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Direita de AL se reorganiza para 2026 entre bolsonarismo ‘raiz’ e moderação

Lideranças do PL e do Novo avaliam força do campo conservador, papel de JHC e desafios para ampliar base

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Para Cabo Bebeto, é preciso esclarecer o eleitor sobre a questão ideológica
Para Cabo Bebeto, é preciso esclarecer o eleitor sobre a questão ideológica | Foto: divulgação
André Farias, do Novo, diz que seu partido é o único 100% de direita no Estado
André Farias, do Novo, diz que seu partido é o único 100% de direita no Estado | Foto: divulgação
Para o vereador Leonardo Dias, direita sente o impacto da ausência de Bolsonaro
Para o vereador Leonardo Dias, direita sente o impacto da ausência de Bolsonaro | Foto: divulgação

A direita em Alagoas vive um momento de reconstrução, reorganização interna e busca de identidade — movimento que acompanha o cenário nacional desde a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, interpretada por seus apoiadores como um ataque direto ao “comando natural” do campo conservador.

Entre lideranças do PL e do Novo no Estado, há consenso de que o segmento ganhou capilaridade e representatividade, mas segue dividido entre um bolsonarismo raiz e um perfil mais moderado, com destaque para o prefeito de Maceió, JHC, que preside o diretório estadual do PL e atua de forma mais pragmática.

As avaliações foram feitas pelo deputado estadual Cabo Bebeto (PL), pelo vereador maceioense Leonardo Dias (PL) e pelo presidente do Partido Novo em Alagoas, André Farias.

VIÉS POLÍTICO

Para Cabo Bebeto, a maior missão da direita em Alagoas ainda é básica: explicar ao cidadão o que cada campo político representa. “Tenho certeza absoluta de que a maioria do alagoano é conservador, é de direita, só que ele não sabe o que a direita defende, o que a esquerda defende. Muita gente vota no Lula, mas não sabe o que a esquerda defende”, afirma.

O parlamentar avalia que o papel do segmento deveria ser justamente “mostrar para as pessoas o que cada viés político defende” e permitir que o eleitor escolha com clareza “qual é o caminho que ele quer na política”.

O presidente do Novo, André Farias, segue linha semelhante ao reforçar que sua legenda se coloca como a única “100% de direita” no Estado, com foco em “gestão eficiente, ética, combate à corrupção, fim dos privilégios, combate à criminalidade e redução do Estado”.

Ele ressalta que nem sempre estar em um partido que se declara de direita significa ser, de fato, alinhado ao ideário. “Contudo, nem sempre o fato de estar num partido ‘de direita’ representa ser um mandatário alinhado aos princípios”, provoca.

REACOMODAÇÃO

O vereador Leonardo Dias contextualiza o momento atual como um período de reacomodação após o que ele chama de “injusta prisão do Bolsonaro”. “É impossível não admitir que a ausência do Bolsonaro para guiar nosso espectro político tem feito falta. O sistema sabia disso e fez de tudo para calá-lo”, afirma o vereador.

Para ele, a prioridade da direita em 2026 está clara: “As eleições majoritárias — Senado, governo e presidência — devem estar no centro das estratégias”.

Leonardo avalia que a direita tem “crescido em Alagoas” e cita nomes como Delegado Fábio Costa, Alfredo Gaspar e Cabo Bebeto. O vereador, no entanto, afasta a ideia de liderança única. “Acho que todos têm papel importante e contribuem dentro das suas características”.

Entre eles, há divergências sobre liderança. Cabo Bebeto cita o deputado federal Alfredo Gaspar como o nome que “tem destaque de ponta a ponta no Estado”. Leonardo Dias evita hierarquias. Já André Farias aponta para um grupo — incluindo Leonardo, Caio Bebeto, Cabo Bebeto e Alfredo Gaspar — além de figuras de partidos de centro alinhadas ao ideário liberal-conservador.

GESTÃO INDEPENDENTE

A liderança de JHC no PL aparece como ponto central nas análises. Cabo Bebeto vê o prefeito como um nome sólido e agregador. “Vejo ele como um cara gigante, de potencial enorme. Ele não foca nessa questão de ideologia. É um cara de direita, mais discreto, com bom convívio em todos os ambientes e tem começado a juntar lideranças em torno do seu nome”.

Leonardo Dias, por outro lado, avalia que o PL poderia estar ainda mais fortalecido sob sua condução. Para ele, falta ao partido em Alagoas replicar estratégias bem-sucedidas de outras unidades.

“Acho que não usamos todo o potencial para atrair jovens ou mulheres. Ouço queixas de pessoas que gostariam de se engajar mais, mas não têm espaços partidários. Deveríamos seguir modelos como o Rota 22 e eventos segmentados como PL Mulher, PL Defesa, PL Jovem”.

Já André Farias destaca resultados administrativos, mas ressalta o distanciamento do prefeito em relação ao bolsonarismo raiz.

“É notório o avanço da capital em alguns aspectos. Apesar de fazer parte do PL, nem todos os alinhamentos seguem o lado da ala bolsonarista. Ele tem feito uma gestão independente do que o alinhamento de centro-direita nacional”.

Os três convergem sobre um ponto: a direita alagoana está mais forte do que em ciclos anteriores, mas precisa organizar discurso, aprofundar articulação e definir que tipo de conservadorismo pretende representar — o estritamente bolsonarista, o liberal de direita, ou um modelo híbrido, mais moderado e pragmático.

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