Legislativo
Rui amplia ofensiva política e jurídica para evitar rejeição de contas
Estratégia envolve defesa técnica e articulação para obter apoio de vereadores e barrar possível reprovação em plenário


O vereador Rui Palmeira (PSD) intensificou a estratégia política e jurídica para evitar um eventual rejeição das contas relativas ao exercício de 2019, período em que era prefeito de Maceió. O movimento ocorre em meio à escalada de tensão com o prefeito JHC (PL), seu principal adversário político desde que Rui passou a ocupar a tribuna da Câmara para criticar, de forma sistemática, pontos sensíveis da atual gestão municipal.
No centro da disputa está a análise das contas de governo de 2019, conduzida pela Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira (CFOFF), que concedeu prazo de 15 dias para que o ex-prefeito apresente defesa sobre questionamentos relacionados, sobretudo, ao cumprimento do investimento mínimo constitucional em educação.
Aliados de Rui avaliam que o processo extrapola o campo técnico e se insere em um contexto de enfrentamento político direto com o Executivo municipal. Desde o início do mandato como vereador, Rui tem adotado postura de oposição ativa, questionando contratos, investimentos e decisões estratégicas da prefeitura, o que elevou o grau de atrito com o grupo político comandado por JHC.
Paralelamente à disputa em torno das contas, o ex-prefeito tem recorrido ao Judiciário para reforçar o discurso de fiscalização e transparência e, ao mesmo tempo, construir uma linha de defesa política e institucional. No plano legislativo, também atua para angariar apoio entre os colegas vereadores e barrar a reprovação das contas em plenário.
Para evitar a rejeição, Rui precisa reunir pelo menos 10 votos favoráveis, já que a cassação exige maioria absoluta de 18 votos dos 27 vereadores da Casa.
Na Comissão de Finanças, Orçamento e Fiscalização Financeira, ele obteve o apoio de três integrantes. No plenário, conta ainda com mais três votos — o próprio e os dos vereadores Teca Nelma (PT) e Silvio Camelo Filho (PV). O desafio agora é conquistar pelo menos outros quatro parlamentares.
No entorno do vereador, a avaliação é de que a combinação entre defesa técnica das contas, decisões judiciais favoráveis e exposição pública de temas sensíveis pode neutralizar a tentativa de rejeição das contas.
Rui sustenta que possui documentação oficial que comprova a aplicação do percentual mínimo constitucional em educação em 2019 e que responderá de forma detalhada ao relatório da comissão.
O caso acabou influenciando, inclusive, o calendário legislativo, com o adiamento da votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026 e a manutenção da Câmara em sessão permanente. Nos bastidores, parlamentares admitem que o prazo concedido para a defesa do ex-prefeito se tornou peça central no xadrez político do encerramento do ano legislativo.
A votação do parecer deve ocorrer no mesmo dia em que o plenário decidirá sobre o Orçamento de 2026 e sobre o aumento do duodécimo da Casa.
TERCEIRIZADA
Paralelamente à disputa em torno das contas, o vereador tem apostado em medidas judiciais para reforçar o discurso de fiscalização e transparência e, ao mesmo tempo, construir uma linha de defesa política e institucional.
Recentemente, Rui obteve decisão liminar da Justiça determinando que a Câmara Municipal de Maceió forneça informações detalhadas sobre a contratação da empresa terceirizada Reluzir, após a Mesa Diretora não responder a requerimentos protocolados desde setembro.
Além desse caso, o vereador também protocolou requerimentos sobre a quantidade de cargos comissionados na Câmara e outros temas administrativos que, segundo ele, seguem sem resposta.
Esses episódios têm sido usados por Rui como demonstração de que sua atuação incomoda tanto o Executivo quanto setores do Legislativo alinhados ao prefeito.
