COP30
Na Cúpula de Belém, Lula cobra ação coletiva para enfrentar crise ambiental
Presidente critica negacionismo climático e defende superação da dependência dos combustíveis fósseis


A Cúpula de Belém começou ontem sob o apelo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por união global diante da crise climática. Em discurso de abertura, Lula afirmou que os líderes mundiais precisam “superar divergências e contradições” para chegar a um acordo efetivo na COP30 e criticou “forças extremistas” que negam o aquecimento global.
“Para avançar, será preciso superar dois descompassos. O primeiro é a desconexão entre os salões diplomáticos e o mundo real. As pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas médias de carbono, mas sentem a poluição”, afirmou o presidente, em tom de cobrança.
Diante de 57 líderes reunidos na capital paraense, Lula também defendeu a transição energética e a redução da dependência de combustíveis fósseis. “Precisamos de um mapa do caminho para reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar recursos para esses objetivos”, disse.
Sem a presença dos Estados Unidos, Lula fez um ataque indireto ao presidente americano ao condenar grupos “que fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado”.
O presidente destacou que rivalidades geopolíticas e conflitos armados desviam recursos que deveriam ser usados para conter o aquecimento global. “A justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza. Será impossível enfrentar a mudança do clima sem reduzir as desigualdades entre as nações”, afirmou.
O evento, que marca a abertura da COP30, foi esvaziado pela ausência de grandes emissores. A China enviou apenas o vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang; a Índia foi representada por seu ministro do Meio Ambiente; e o Japão não enviou sua primeira-ministra. Da América Latina, os presidentes da Argentina e do Paraguai também faltaram.
Entre os países do G20, apenas os líderes do Reino Unido, da Alemanha, da França, da União Europeia e da União Africana vieram. Além do primeiro-ministro Keir Starmer, o Reino Unido está representado pelo príncipe William.
Em tom conciliador, Lula disse que nenhum país conseguirá enfrentar sozinho a emergência climática. “Os incêndios que consomem nossas florestas não respeitam fronteiras. Nem o plástico que polui nossos oceanos. Somente um multilateralismo revigorado pode equacionar esses dilemas”, afirmou.
Durante o primeiro dia da cúpula, o presidente anunciou oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), principal aposta do Brasil na COP30. A iniciativa busca captar US$ 25 bilhões até 2026 para financiar países que preservam suas florestas.
Ao encerrar o discurso, o presidente defendeu a escolha de Belém como sede da conferência, apesar das limitações de infraestrutura. “Quando decidimos fazer a COP30 na Amazônia, foi porque quero que a floresta fale para o mundo”, afirmou, sob aplausos.
