loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
sexta-feira, 07/11/2025 | Ano | Nº 6093
Maceió, AL
24° Tempo
Home > Política

Religião e política

Igrejas potencializam candidatos em sua base de olho em 2026

Movimentação de lideranças evangélicas em AL sinaliza reconfiguração de alianças e disputas no campo eleitoral

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Pastora Cláudia Balbino, da Assembleia de Deus Bras, foi nomeada secretária estadual do Trabalho no ano passado
Pastora Cláudia Balbino, da Assembleia de Deus Bras, foi nomeada secretária estadual do Trabalho no ano passado | Foto: Mariel Mathias / Ascom Seteq

O tabuleiro político de Alagoas começa a se movimentar com vistas às eleições de 2026, e um dos atores de peso nesse cenário é o segmento religioso, em especial as igrejas evangélicas. Segundo o Censo 2022 do IBGE, 22,9% da população alagoana se declara evangélica. Em Maceió, esse número chega a quase 30%. A Assembleia de Deus em Alagoas (AD Alagoas), a maior denominação evangélica do Estado, tem se consolidado como uma força política relevante, com representantes eleitos e uma base de fiéis cada vez mais ativa e numerosa.

O caso mais recente que exemplifica essa interseção entre fé e política é o de Gunnar Nunes Nicácio, filho do pastor-presidente da AD Alagoas, José Orisvaldo Nunes de Lima. Gunnar, que atua como coordenador de Mídia e Relações Públicas Institucionais da denominação, deixou o Partido Liberal (PL) — sigla do prefeito de Maceió, JHC — e filiou-se ao Progressistas (PP), partido comandado no Estado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira.

A mudança, interpretada como um realinhamento político da cúpula assembleiana, provocou repercussões imediatas: mais de 50 servidores comissionados ligados ao deputado estadual Mesaque Padilha (UB), também apoiado pela igreja, foram exonerados da Prefeitura de Maceió.

A disputa reflete a tentativa da Assembleia de Deus de ampliar sua representação política direta. Ainda que a direção da igreja declare manter uma postura “republicana” e “não partidária”, o peso simbólico de um nome ligado à liderança máxima da denominação confere uma visibilidade expressiva.

A movimentação da cúpula da AD rumo ao PP é interpretada por analistas como um gesto estratégico, capaz de reposicionar a igreja no centro das negociações políticas estaduais.

Cientistas políticos observam, porém, que o eleitorado evangélico é diverso e não segue uma única orientação política. Em geral, principalmente no segmento pentecostal e neopentecostal, há uma identificação maior com candidatos de direita e que defendam pautas de costumes alinhadas ao pensamento mais conservador.

A FORÇA DO
VOTO CRISTÃO

Em Alagoas, tanto evangélicos quanto católicos ocupam espaços estratégicos na política. Na Assembleia Legislativa, nomes como Mesaque Padilha e Silvio Camelo (PV) têm ligações com o eleitorado cristão, o primeiro com o segmento evangélico e o segundo, com o católico. No Congresso Nacional, o deputado Fábio Costa (PP) é membro da Assembleia de Deus, enquanto a senadora Eudócia Caldas (PL) é adventista do sétimo dia.

O Governador Paulo Dantas (MDB), que também se declara evangélico, tem buscado maior aproximação com esse público. No ano passado, nomeou a pastora Cláudia Balbino, da Assembleia de Deus Brás, como secretária do Trabalho.

Já o prefeito JHC (PL), embora não esteja ligado a nenhuma igreja específica, mantém diálogo estreito com diversas denominações, reforçado por vínculos familiares com o meio religioso. Nas redes sociais, JHC costuma postar versículos bíblicos com frequência.

Na Câmara Municipal de Maceió, o vereador Siderlane Mendonça (PL) frequenta a Igreja Adventista, enquanto os vereadores Leonardo Dias (PL) e Silvio Camelo Filho (PV) são ligados a movimentos católicos.

NEUTRALIDADE
E INFLUÊNCIA

Enquanto as igrejas evangélicas ampliam sua presença no debate público, a Igreja Católica em Alagoas tem reafirmado a neutralidade institucional. Em 2022, o então arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes, divulgou nota orientando padres e diáconos a não se envolverem diretamente em campanhas, nem permitirem o uso de símbolos católicos em eventos políticos.

À medida que se aproximam as eleições de 2026, a tendência é que a presença das igrejas nas articulações políticas se intensifique. Com uma base numerosa e capilarizada, as denominações religiosas têm potencial para influenciar os resultados em disputas majoritárias e proporcionais.

Relacionadas