasse todas as suas demais contas anteriores para avaliação do Legislativo. “Ainda falta mandar as minhas contas de 2013, 14, 15, 16, 18 e 19”, provocou o opositor.

Durante a mesma sessão, o presidente da Câmara anunciou a prorrogação da votação do Plano Plurianual (PPA), inicialmente prevista para essa terça e adiada para a próxima semana, no dia 4 de novembro. Segundo Chico Filho, o adiamento ocorreu em razão do ponto facultativo da segunda-feira (27), que atrasou a análise das emendas. Apesar da tentativa de desvincular os temas, o envio das contas ofuscou o debate orçamentário e ampliou a visibilidade do embate entre Executivo e oposição.

Em discurso no plenário, Rui Palmeira reforçou as críticas à condução política do atual prefeito. “JHC tem extrema dificuldade com a crítica”, disse. Ele também lembrou que foi acionado judicialmente por JHC após questionar a contratação de um sistema de drenagem urbana — apelidado por ele de “robozinho” — que custou R$ 10 milhões. “Comecei a criticar investimentos inconsequentes do Iprev e, novamente, fui notificado pela direção do Instituto. Agora, vem mais uma tentativa de intimidação”, afirmou.

Embora minoritária — apenas três parlamentares não compõem a base aliada de JHC —, a oposição tem encontrado espaço na tribuna e nas redes sociais para tensionar a gestão municipal. A leitura das contas de 2020, sem reações imediatas dos aliados do prefeito, permitiu a Rui dominar o debate político do dia. O silêncio da base, interpretado por analistas como estratégia para evitar desgaste, reforçou a percepção de que o Executivo prefere não amplificar a polêmica.

Nos bastidores, o episódio é lido como parte de uma disputa por protagonismo político em Maceió, num momento em que as articulações para as eleições começam a se intensificar.

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