Negociação
Petrobras busca ampliar poder sobre a Braskem
Presidente da empresa defende novo acordo de acionistas para reforçar sinergias entre a estatal e a petroquímica


A Petrobras pretende ampliar sua influência sobre as decisões estratégicas da Braskem no momento em que a petroquímica passa pela maior reorganização societária de sua história, com a saída da Novonor (ex-Odebrecht) do bloco de controle. A posição foi defendida ontem pela presidente da estatal, Magda Chambriard, em entrevista ao C-Level Entrevista, videocast semanal da Folha de S.Paulo.
Segundo a executiva, a intenção da Petrobras é garantir maior poder sobre a operação da Braskem no novo acordo de acionistas, que está em negociação após a transferência da participação da Novonor para um fundo assessorado pela gestora IG4. Pelo contrato firmado nesta semana, o novo controlador passará a deter 50,1% das ações com direito a voto, enquanto a Petrobras seguirá como acionista minoritária.
“A Petrobras quer mais poder sobre a operação dessa companhia”, afirmou Magda. Para ela, a Braskem – sexta maior petroquímica do mundo – tem uma relação estratégica direta com a estatal, que não teria sido plenamente explorada nos últimos anos. “A administração recente da Braskem, segundo nosso ponto de vista, não exacerbou como poderia as sinergias com o sistema Petrobras. A nossa ideia é exacerbar essas sinergias”, disse.
Magda citou como exemplo a integração industrial entre as duas empresas, destacando projetos em andamento no Complexo de Energias Boaventura, no Rio de Janeiro, onde uma unidade da Braskem está sendo construída próxima à produção de petróleo e ao processamento de gás natural do pré-sal. Segundo ela, a proximidade entre a oferta de insumos e um grande mercado consumidor cria uma oportunidade estratégica que precisa ser melhor aproveitada.
A discussão sobre a Braskem ocorre em paralelo ao debate mais amplo sobre o futuro da Petrobras na transição energética. Na entrevista à Folha, Magda reforçou que a estatal continuará focada na produção de óleo e gás no médio prazo, ao mesmo tempo em que amplia investimentos em combustíveis com maior teor renovável e em pesquisa de novas fontes de energia.
Nesse contexto, a executiva avalia que a Braskem permanece como um ativo estratégico para a Petrobras, tanto do ponto de vista industrial quanto da integração entre petróleo, gás e petroquímica, o que reforça o interesse da estatal em ter maior protagonismo nas decisões da companhia.
