Arapiraca
Eleição do diretório do MDB mostra racha entre grupos Barbosa e Nezinho
Reeleição de Yale Fernandes, com apoio de Luciano Barbosa, aprofunda desgaste interno

A reeleição de Yale Fernandes para a presidência do diretório municipal do MDB de Arapiraca, nesta semana, foi além de um processo partidário formal. O desfecho da convenção escancarou um racha político entre dois dos principais grupos históricos da legenda no município: de um lado, o grupo liderado pelo prefeito Luciano Barbosa; do outro, a família Nezinho, que reúne o deputado estadual Ricardo Nezinho, o vereador Rogério Nezinho e a vice-prefeita Rute Nezinho.
O resultado consolidou o controle do diretório nas mãos do grupo alinhado ao prefeito e evidenciou o isolamento político dos Nezinhos dentro da estrutura partidária. A disputa, que até então era tratada nos bastidores, ganhou contornos públicos após manifestações duras de Ricardo e Rogério Nezinho, que questionaram a condução da convenção e a falta de participação mais ampla da militância.
Reeleito presidente do MDB de Arapiraca, Yale Fernandes — ex-vice-prefeito, atual secretário de Governo e homem de confiança de Luciano Barbosa — adotou um discurso de unidade. Nos bastidores, dirigentes do partido avaliam que a convenção seguiu os ritos internos e refletiu a correlação de forças atual da legenda no município, hoje fortemente alinhada ao projeto político do prefeito.
A reação veio quase de imediato. O deputado estadual Ricardo Nezinho, membro da direção estadual do MDB, divulgou uma nota pública em tom crítico, afirmando que o processo não respeitou os princípios democráticos que historicamente marcaram o partido. O vereador Rogério Nezinho também se manifestou, afirmando que a convenção ocorreu de forma restrita, com pouca escuta e afastada da pluralidade que, segundo ele, deveria orientar as decisões internas do MDB. O desgaste entre a família Nezinho e o prefeito Luciano Barbosa ganhou visibilidade no fim do ano passado, quando o vereador Rogério Nezinho votou contra o pedido do Executivo para contratação de um empréstimo de até R$ 150 milhões.
Desde então, o distanciamento político se aprofundou. Nos bastidores, aliados do prefeito passaram a tratar o grupo Nezinho como dissidente, enquanto a família passou a adotar um discurso mais crítico em relação às decisões do Executivo.
