Safra é finalizada com 16,9 mi de toneladas
Moagem teve crescimento de 3% e contou com 15 unidades industriais em operação neste ciclo da cana que teve início em agosto do ano passado e se estendeu por nove meses
Por Editoria do Gazeta Rural | Edição do dia 23/05/2020 - Matéria atualizada em 23/05/2020 às 04h00
Iniciada na primeira quinzena de agosto do ano passado pela usina Santo Antônio, a safra 19/20 foi encerrada no último dia 07 de maio pela usina Sumaúma. Apesar da escassez das chuvas no final do ano passado, que acelerou o encerramento da moagem para muitas usinas, este ciclo foi considerado um dos mais longos do setor sucroenergético alagoano com quase nove meses de duração, resultando em um crescimento de quase 3% em comparação ao ciclo passado.
Com exceção da Santo Antônio, Camaragibe e Pindorama, que iniciaram a moagem já no mês de agosto, todas as demais unidades industriais deram o pontapé inicial para o novo ciclo da cana no tradicional mês de setembro.
Segundo dados do Sindaçúcar-AL, com base em dados divulgados pelas 15 unidades industriais que participaram desta moagem, foram processadas mais de 16,9 milhões de toneladas de cana, enquanto na moagem anterior o acumulado chegou a pouco mais de 16,4 milhões de toneladas.
A usina com maior produção neste ciclo foi a Coruripe com mais de 3,4 milhões de toneladas de cana processadas, sendo seguida pela Santo Antônio com mais de 2 milhões de toneladas de cana beneficiadas e pela Caeté com uma moagem superior a 1,6 milhões de toneladas esmagadas.
Em comparação a safra 18/19, oito usinas tiveram crescimento com percentuais que variaram de 3,5% até 67,6% que foi o caso da usina Santa Clotilde que processo neste ciclo mais de 860 mil toneladas de cana em cinco meses de moagem.
Quanto a produção de açúcar, foram processados neste ciclo 19/20 mais de 1,3 milhão de toneladas do produto (VHP e cristal). Como na safra 18/19 a produção final foi de 1,2 milhão de toneladas, houve uma variação positiva de quase 11% na safra finalizada.
As três maiores unidades produtoras foram: Coruripe com mais de 289 mil toneladas; Santo Antônio com pouco mais de 166 mil toneladas e Caeté com uma produção superior a 137 mil toneladas.
Neste cenário, a usina que teve o maior percentual de crescimento em relação a produção da safra passada foi a Santa Clotilde que passou de 40 mil toneladas em 18/19 para 71 mil toneladas nesta moagem, resultando em um crescimento de 75,6%.
Já no item etanol, o ciclo 19/20 foi finalizado com quase 500 metros cúbicos (m³) ou 500 milhões litros. Deste total, pouco mais de 270 milhões litros foram do tipo anidro e mais de 291 milhões litros do hidratado. Com isso, praticamente, houve uma repetição da produção geral de etanol ante ao ciclo anterior que foi de 499 milhões litros.
O departamento Técnico do Sindaçúcar-AL destacou ainda que, por conta das chuvas que vêm ocorrendo na região da zona canavieira do Estado, as duas últimas usinas a encerrarem o ciclo da cana (Coruripe e Sumaúma) ainda deixaram uma pequena quantidade de cana sem ser colhida no campo.
“As usinas alagoanas estão em uma fase de retomada do crescimento. Apesar das dificuldades, existe um sentimento de otimismo no setor sucroenergético. As unidades industriais já estão preparando a próxima safra. Tivemos uma moagem boa e as chuvas que vêm ocorrendo na região canavieira do Estado apontam para uma moagem ainda melhor, mesmo em um momento de crise causado pela pandemia da covid”, declarou o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira.
Positivo
Com quase 17 milhões de toneladas de cana processadas, o presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas – Asplana, Edgar Filho, declarou que a safra 19/20 foi uma moagem de recuperação, já que, apesar das adversidades ocorridas no fim do ciclo, teve um crescimento de 3%.
