Política
Vereadores criticam falta de interesse de estudantes com C�mara Itinerante

A terceira edição do Câmara Itinerante aconteceu, ontem, no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Na ocasião, muitas críticas foram feitas pela reduzida participação de estudantes e de professores nas discussões. O propositor da sessão, vereador Alan Omena Balbino, declarou, no discurso de abertura, que a Ufal tem cerca de 12 mil alunos, 900 professores e 1.100 funcionários e no auditório não havia, sequer, 300 pessoas. Balbino aproveitou a oportunidade para criticar a política do Fundo Monetário Internacional (FMI), contra o Brasil. Na sua opinião, este é um dos motivos pelos quais o governo federal vem desmontando o ensino público do País, especialmente, o ensino universitário. O vereador apresentou números para fundamentar suas declarações. As universidades têm um orçamento estimado em torno de R$ 9,5 bilhões por ano e o governo repassa cerca de R$ 7 bilhões. Essa diferença de R$ 2,5 bi seria necessária, por exemplo, para a aquisição de livros e periódicos. Porém, as universidades do eixo Rio/São Paulo ficam com aproximadamente 35% do valor do Orçamento. Se houvesse uma distribuição igualitária, todos seriam contemplados, salientou Balbino. O reduzido número de estudantes durante a sessão da Câmara Itinerante, entretanto, foi entendida como um estímulo pelo presidente da Casa, vereador Maurício Quintella. Na sua opinião, a função das sessões descentralizadas é pedagógica, pois mostra à população o trabalho desenvolvido pelo Legislativo, não significando que os vereadores estejam ali para dar solução imediata aos problemas. Quintella considera ser este o melhor momento de discussões, por causa do período pré-eleitoral. Demissão No momento de discussão da sociedade com os vereadores, o primeiro a se pronunciar foi o reitor da universidade, professor Rogério Pinheiro. Ele começou lamentando a decisão da Procuradoria Regional do Trabalho (PRT), de obrigar a demissão de aproximadamente 300 funcionários contratados como prestadores de serviço do Hospital Universitário, a partir de março do próximo ano. Como gestor de um órgão público, sei que devo cumprir a lei. Mas que lei é essa, que vai privar de atendimento médico a população mais carente da nossa cidade?, questionou. Pinheiro aproveitou para informar aos vereadores sua preocupação pois, a partir de março, caso não se encontre uma solução, deixarão de funcionar setores essenciais do HU, como as UTIs adulta e neonatal, além da maternidade. De acordo com o reitor, a instituição será transformada em um grande ambulatório, realizando apenas as consultas, sem conseguir prosseguir com o tratamento adequado. No final de seu pronunciamento, Pinheiro agradeceu a iniciativa dos vereadores por realizar uma sessão no Campus e cobrou uma pressão junto à bancada federal para conseguir a aprovação da emenda orçamentária da União para a manutenção da Ufal. A estimativa é de uma emenda na ordem de R$ 15 milhões. Ainda durante a sessão, o coordenador de comunicação do DCE/Ufal, Eduardo Cunha, aproveitou para divulgar uma moção de repúdio à ação da Polícia Militar contra os estudantes, durante as manifestações pedindo mais ônibus para servir ao Campus. Logo em seguida, o vereador Maurício Quintella convidou Cunha a formar uma comissão para discutir o tema na próxima terça-feira, no plenário da Câmara. Estiveram presentes ao evento, 13 dos 21 vereadores da capital.