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Arroba do boi gordo volta a ter alta em AL

Preço subiu de R$ 170 para até R$ 225; falta de animais no mercado e alta do consumo no mercado nacional e internacional levaram ao aumento da arroba

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A Expoagro 2019 terminou com variação positiva no volume de negócios. O faturamento da exposição passou dos R$ 10,4 milhões, gerando um crescimento superior a 30%. O resultado positivo foi puxado, especialmente, pelos leilões da raça nelore, com crescimento de até 90%. Este cenário de positivo antecipou o aquecimento do mercado da pecuária de corte em Alagoas, que vem operando em forte alta nos últimos dias.

Até a Expoagro, que foi realizada de 25 de outubro a 03 de novembro deste ano, a cotação da arroba do boi gordo estava “empacada”, em Alagoas, entre R$ 165 e R$ 170. Nas últimas duas semanas, esse valor aumentou de forma considerada com os preços variando de R$ 210 até R$ 225.

A alta no preço do boi gordo foi puxada especialmente pelo mercado nacional e a crise da carne na China. Em São Paulo (considerado preço base), que sempre foi uma referência para o mercado alagoano, o valor da arroba, esta semana, está variando entre R$ 212 e R$ 216.

Oferta de boi no mercado está menor que a demanda aquecida do mercado consumidor
Oferta de boi no mercado está menor que a demanda aquecida do mercado consumidor | Foto: Divulgação

Além da baixa oferta de boi gordo – reflexo da seca de 2017 – a safra de cana-de-açúcar também ajuda no aquecimento da pecuária de corte. Tradicionalmente, no período da colheita, o consumo de carne e outros alimentos é maior no Estado, num reflexo do aumento da circulação de renda entre trabalhadores mais pobres.

De acordo com o pecuarista Antonio Brandão, presidente da Comissão da Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária no Estado de Alagoas (Faeal), o mercado do boi gordo passa por um momento de alívio. “Temos frigoríficos pagando R$ 210. Mas, também temos compradores anunciando em grupos de whatsapp a compra da arroba por R$ 225”, declarou.

Segundo ele, há uns três anos, o preço da arroba chegou a R$ 170 e voltou a cair, chegando a R$ 155. “Contudo, hoje, não tem de onde ir vir boi barato. Neste momento, Alagoas é um mercado importador de boi. A carne congelada que vem de outros mercados também teve aumento de preço e com isso começaram a pedir mais bois de Alagoas. Afinal, ficou mais barato do que o vindo de fora”, destacou Brandão.

Para o pecuarista, como o período da safra do boi gordo em Alagoas já passou e com o aumento da procura, o preço da arroba vem subindo praticamente toda a semana. “Vai acabar chegando aos preços praticados no Tocantins e no Maranhão, somado ainda o valor do frete. Nestes Estados, por exemplo, a arroba varia de 205 a 210 e quando o frete é inserido chega a R$ 225”, afirmou.

De acordo com Brandão, com o preço em alta e com a oferta da compra da arroba do boi a R$ 225, “dificilmente o pecuarista alagoano vai querer vender a R$ 210”, ressaltou.

Pecuarista Antonio Brandão afirma que mercado está começando a se reequilibrar após a alta do preço
Pecuarista Antonio Brandão afirma que mercado está começando a se reequilibrar após a alta do preço | Foto: Divulgação

O criador lembrou ainda que o preço do bezerro também segue a maré de alta. “Por conta do fim do período de safra, que vai de maio a agosto, tem pouco bezerro para venda. Com isso, o preço gira em torno de R$ 250 a R$260”, reforçou.

Para o presidente da Comissão da Pecuária de Corte da Faeal, o aumento no preço da arroba do boi foi provocado pelo desequilíbrio causado pela China. “Responsável por metade da carne de suíno do mundo, o país teve que diminuir a produção por conta da peste suína. Com isso, eles tiveram que comprar também outros tipos de proteína para suprir a demanda, a exemplo da carne de boi”, reforçou.

Segundo ele, apesar da euforia da tendência de alta, o cenário já começou a se equilibrar. “O gráfico da curva de aumento parou de subir. Daqui a 60 dias, tem boi gordo de novo no mercado e pode haver uma correção, ocorrendo um reequilíbrio”, afirmou.

Diante deste crescimento da arroba do boi, o mercado do milho também registrou alta de preço. “Subiu muito e não deve voltar mais para o preço que estava antes desta alta. O milho está sendo comercializado em torno de R$ 52 o saco”, finalizou.

Demanda elevada  por carne fez aumentar o preço da arroba do boi
Demanda elevada por carne fez aumentar o preço da arroba do boi | Foto: Divulgação

Segmento do leite pode ter impacto com preço do boi

Canal Rural

As recentes altas da arroba do boi gordo podem impactar o mercado leiteiro nos próximos meses. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) já vê como provável o aumento no descarte de vacas já que o mercado atualmente encontra dificuldade em conseguir animais para abate. Esse fato poderia elevar os preços do leite já em 2020.

“Isso já aconteceu em 2015, onde tinha uma forte pressão (de preço alto) da arroba e produtores, estimulados a realizar o descarte de animais improdutivos ou que não estavam dando retorno, optaram por descartar animais. Com isso, a produção (de leite) sofreu uma queda e os preços melhoraram. Essa é uma das grandes apostas para o cenário no ano que vem”, ressalta o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da entidade, Thiago Rodrigues.

Segundo ele, além da alta da arroba, outro fator que pode elevar ainda mais o descarte de fêmeas é a alta nos custos de produção. De acordo com a entidade, a relação de troca entre o litro de leite com quilo do concentrado, que representa 30% do custo total do criador, piorou de setembro para outubro. Se antes era possível comprar um saco de ração com 34 litros de leite, em outubro, foi preciso 36 litros do produto.

“O cenário de milho e soja para o próximo ano, apesar da produção recorde, é de um canal de exportação um pouco mais aberto. Isso vai trazer menor disponibilidade dos produtos no mercado interno, elevando a cotação das duas commodities”, afirma. Para ele, a aposta é que essa relação de troca mais desfavorável diminua a margem do produtor leiteiro.

Tendência

A expectativa do assessor técnico é que o mercado do leite continua normal até fevereiro. “Em março, onde normalmente acontece as altas, a gente pode ter, por especulação de mercado ou já sentindo o evento do menor do número de vacas ordenhadas, podemos esperar uma aceleração na retomada de preços pagos ao produtor de leite”, afirma.

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