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Prefeitos tendem a apoiar Renan e Lira para o Senado simultaneamente

Cientista político aponta que gestores veem espaço para “casadinha” eleitoral em pleito com duas vagas

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Renan e Lira aparecem nas pesquisas como favoritos às duas vagas para o Senado em 2026
Renan e Lira aparecem nas pesquisas como favoritos às duas vagas para o Senado em 2026 | Foto: Divulgação

A eleição para o Senado em Alagoas, em 2026, caminha para um cenário raro: dois nomes com grande capilaridade política entre os prefeitos do interior – Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP) – aparecem como favoritos simultâneos. A combinação entre a força das máquinas municipais, a existência de duas vagas em disputa e a projeção eleitoral tornam o pleito especialmente aberto, mas com uma tendência clara de convergência dos apoios.

O MDB, partido comandado por Renan em Alagoas, elegeu quase 70 prefeitos em 2024, o maior número entre todas as siglas. Esse bloco natural de alianças lhe confere, desde já, vantagem orgânica no interior. Por outro lado, Arthur Lira, que construiu ampla relação institucional com prefeituras por meio de entregas, investimentos e articulações federais, também tem atraído prefeitos de diversos partidos – inclusive do MDB –, como mostram eventos recentes em Major Izidoro e Capela.

Nesse tabuleiro, ambos caminham para dividir, e não disputar, o apoio dos gestores municipais. Para o cientista político Marcelo Bastos, a lógica de duas vagas para o Senado em 2026 reduz a chance de um confronto direto entre grupos políticos ligados a Renan e a Lira dentro dos municípios.

Segundo ele, os prefeitos tendem a escolher Renan como primeiro voto – pela força estrutural do MDB – e Arthur como segundo, pela capacidade de entrega e articulação em Brasília.

“Não há briga no interior. Os prefeitos sabem da força de Renan e também da força que Arthur tem para arranjar recursos. Com duas vagas, eles estarão numa situação confortável para votar nos dois”, afirmou Bastos.

O analista acrescenta que Lira só se fortalece definitivamente se estiver em uma chapa encabeçada pelo prefeito JHC (PL), que tem mais de 80% de aprovação em Maceió. Sem esse alinhamento, sua competitividade na capital ficaria comprometida, ainda que o interior lhe garanta boa performance.

A cientista política Luciana Santana concorda que a base municipal ainda é majoritariamente alinhada ao grupo calheirista, mas destaca que a dinâmica do voto múltiplo torna o cenário mais fluido.

“Hoje, existe um alinhamento natural ao grupo de Renan e Paulo Dantas. Mas, em eleições com duas vagas, o eleitor – e os prefeitos – tende a distribuir votos entre diferentes campos”, analisa.

Ela observa, ainda, que indefinições partidárias na capital, sobretudo em torno de JHC, podem reorganizar blocos e abrir espaço para surpresas, principalmente para nomes alternativos que possam captar o segundo voto do eleitor que já escolheu um dos dois favoritos.

PESQUISA

A sondagem do Paraná Pesquisas, entre 4 e 8 de dezembro, com 2.005 eleitores em 64 municípios, mostra um quadro de liderança compartilhada entre Renan Calheiros e Arthur Lira, que aparecem numericamente próximos em todos os cenários estimulados.

Na estimulada (cenário 1), Renan Calheiros tem 48,2%, Arthur Lira 44,5%, Davi Filho 39,2% e Paulão 16,8%. Com Alfredo Gaspar, Marina Candia ou composições mais amplas, Renan e Lira continuam na dianteira, com oscilações dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais.

Em todos os recortes de gênero, faixa etária e escolaridade, a dupla se mantém como os dois nomes mais citados, revelando um padrão de liderança que se repete independentemente dos oponentes.

O dado mais relevante para o cálculo político dos prefeitos é que o eleitor alagoano demonstra tendência clara a dividir seus dois votos entre Renan e Lira, reforçando a avaliação dos analistas.

As agendas recentes de Arthur Lira em municípios como Major Izidoro e Capela evidenciam esse movimento de aproximação. Prefeitos do MDB – partido de Renan – declararam apoio público à pré-candidatura do deputado ao Senado, mesmo sem romper com o senador emedebista.

Em Major Izidoro, o prefeito Theobaldo Cintra (MDB), ex-cunhado de Paulo Dantas e considerado o mais alinhado com o grupo do Governador, exaltou Lira como “parceiro permanente” e oficializou apoio à sua campanha de 2026. Em Capela, o prefeito Thiago Medeiros (MDB) e o ex-prefeito Adelminho Calheiros reforçaram a união política com Arthur Lira, destacando obras e investimentos viabilizados.

Esses atos fortalecem a tese da “casadinha municipal”: prefeitos apoiando Renan e Arthur simultaneamente – um fenômeno incomum em eleições de vaga única, mas quase natural em disputas com duas cadeiras.

Se no interior a convergência é nítida, Maceió representa o maior desafio para Renan e a principal oportunidade para Lira. Com rejeição mais elevada na capital, Renan depende do desempenho de sua base estadual. Lira, por outro lado, pode transformar a eleição caso conquiste o apoio formal de JHC, cuja aprovação recorde e eventual candidatura ao governo ampliariam sua força eleitoral.

Para Marcelo Bastos, o movimento é decisivo. “Se o JHC apoia Arthur, ele terá mais votos que Renan na capital”, acredita.

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