JHC usa programas sociais para ampliar influência política no interior

A menos de um ano das eleições de 2026, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), monta uma estratégia familiar e política para dominar o tabuleiro alagoano em 2026. Seu nome é constantemente citado para governador ou senador, embora aliados acreditem que o Palácio República dos Palmares seja o objetivo mais provável.

Enquanto não torna públicos seus planos para o pleito, JHC articula a candidatura da esposa, Marina Cândia, a deputada federal e prepara uma chapa eleitoral forte. Programas sociais da prefeitura de Maceió, notadamente o “Olhar da Gente”, têm sido ferramentas utilizadas para ampliar a influência política da gestão JHC para além dos limites da capital.

Idealizado pela primeira-dama, o programa realiza cirurgias de catarata no Hospital da Cidade para a população de Maceió e de 29 municípios do interior, incluindo Ibateguara, reduto eleitoral da família Caldas. A meta é realizar 10 mil cirurgias entre julho de 2025 e março de 2026. A iniciativa conta com recursos de emenda, no valor de R$ 9,8 milhões, da senadora Eudócia Caldas, mãe de JHC, o que evidencia uma articulação familiar e política de longo alcance.

Em outubro deste ano, Marina esteve em São Luís do Quitunde acompanhando a triagem de pacientes, onde foi recepcionada pelo ex-prefeito Cícero Cavalcante, fato que sinaliza a integração entre ações sociais e articulação eleitoral.

À Gazeta, a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió informou que, após ter início na capital alagoana, a ação do Olhar da Gente ofertou atendimento para os municípios da 1ª Macrorregião de Saúde de Alagoas. Atualmente, na segunda etapa do Programa, o atendimento na área oftalmológica vai abranger um total de 29 dos 52 municípios desta 1ª Macrorregião, que estão distribuídos por 6 regiões de saúde do Estado.

Segundo a SMS, há previsão de realização de outras etapas, em breve, com a inclusão de novos municípios, até que seja alcançado o objetivo principal do programa, que é zerar a fila de espera por esse tipo de cirurgia oftalmológica.

CARRO-CHEFE

A primeira-dama de Maceió é o carro-chefe da chapa do PL para a Câmara dos Deputados. Aliados apostam em seu carisma e grande alcance nas redes sociais — mais de 400 mil seguidores — para conquistar eleitores. Sua imagem é construída em torno de uma “simpatia” e “leveza”, associada a ações sociais e comunitárias na capital.

Em 2022, JHC apoiou o irmão, Dr. João Antônio, que obteve mais de 90 mil votos, mas acabou fora da disputa por causa do quociente eleitoral. Agora, com Marina Cândia à frente e uma base mais estruturada, o prefeito aposta em um desempenho superior e em uma narrativa de continuidade administrativa com toque de novidade.

A senadora Eudócia Caldas assumiu uma vaga no Senado Federal em 2025, após a renúncia do vice-prefeito Rodrigo Cunha. Sua posição no Congresso é vista como fundamental para garantir recursos e articulação política em apoio aos projetos da família, funcionando como uma peça-chave na estrutura de poder dos Caldas.

Como prefeito da capital e presidente estadual do PL, JHC coordena toda a operação. A estratégia de JHC para 2026 vai além dos cargos majoritários e busca fortalecer sua base no Partido Liberal (PL) com uma chapa de deputados federais, com o objetivo de conquistar de um a duas cadeiras. Além de Marina Cândia, entre os possíveis candidatos estão vereadores por Maceió, como o presidente da Câmara, Chico Filho – e até mesmo a possibilidade de migração de deputados federais atuais, como Alfredo Gaspar, Marx Beltrão e Fábio Costa .

A composição da chapa só será definida após o prazo de filiação partidária, em abril de 2026, mas as articulações já demonstram a intenção de JHC de consolidar um grupo político próprio e competitivo para o pleito.

Com pesquisas eleitorais apertadas, uma estrutura familiar sólida ocupando espaços-chave e programas sociais que expandem sua base eleitoral, JHC montou uma máquina política azeitada para 2026.

A decisão final sobre qual cargo disputar — governo ou Senado — ainda não foi formalizada, e aliados afirmam que JHC mantém a indefinição como estratégia para evitar desgastes políticos precoces.