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15 de Novembro

Alagoas, berço da República: o estado que já deu três presidentes ao Brasil

Com Deodoro, Floriano e Collor, trajetória alagoana protagonizou momentos decisivos do regime republicano

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Marechal Deodoro da Fonseca foi a peça-chave na Proclamação da República
Marechal Deodoro da Fonseca foi a peça-chave na Proclamação da República | Foto: Reprodução
Floriano Peixoto foi decisivo na consolidação do regime republicano
Floriano Peixoto foi decisivo na consolidação do regime republicano | Foto: Reprodução
Collor foi o primeiro Presidente eleito pelo voto popular após período de exceção
Collor foi o primeiro Presidente eleito pelo voto popular após período de exceção | Foto: Reprodução

Há 136 anos, durante uma forte crise política e institucional, a República nascia no Brasil. E, desde cedo, nos livros da escola, aprendemos que dois alagoanos tiveram importância vital nesse processo: os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.

Os motivos para a mudança do modelo de governo foram muitos, mas o professor Robson Willians Barbosa, do curso de História da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), aponta que o enfraquecimento do Império se deu devido a uma crise política causada por aspectos religiosos, pelo não cumprimento de promessas aos militares e, claro, pela abolição da escravatura.

“O Exército estava ressentido pelo não cumprimento de promessas após a Guerra do Paraguai. Havia a questão religiosa, pois o Vaticano proibiu que bispos, padres e católicos fizessem parte da Maçonaria, e Dom Pedro I era grão-mestre maçom. A terceira é a questão abolicionista. A partir do momento em que os escravizados são libertos, isso gerou um problema para a elite cafeeira no Sudeste e para os fazendeiros no Nordeste, com a questão da cana-de-açúcar”, comentou Robson.

A partir daí, o Movimento Republicano, com apoio dos militares, viu a possibilidade de mudança no modelo de governo. O escolhido para dar essa nova cara foi Manuel Deodoro da Fonseca, um militar alagoano de prestígio.

Para Robson, a escolha do nome ocorreu devido ao seu prestígio, liderança e legitimidade entre os colegas de farda. Uma vez que a República ainda era muito frágil, aspectos como esses eram importantíssimos para que o novo modelo de governo fosse estabelecido.

“Deodoro da Fonseca era uma figura que representava a elite militar. Foi uma escolha que teve caráter fortemente militar, mas, por outro lado, não se descarta a questão política, pela sua liderança, que ajudava a conferir a aparência de ordem e continuidade do novo regime”, disse o professor.

E se Marechal Deodoro ajudou na Proclamação da República, foi seu sucessor, Floriano Peixoto, quem auxiliou no estabelecimento do regime político. Conhecido como “Marechal de Ferro”, Floriano reprimiu revoltas armadas.

“Por meio dessas duas figuras, nós percebemos de forma muito direta a atuação de Alagoas no cenário nacional. Os autores históricos da República são alagoanos; temos duas personagens centrais que atuaram fora da província de Alagoas, no Rio de Janeiro, que era a base do governo”, explicou o professor.

Ainda em passos trôpegos, a República e a democracia andaram pari passu ao longo das décadas seguintes, resistindo a golpes, como o de 1930, o Estado Novo, em 1937, e a queda de Vargas, até chegar ao regime militar de 1964.

REDEMOCRATIZAÇÃO

A partir daí, o País ficaria 21 anos sob o comando das Forças Armadas. Em 1985, ocorreu a eleição de um civil para a Presidência, mas por meio indireto. O Colégio Eleitoral escolheu Tancredo Neves, que acabou falecendo antes de assumir o cargo, exercido pelo vice, José Sarney.

Somente quatro anos depois, em 1989, os brasileiros puderam finalmente voltar a escolher o presidente por meio do voto direto. E, mais uma vez, coube a Alagoas se destacar no cenário político nacional — dessa vez com o ex-governador Fernando Collor de Mello, que se elegeu com 35 milhões de votos.

“Nessa longa caminhada, ocorreram instabilidades institucionais, regimes de exceção e ameaças à liberdade de expressão, marcando a travessia até a promulgação da Carta Constitucional de 1988. No ano seguinte, celebrava-se o direito de eleger o presidente pelo voto direto. Tenho muito orgulho de dizer que, 100 anos depois da Proclamação da República, protagonizei aquele momento histórico”, relembrou o ex-presidente em discurso no Senado.

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