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Nº 5861
Rural

Cultura do fumo resiste no Agreste

Atualmente, Estado conta com uma área plantada que equivale a 30% do que era cultivado há cerca de três décadas

Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 04/01/2020 - Matéria atualizada em 04/01/2020 às 04h00

/Fumicultura ocupa hoje apenas 30% da área que era plantada no passado
/Após a colheita, folhas de fumo são transformadas em corda para ser comercializadas
/José Adailton afirma que, apesar da diversificação de culturas, área cultiva de fumo ainda resiste em Arapiraca e região
/Para Geraldo Balbino, agricultores familiares sustentam a cultura fumageira em Arapiraca

Entre altos e baixos, a cultura do fumo no agreste alagoano sem mantém como um das lavouras exploradas na agricultura da região. Atualmente, a expectativa é que a área plantada ocupe 30% do espaço que era cultivo há cerca de 30 anos atrás.

Após uma frustração de safra na cultura do fumo em função e uma seca severa, gerando uma baixa dos estoques e da produtividade, houve um aquecimento na procura do produto, levando a uma recuperação de preço significativa. “Chegou a se vender fumo de até R$ 30 em Arapiraca”, afirmou o presidente do Sindicato Rural Patronal de Arapiraca, José Adailton Barbosa.


Fumicultura ocupa hoje apenas 30% da área que era plantada no passado
Fumicultura ocupa hoje apenas 30% da área que era plantada no passado - Foto: Reprodução
 

De acordo com ele, no ano de 2019 um novo cenário se apresentou para os fumicultores da região agreste de Alagoas com um conjunto de fatores opostos aos observados no ano anterior.

“Tivemos inverno com chuva dentro da média, aumento da área plantada e ampliação da produção, provocando também um aumento da oferta do produto. Mas, mesmo assim, neste início de comercialização o preço está na ordem de R$ 14 a R$ 15, que é um valor ainda interessante para o produtor rural da nossa região”, esclareceu Barbosa.

Segundo o presidente do Sindicato Patronal de Arapiraca, atualmente, a área plantada com fumo ocupa 30% do espaço que existia há três décadas passadas. “Podemos falar que hoje cerca de 15 mil hectares são destinados ao plantio de fumo. Como o inverno foi bom, aumentou a oferta. Quando os estoques estão baixos, neste primeiro momento, os estoques estão sendo repostos”, afirmou.

Para ele, a previsão de como se comportará o segmento em 2020 ainda não pode ser definido. “A gente não tem ideia em que patamar o fumo vai ficar. O produtor vai ter que aguardar. O mercado não tem como interferir e esperar a realidade”, destacou. 


Após a colheita, folhas de fumo são transformadas em corda para ser comercializadas
Após a colheita, folhas de fumo são transformadas em corda para ser comercializadas - Foto: Reprodução
 

DIVERSIFICAÇÃO

Adailton afirmou ainda que a agricultura passa por um momento de transição. “A região que segue em direção ao litoral começou a trabalhar a diversificação. A área de hortaliças é muito forte e o amendoim vem surgindo com força na região, além do abacaxi e do feijão de corda. Existe a diversidade. Mas, na região mais próxima do sertão do Estado, fica limitada as culturas do fumo e da mandioca por serem culturas que se adaptam a um volume de chuva menor. Então, para os produtores que estão nos municípios de Craibas e Girau do Ponciono é a saída que eles têm para a agricultura”, explicou.

De acordo com ele, há também uma migração de culturas de acordo com o mercado. “Hora ele planta o fumo e outra hora a mandioca, sempre buscando a que oferta o melhor preço. Torcemos para que o produtor sempre tome a decisão certa de estar produzido determinada cultura no melhor momento”, reforçou.


José Adailton afirma que, apesar da diversificação de culturas, área cultiva de fumo ainda resiste em Arapiraca e região
José Adailton afirma que, apesar da diversificação de culturas, área cultiva de fumo ainda resiste em Arapiraca e região - Foto: Reprodução
 

Para Geraldo Balbino, agricultores familiares sustentam a cultura fumageira em Arapiraca
Para Geraldo Balbino, agricultores familiares sustentam a cultura fumageira em Arapiraca - Foto: Reprodução
 

AGRICULTURA FAMILIAR

A relação da agricultura familiar do agreste alagoano com a cultura fumageira está rendendo bons resultados para o setor. Apesar dos entraves causados pela seca e pela falta de apoio, os agricultores familiares é a classe que mais vem exercendo a atividade e insistindo no plantio do fumo na região.

“Mesmo com a decadência do fumo, permanecemos plantando, colhendo e tirando lucros com as plantações. Estamos realizando um trabalho árduo para manter viva essa cultura que está sendo de grande importância para a agricultura familiar local”, assegura Geraldo Balbino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arapiraca.

“Nesses últimos anos, ocorreu um avanço no plantio do fumo na região. Com o incentivo do preço na safra 2018, conseguimos aumentar os números na safra 2019 e esse padrão pode se estabelecer também para 2020”, pontua o presidente.

Os balanços de 2019 ainda estão sendo finalizados, entretanto, a espera é que sejam números positivos para o segmento, que acredita em um 2020 próspero para a cultura do fumo. “As expectativas para 2020 são positivas. Ainda que não tenhamos o incentivo por parte das indústrias para o cultivo, acreditamos que os bons resultados permaneçam neste próximo ano”, finaliza Geraldo Balbino.  


HISTÓRIA

De acordo com material divulgado pela Prefeitura de Arapiraca, o município ganhou notoriedade nacional na década de 70 e 80, ostentando o título de capital brasileira do fumo. O “ouro verde”, que era exportado para o mundo inteiro, proporcionou o sustento de milhares de famílias, onde muitos fizerem fortunas no auge da produção.

No início dos anos 90, com o declínio da cultura fumageira, a agricultura familiar ganhou espaço com o cultivo das hortaliças, que se mantém firme em partes do município.

O fumo ainda exerce um papel importante para a economia de Arapiraca e região. A feira de fumo é a prova disso que é realizada uma vez por semana a feira do bairro Baixão. No auge da cultura fumageira, a área de plantio chegou a 40 mil hectares.


BRASIL

Segundo informou a Associação dos Fumicultores do Brasil, o país é o segundo maior produtor de tabaco do mundo, perdendo apenas para a China. Em 2017, a fumicultura gerou 638.440 empregos diretos na lavoura e 40.000 na indústria e indiretamente, foram mais de 1,44 milhão de empregos gerados.

O tabaco é cultivado em 321.520 mil hectares do território nacional e o sul do país é responsável por 98% da produção, sendo o principal complexo agroindustrial de tabaco do Brasil com 619 municípios.

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