Grãos: Área plantada deve chegar a 80 mil hectares
Alta do preço e chuvas atraem novos investimentos para o Estado e anima produtores a investirem no cultivo de grãos cuja área plantada deve crescer este ano em Alagoas
Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 16/05/2020 - Matéria atualizada em 16/05/2020 às 04h00
As chuvas chegaram e com elas a temporada para o plantio de grãos em Alagoas. Este ano, apesar dos índices pluviométricos registrados estarem acima do desejado para o cultivo das lavouras, Alagoas deve contar com uma área plantada de 80 mi hectares.
De acordo com dados da Comissão Estadual de Grãos, do total de área plantada no Estado, 40 mil hectares serão apenas destinadas a lavoura de milho.
“Grandes produtores já plantaram boa parte de suas áreas, a exemplo de propriedades na região do sertão alagoano também. O milho está com um preço excelente com o saco variando de R$ 55 a R$ 60. Esse preço deve se manter mesmo quando chegar a safra já que o dólar está em alta. O Brasil nunca exportou tanto. Só nos cinco primeiros dias de maio a comercialização foi maior do que foi registrado em todo o mês no ano passado ”, declarou Hibernon Cavalcante, presidente da Comissão de Grãos.
Neste contexto de crescimento, a soja também ocupa uma posição de destaque com o aumento das exportações. “A produção no campo, no Brasil, não parou. Já em outros países sim. Com isso, a gente pode dizer que é o setor agropecuário que está segurando o país. Se chegarmos a ter o lockdown (bloqueio total ou confinamento como forma de se evitar a propagação da Covid–19), só o campo que não vai parar”, reforçou Cavalcante, lembrando que, em Alagoas, o preço do saco de feijão está variando de R$ 280 a R$ 300.
Segundo Cavalcante, a dúvida na agricultura está na cultura da cana, diante das dificuldades que o setor deverá enfrentar por conta dos reflexos do novo coronavírus que vem causando prejuízos a competitividade do etanol frente à gasolina. “As usinas não terão espaço para armazenar os produtos, além da falta de dinheiro para fazer a colheita”, alertou.
Tecnificado
Neste cenário geral, o plantio tecnificado, com a utilização de máquinas, responderá por uma área total de até 12 mil hectares, de acordo com a expectativa da comissão. “Teremos uma área maior que a do ano passado. Este ano, por exemplo, temos um produtor novo, que participou dos seminários promovidos pela Comissão de Grãos, que estará plantando 300 hectares de milho e 80 hectares de soja”, informou Hibernon.
Segundo o gestor, apesar de a chuva ser o sinal positivo para o plantio e desenvolvimento das lavouras, os altos índices pluviométricos estão causando certa de dor de cabeça aos produtores.
“Está atrapalhando o plantio para quem teve que preparar a terra, já que o solo está solto. Daí, tem gente que não pode plantar ou finalizar o plantio já que o solo está solto. Apenas quem está fazendo o plantio direto não está tendo essa dificuldade já que, após a estiagem, a máquina entra em ação para trabalhar em um solo que não está removido”.
Santana
Em culturas mais exigentes como o milho, por exemplo, o plantio tem que ser realizado no tempo certo. No município de Anadia, o Grupo Santana iniciou o plantio um pouco mais cedo, trabalhando na região há três anos com o plantio de grãos em larga escala e tecnificado.
Neste ano, a safra 2020 contará com a produção de soja, milho, soja e algodão, além de feijão e sorgo, que será usado para semente, cultivados em área superior a 3.200 hectares.
“Com o acúmulo de chuvas em março, a gente começou o plantio mais cedo. Só na área de melhor serão plantadas 1.900 hectares”, afirmou Augusto Tanure, produto rural e representante do Grupo Santana.
Segundo Tanure, o plantio de grãos tem melhorado a qualidade do solo. “Agrega a matéria orgânica. Neste área, tínhamos ela muito baixa e os microrganismos muito baixos até para decompor o próprio fertilizante, nitrogênio. Na terceira safra, sempre no plantio direto, com o uso da palhada”, destacou.
“Temos plantio direto na palhada do milho, milheto e do resto cultural do ano passado. O milheto se adapta bem a região seca e pode ser usado como suporte forrageiro, se necessário. Vamos plantar 1.500 hectares em cima dessa palhada, havendo uma retenção de umidade bem maior que a de um plantio convencional. Com a sazonalidade de chuvas ficamos mais seguros, levando também a uma produtividade mais elevada e que vem sendo superada a cada safra”, informou Tanure.