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Agronordeste muda realidade do campo

Orientações dos técnicos de campo já produzem avanços significativos na horticultura, avicultura e bovinocultura de leite

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O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Alagoas (Senar/AL) já atendeu 300 produtores rurais na primeira etapa do Programa Agronordeste. Conduzido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entre outras instituições, o programa tem o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico e social sustentável do meio rural na região Nordeste.

Os 300 produtores atendidos pelos técnicos de campo programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG – do Senar Alagoas, nesta primeira fase do Agronordeste, estão em seis municípios: Estrela de Alagoas, Jaramataia, Olho D’Água das Flores, Major Izidoro, Delmiro Gouveia e Água Branca. O plano de ação tem duração de dois anos, com a meta de atingir positivamente 1.157 propriedades no estado.

O Agronordeste foi lançado no último mês de outubro e é voltado para pequenos e médios produtores que já comercializam parte de sua produção, mas ainda encontram dificuldades para expandir o negócio. Além de gerar mais renda e emprego na região onde vivem os agricultores, o programa se junta a outras ações já executadas pelo ministério, como Programa de Aquisição de Alimentos, regularização fundiária, Selo Arte, promoção da irrigação, indicação geográfica, equivalência de sistemas de inspeção de produtos de origem animal (Sisbi) e combate à doenças e pragas (febre aftosa, peste suína clássica e mosca das frutas).

Entre os objetivos do programa estão aumentar a cobertura da assistência técnica, ampliar o acesso e diversificar mercados, promover e fortalecer a organização dos produtores, garantir segurança hídrica e desenvolver produtos com qualidade e valor agregado.

“O Agronordeste é muito importante para viabilizar cada vez mais a existência e a permanência dos produtores nordestinos em suas atividades. Em Alagoas, ele é de suma importância, principalmente, para a região do semiárido. Não dá mais para acreditar que as práticas dos nossos avós e pais continuarão dando certo. Qualificação é uma questão de sobrevivência e o programa nos fortalece neste sentido também”, avalia o presidente da Faeal, Álvaro Almeida.

Lançado nacionalmente, em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, o Agronordeste foi implantado em 230 municípios dos nove estados do Nordeste, além de Minas Gerais, divididos em 12 territórios, com uma população rural de 1,7 milhão de pessoas.

Agronordeste tem atuação em oito municípios de Alagoas
Agronordeste tem atuação em oito municípios de Alagoas | Foto: Divulgação

Problemas

Em Alagoas, os técnicos de campo do Senar encontraram diversos problemas, como pragas e doenças que estavam dizimando hortas na cidade de Olho D’Água das Flores. “Alguns produtores tinham perdido praticamente 100% da produção. Com o auxílio dos técnicos, utilizando métodos simples, 60% da produção foi recuperada em um período de 20 dias”, observa a coordenadora de ATeG do Senar Alagoas, Luana Torres.

A agricultora Maria das Virgens Venâncio, 44 anos, está entre os produtores beneficiados. Em menos de um mês, a sua plantação de couve, que havia sido devastada pela lagarta ou curuquerê da couve, foi totalmente recuperada. A solução foi uma armadilha feita com cascas de ovo de galinha. “Achei que não ia funcionar, mas coloquei, todo dia eu ia olhar e as borboletas já estavam menos. Foi assim que a minha plantação de couve se recuperou”, relembra.

Engenheira agrônoma e técnica de campo responsável pelos atendimentos em Olho D’Água das Flores, Tatiana Salvador explica como a armadilha funciona. “Na fase adulta, como borboleta, a curuquerê não se aproxima do plantio para depositar seus ovos, pois as cascas de ovo indicam a presença de pássaros, que são predadores naturais de suas larvas”, diz.

Já no município de Delmiro Gouveia, o principal problema era o baixo desenvolvimento das mudas, que, após três meses de trabalho intensivo dos técnicos de campo, começaram a se desenvolver de forma saudável.

“Ter um técnico que possa tirar dúvidas do produtor rural e dar sugestões sobre sua propriedade e as atividades que ele desenvolve é a melhor coisa já aconteceu. Muitos produtores estão se sentindo mais seguros agora para produzir e aumentar suas atividades”, avalia Sidney Rocha, supervisor de Assistência Técnica e Gerencial do Senar AL.

A mudança no manejo das aves de postura também foi importante para que o valor nutricional dos ovos aumentasse. A reforma e limpeza dos galinheiros, a detecção de aves com coriza, a implementação de protocolos de vacinação e a aquisição de novas aves foram ações adotadas pelos produtores após o início das visitas e orientações dadas pelos técnicos de campo do Senar Alagoas.

Programa foi lançado em outubro passado na sede da Faeal
Programa foi lançado em outubro passado na sede da Faeal | Foto: Divulgação

Pecuária

O Programa Agronordeste também registra avanços para a bovinocultura de leite. “O cenário encontrado era a ausência de manejo sanitário, de linha de ordenha, de dados zootécnicos, informações sobre custos de produção e algumas outras deficiências. Hoje, a realidade dessas propriedades é completamente diferente. Sistemas de ordenha, planejamento forrageiro, organização da dieta dos animais foram metodologias implementadas; testes para detectar mastite são aplicados nos animais e protocolos de sanidade animal fazem parte do manejo”, ressalta Luana Torres.

As anotações diárias em tabelas com indicadores de atividade e a coleta de indicadores técnicos são a estratégia para suprir a carência de dados existentes. Os dados coletados referem-se ao preço do leite, peso dos animais, porcentagem de sobras da alimentação do rebanho, venda ou compra de animais, entre outros indicadores.

Trabalho técnico também beneficia o desenvolvimento da pecuária
Trabalho técnico também beneficia o desenvolvimento da pecuária | Foto: Divulgação

Pandemia

As dificuldades enfrentadas por produtores e técnicos de campo no início do processo, em virtude da pandemia de covid-19, foram solucionadas com uso de máscaras, álcool em gel, luvas e respeitando-se o distanciamento social. “Tomamos muitos cuidados. Quando algum técnico está com sintomas ou dificuldade de realizar o atendimento presencial, ele é realizado de forma virtual”, diz Sidney Rocha.

Para Luana Torres, os resultados alcançados já eram esperados no planejamento do programa, devido à competência, responsabilidade e compromisso de todos os envolvidos. “Os técnicos realizam atendimentos de forma personalizada, pois as propriedades assistidas possuem realidades diferentes. Outro fator importante foi a parceria dos municípios, houve a mobilização de algumas secretarias municipais de agricultura”, pontua a coordenadora de ATeG do Senar Alagoas.

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