“Alagoas vem se recuperando ao longo dos últimos três anos, após ter chegado ao pior patamar da nossa história com 13 milhões de toneladas de cana processadas. Evoluímos para pouco mais de 16 milhões e hoje chegamos a quase 17 milhões de toneladas de cana processadas”, afirmou ele.
Para o presidente da entidade de classe, que representa quase sete mil fornecedores de cana alagoanos, apesar do resultado de crescimento, a moagem final da cana foi abaixo do esperado. “A expectativa era de uma safra de 18 milhões de toneladas de cana. Mas, como um houve um veranico em setembro, entre outras questões climáticas, isso atrapalhou alcançar a meta que estava sendo prevista”, declarou.
Segundo Edgar Filho, o próximo ciclo da cana em Alagoas deve contar com uma moagem maior em comparação a que foi encerrada em função dos investimentos que foram realizados ano passado, a exemplo do plantio, e da questão climática favorável. “Acreditamos que possamos, no mínimo, repetir os números desse ciclo. Mas, ainda é muito cedo para se ter tal confirmação de forma exata”, salientou.
De acordo com o dirigente do setor sucroenergético, em termos de mercado, a entidade observa o movimento com preocupação já que os preços dos subprodutos da cana estão em baixa. “O etanol perdeu competitividade diante da queda do preço do petróleo que desabou no mundo pela redução do consumo. O preço do açúcar tem caído muito também. Temos a esperança que isso se reverta. Afinal, os mercados estão começando a reabrir. Isso nos dá esperança para que até setembro, quando tem início a safra em Alagoas, o açúcar e o etanol possam reagir. Se isso não ocorrer, vamos ter uma safra com um prejuízo financeiro muito grande. Estamos em um período de insegurança em termos de mercado”, reforçou.
Trabalhadores
Com quase 17 milhões de toneladas de cana processadas neste ciclo, a da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais de Alagoas (Fetar/AL), aponta que o ciclo foi considerado positivo.
“A safra foi boa. Temos exemplos de usinas que quebraram o recorde de moagem, a exemplo da Coruripe e a Sumaúma”, afirmou o presidente da entidade de classe que representa os trabalhadores do corte da cana, Antônio Torres.
Segundo o dirigente sindical, apesar da questão dos contratos safristas - por tempo determinado - os trabalhadores não têm do que reclamar. “Esperamos que no ciclo 20/21 ocorra uma moagem ainda melhor. A chuva chegou e eu acho que ela chegou em tempo. A cana já está bem melhor. As usinas plantaram muita cana. Temos o caso da Serra Grande que já estava contratando para plantio”, frisou Torres.
Conab
O 1º Levantamento da Safra 20/21 de cana-de-açúcar, divulgado, esta semana, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com as estimativas para a próxima moagem, aponta que Alagoas deverá ter um incremento na produção, passando de 292 mil hectares em 19/20 para 295,2 mil hectares.
Segundo a Conab, as condições climáticas registradas, até o momento, estão favoráveis ao desenvolvimento da cultura da cana no Estado, ampliando a perspectiva de aumento de produção, que deve passar dos 17,5 milhões de toneladas.
Quanto à destinação da cana-de-açúcar colhida, o estudo aponta que o setor deve promover um maior direcionamento à fabricação de açúcar em relação ao etanol, podendo gerar mais de 1,6 milhão de toneladas do primeiro subproduto, além de 332,1 milhões de litros do biocombustível.
De acordo com o documento, a previsão para o início da moagem em Alagoas seria a partir de agosto. Contudo, o estudo reforça ainda que as unidades industriais estão planejando suas estratégias considerando as oscilações de mercado e os possíveis impactos econômicos causados pela pandemia do coronavirus.
NORDESTE
Já no Nordeste o levantamento aponta que é estimado um crescimento de 2% na área plantada. Quase todos os estados produtores da região sinalizaram aumento em suas áreas colhidas, fazendo com que a estimativa chegasse a 861,4 mil hectares.
Contudo, é esperada uma redução na produtividade média de 3,5% e na produção de 1,6%, resultando em um volume 1,1% menor em comparação a moagem 19/20, totalizando 48,4 milhões de toneladas.