Relações perigosas
Oposição pressiona por impeachment de Moraes e CPMI do Master
PGR afirma não haver irregularidade em contrato da esposa do ministro com o banco e arquiva pedido de investigação

Repórter

A oposição no Congresso Nacional decidiu reagir durante o recesso parlamentar para pressionar pela abertura de um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e pela instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar supostas fraudes envolvendo o Banco Master. O pedido de afastamento do magistrado foi apresentado ontem pelo deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), líder do bloco oposicionista.
Segundo Gilberto Silva, a mobilização não representa uma suspensão formal do recesso, mas uma iniciativa da oposição diante da gravidade do caso. O movimento ganhou força após a revelação de que o escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, teria firmado contrato de R$ 129 milhões com o Banco Master, instituição alvo de denúncias de fraude.
ACAREAÇÃO
A Polícia Federa colherá o depoimento do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e do diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Ailton de Aquino Santos, antes de eventual acareação prevista para ocorrer no STF.
Os depoimentos serão conduzidos por uma delegada da PF a partir das 14h desta terça-feira (30). Após ouvir os três por videoconferência, caso entenda necessário, a investigadora poderá indicar ao juiz auxiliar do gabinete do relator do caso, ministro Dias Toffoli, a realização de acareação entre os envolvidos logo na sequência.
A eventual acareação, caso seja indicada pela investigação, tem como finalidade esclarecer divergências entre os núcleos do caso Master, além das circunstâncias em que podem ter ocorrido as fraudes apuradas.
ARQUIVAMENTO
Ontem, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidiu arquivar um pedido de investigação contra Alexandre de Moraes relacionado ao caso do Banco Master. A representação, apresentada pelo advogado Enio Murad, apontava suposta interlocução do ministro com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em favor do banco, além do contrato firmado pela esposa do magistrado.
No despacho, assinado em 27 de dezembro, Gonet afirmou não haver “lastro probatório mínimo” que sustentasse as acusações de tráfico de influência ou violação aos princípios da administração pública. Segundo o PGR, as reportagens publicadas não apresentaram indícios concretos.
