loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quarta-feira, 03/12/2025 | Ano | Nº 6111
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Política

Crime organizado

Senado reformula PL Antifacção, e votação na CCJ é adiada para o dia 10

Substitutivo de Alessandro Vieira revê tipos penais e remove trechos considerados inconstitucionais

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Vieira fez alterações no texto aprovado pela Câmara dos Deputados
Vieira fez alterações no texto aprovado pela Câmara dos Deputados | Foto: — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O relator do projeto de lei Antifacção no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), apresentou ontem um substitutivo que modifica pontos centrais do texto aprovado pela Câmara sob protestos do governo Lula. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou a votação para o dia 10 de dezembro após pedido de vista.

Entre as principais mudanças, Vieira propõe enquadrar facção criminosa como uma modalidade de organização criminosa, com pena de 15 a 30 anos, e retirar do texto dispositivos considerados inconstitucionais, como a vedação ao auxílio-reclusão e a restrição do direito ao voto de presos provisórios. Segundo o relator, esses temas só podem ser tratados por meio de emenda constitucional.

O substitutivo também integra a milícia privada à nova tipificação de facção criminosa e cria um mecanismo de financiamento para ações de segurança pública: a Cide-bets, tributo provisório de 15% sobre apostas de quota fixa. A estimativa é arrecadar até R$ 30 bilhões anuais para combater o crime organizado. O Executivo terá seis meses para propor uma reestruturação dos fundos nacionais de segurança.

Outro ponto modifica o monitoramento de comunicações entre presos e advogados vinculados a organizações criminosas. A interceptação seguirá dependendo de autorização judicial, com comunicação sigilosa ao Conselho Federal da OAB. O uso de softwares de intrusão, como spywares, também poderá ser autorizado para investigações.

Vieira retirou ainda do texto a proposta da Câmara que criava o conceito de “organizações criminosas ultraviolentas”, alegando que o termo era impreciso e poderia fragilizar investigações e julgamentos. Para o senador, a redação da Câmara “captou anseios da sociedade”, mas exigia ajustes para garantir segurança jurídica.

O relator defende que o endurecimento penal permanece. Apesar de reduzir a pena máxima prevista no texto da Câmara – que chegava a 40 anos –, lembra que, com a soma de crimes, integrantes de facções podem alcançar até 120 anos de condenação e cumprir até 85% da pena em regime fechado.

A nova versão recebeu elogios tanto de senadores da base quanto da oposição. O líder do PT, Rogério Carvalho (PT-SE), afirmou que o substitutivo corrige falhas e reduz riscos de nulidade processual. Já Angelo Coronel (PSD-BA) criticou a forma como as bets são tributadas, mas Vieira respondeu que o impacto recai sobre o apostador, e não sobre as empresas.

O senador Marco Rogério (PL-RO), autor do pedido de vista, disse que o tema exige mais tempo de análise.

Relacionadas