Tensão
Trump ameaça presidente da Colômbia: ‘É melhor ficar esperto’
Em resposta, Petro diz que EUA desconhecem medidas adotadas contra narcotráfico


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou o tom contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ao afirmar que o líder colombiano tem sido “bastante hostil” com Washington, não conseguiu conter a produção de drogas em seu país e poderia ser “o próximo” a enfrentar a pressão norte-americana na América Latina.
A declaração foi feita na quarta-feira (10), durante evento na Casa Branca. Trump afirmou que Petro “vai ter sérios problemas se não se ligar”, acusando a Colômbia de “produzir muita droga” e operar “fábricas de cocaína que vendem diretamente para os Estados Unidos”. Segundo ele, Washington não tolerará governos que “matam” e não cooperam com o combate ao narcotráfico.
Horas depois, Petro respondeu durante uma reunião de gabinete. O presidente colombiano disse que Trump está “mal informado” sobre a realidade do país e sobre as políticas implementadas para reduzir a produção e o tráfico de cocaína. “É uma vergonha. Ele desconsidera o país que mais entende de tráfico de cocaína”, afirmou.
Petro citou números que, segundo ele, demonstram o avanço de seu governo no setor: 2.700 toneladas de cocaína apreendidas desde o início do mandato, que termina em agosto de 2026. O presidente também rebateu a ameaça de Trump. “Essa terrível desinformação leva a medidas que não podem ser direcionadas a um presidente democraticamente eleito”, disse. Ele ironizou ainda a possibilidade de não ser mais convidado a Washington. “Espero que Trump venha à Colômbia para ver como destruímos nove laboratórios por dia e apreendemos dezenas de toneladas.”
OPERAÇÕES MILITARES
A troca de acusações ocorre em meio à escalada da presença militar norte-americana no Caribe e no Pacífico, sob a justificativa de combater o narcotráfico. Ao longo do ano, forças dos EUA destruíram 23 embarcações suspeitas de transportar drogas, resultando na morte de ao menos 87 pessoas. Petro questiona a legalidade dessas ações, realizadas principalmente perto da costa venezuelana. Trump, por outro lado, afirma que elas são necessárias e “continuarão”.
O presidente dos EUA também comentou a recente apreensão de um petroleiro no Caribe, em meio à tensão com a Venezuela. Segundo ele, o navio — descrito como “o maior já apreendido” — transportava petróleo sancionado da Venezuela e do Irã. A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, confirmou a operação, afirmando que agentes cumpriram um mandado de apreensão do navio-tanque.
As declarações de Trump e as respostas de Petro reforçam o clima de instabilidade diplomática na região, em um momento marcado por operações militares, pressões políticas e acusações mútuas sobre o combate ao narcotráfico.
